Sabe-se que a gravidez na adolescência aumenta os riscos de complicações de saúde tanto para a gestante quando para o bebê.
Agora, um amplo estudo realizado no Canadá aponta que mulheres que tiveram filhos nessa faixa etária têm maior probabilidade de morrer antes dos 31 anos de idade.
A gestação nessa idade é geralmente indesejada e eleva a propensão a abandono escolar, depressão, emprego precário e abuso de drogas lícitas e ilícitas, o que contribui para casos de suicídio ou estilo de vida mais arriscado.
O Brasil está longe de enfrentar satisfatoriamente o problema, que atinge sobretudo regiões e estratos mais pobres.
Segundo levantamento da Unicef, o índice mundial de filhos nascidos de mães entre 15 e 19 anos de idade em 2022 era de 42 por 1.000 —e de 2 a cada 1.000 entre aquelas de 10 a 14 anos. No Brasil as taxas são de 43 e 2, respectivamente.
Nossos números são muito superiores aos da Europa, o que seria de esperar, e também piores do que os de vizinhos como Chile (19 e 1) e Uruguai (29 e 1).
Aqui, em 2023, 2,4 milhões de jovens entre 14 e 19 anos e 13,3 mil meninas com menos de 14 deram à luz. Nordeste (91.288 e 5.044) e Norte (49.734 e 3.216) têm os números mais altos —contudo a primeira região tem 26,9% da população do país, e a segunda, só 8,5%.
Os dados mostram a importância de facilitar o acesso a contraceptivos na rede básica de saúde, mas há mais a fazer.
A educação sexual, exigida para o recebimento de verbas federais do Programa Saúde na Escola, foi excluída como condicionante sob Jair Bolsonaro (PL). No ano passado, ela foi reincorporada, o que levou a reações da ala mais conservadora do Congresso.
Tanto OMS quanto Unicef preconizam a disciplina no currículo escolar. Um quinto das brasileiras que engravidam na adolescência não sabe como evitar a concepção e volta a fazê-lo antes dos 18 anos.
Governos em todas as esferas precisam articular ações interdisciplinares, com foco em localidades mais precárias, para conter essa mazela que afeta a saúde física e mental de crianças e adolescentes.
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