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O que a Folha pensa guerra israel-hamas

A guerra e a Palestina

Mais países reconhecerão Estado árabe, mas terrorismo está entre os obstáculos

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Bandeiras da União Europeia em frente ao prédio da Comissão Europeia, em Bruxelas (Bélgica) - Joan Geron/Reuters

Espanha, Irlanda e Noruega prometeram reconhecer oficialmente a Palestina como Estado soberano. Não se trata de iniciativa banal neste momento em que a guerra na Faixa de Gaza prossegue sem horizonte de paz —percepção aqui tragicamente avivada pela morte do brasileiro Michel Nisenbaum, feito refém pelo terrorismo do Hamas.

As decisões dos três países europeus se dão em meio à hesitação da região em adotar uma posição coesa sobre o tema, motivo também de conflito interno nas Nações Unidas. A coexistência de dois Estados, israelense e palestino, é defendida por esta Folha.

Em abril, os EUA vetaram o reconhecimento do segundo, que contava com 12 votos favoráveis no Conselho de Segurança da ONU, três a mais do que o necessário. A Assembleia Geral reagiu retoricamente neste mês ao aprovar, com 149 votos, resolução que pede ao conselho a revisão de sua negativa.

Demover Washington, idealmente sob a Presidência do democrata Joe Biden, depende sobretudo de uma concertação sólida do Ocidente. A Europa é obviamente parte essencial desse processo, embora o movimento dos três países tenha por ora mais o efeito de reforçar as pressões sobre Israel.

Como bloco, a União Europeia aferra-se aos termos do Acordo de Oslo, de 1993, que prevê a solução de dois Estados independentes, democráticos e soberanos. Mas apenas 8 de seus 27 membros reconhecem a Palestina, conta que subirá para 10 com Espanha e Irlanda.

Ao menos três fatores pesam nessa indefinição: a histórica incerteza sobre o papel do Hamas e outros grupos terroristas e da frágil Autoridade Palestina na consolidação do novo Estado; a guinada de Israel para a extrema direita sob Binyamin Netanyahu; os traumas acumulados ao longo de sete meses de guerra em Gaza.

Da brutal origem no terror do Hamas em Israel aos ataques bélicos de Netanyahu contra civis em Gaza, o conflito aprofunda ódios atávicos. O fracasso da negociação internacional sobre um cessar-fogo deve-se também a esse sinistro.

Não há dúvidas de que, quanto mais coesa a UE esteja em favor da criação de um Estado Palestino, maior será seu poder de pressão.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste editorial citou erroneamente a Noruega como membro da União Europeia. O texto foi corrigido.

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