Na última semana, os direitos reprodutivos das mulheres foram colocados em questão em pelo menos três eventos de grande repercussão no noticiário e nas redes sociais.
O primeiro foi a revelação de que uma menina de 11 anos de idade, grávida após estupro, havia sido induzida a desistir do aborto legal por uma juíza em Santa Catarina. Desde 1940 o aborto é permitido no Brasil para casos de gravidez resultante de estupro ou quando a vida da gestante está em risco.
Após a ampla repercussão do caso, revelado pelo The Intercept, a criança finalmente teve acesso ao aborto, realizado pelo Hospital Universitário de Florianópolis. A esse ponto, já caminhava para a 29ª semana de gestação e havia sido colocada em um abrigo, afastada da mãe.
Ainda na semana passada, a Suprema Corte dos EUA suspendeu o direito constitucional ao aborto, ao revogar a chamada decisão Roe vs Wade, de 1973. A sentença não proibiu a prática, mas abriu espaço para que cada um dos 50 estados adotasse vetos locais.
Onze estados já baniram a prática, inclusive em casos de estupro, incesto e nos quais a gravidez coloca em risco a saúde da mulher. Estima-se que mais estados passem a integrar essa lista.
A mudança deve afetar especialmente mulheres mais pobres de estados conservadores, uma vez que elas têm menos condições para viajar até outro estado onde o procedimento é autorizado.
A terceira notícia de grande repercussão foi a relevação da atriz Klara Castanho, 21, de que engravidou após um estupro, manteve a gravidez, mas entregou o bebê para a adoção.
A atriz revelou a situação em uma carta aberta no Instagram motivada, segundo ela, pela repercussão de "pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e um trauma" que ela sofreu.
Na carta, ela detalhou que, ainda sob o efeito da anestesia do parto, uma enfermeira entrou na sala cirúrgica e a ameaçou com o vazamento de informações sobre a situação.
Os casos são exemplos não apenas de questionamentos legais a direitos femininos já estabelecidos –mostraram que a sororidade, um dos pilares do feminismo, também está sendo colocada à prova, com mulheres usando seu espaço de poder para atacar outras mulheres.
A Folha quer saber como você, leitora, se sente diante desses acontecimentos. Como a sociedade pode corrigir essas injustiças? Como resgatar a solidariedade e o apoio entre as mulheres?
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