'São Paulo é uma mãe que abraça e cobra', diz leitor; leia relatos sobre a cidade

Capital, que completa 470 anos nesta quinta (25), é vista de diferentes formas por leitores da Folha

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São Paulo

A cidade de São Paulo completa 470 anos nesta quinta-feira (25). São quase meio milênio de histórias e memórias, boas e ruins. Conhecida por seu ritmo frenético e seus dias nublados, com um tempo imprevisível – de manhã é verão, à noite é inverno – e uma mistura de culturas, São Paulo é o lar de milhões de brasileiros (e de muitos estrangeiros).

Para comemorar a data, a Folha perguntou aos seus assinantes qual lugar representa mais a cidade. Inevitavelmente, a maioria das respostas citou a "avenida Paulista", cartão postal e ponto turístico da capital.

Para a servidora pública Vanessa Silva Carvalho, 46, a avenida é um espelho da cidade, com características melhoradas. "Possui uma beleza urbana que não encontramos em outros locais: a rua aberta aos domingos, atraindo gente de vários perfis, classes e regiões da cidade."

Outras, porém, expõem os sentimentos daqueles que vivem a – e na – cidade:

"São Paulo representa sonhos, paradoxos, diversidade. São Paulo é uma mãe que abraça e cobra…", diz o médico Lucas Cardoso Santos, 31, de São Paulo. "É bela, feia, frenética, calma, rica, pobre… É um pedaço do mundo! Amo muito essa cidade que me escolheu! É uma cidade imprevisível para ser degustada em cada esquina! Viva 470 anos, rumo aos 500 anos!"

Vista aérea da avenida São João, centro paulistano, via em que duas linhas do VLT, do projeto Bonde São Paulo, irão se integrar - Edson Lopes Jr./SECOM

Assim como ele, o advogado e ator Marcos Barbosa, 52, também se sente acolhido por São Paulo. À Folha ele conta que chegou na cidade vindo do interior aos 17 anos. "Fui morar na rua General Jardins, no centro, numa quitinete junto com meu irmão Clovis, três anos mais velho. O que mais me marcou ali foi a 'Love Story' e suas noites sem precedentes para um menino do interior de SP."

A paulistana e secretária aposentada Vera Fátima Fernandes, 73, tem carinho pela cidade em que nasceu: "Cidade onde nasci, cresci, estudei, trabalhei e fiz inúmeros amigos. É a minha casa."

Para os que moram em São Paulo, o cenário repleto de prédios, as grandes avenidas, as milhares de linhas de ônibus e o metrô são coisas do dia a dia. Os lugares escondidos, que fogem da estética cosmopolita, porém, são sempre uma surpresa.

É o que diz o desenvolvedor de sistemas Rogério dos Santos Fernandes, 31. Sua lembrança favorita de São Paulo é "andar de bicicleta pelas margens da represa Guarapiranga com minha esposa, até me deparar sem querer com uma travessa e um restaurante alemão extremamente aconchegante chamado Kleine Gasse. Essa cidade sempre reserva suas surpresas".

São Paulo é diversa, composta por muitos ecossistemas. Zona norte, zona sul, zona oeste, zona leste, além das particularidades de cada uma delas: viver nessa cidade é conhecer um pouco de tudo, mas ser apegado a locais específicos.

Para o escritor Bruno Rosik, 33, de São Paulo, esse lugar é o bairro do Tatuapé, "com seus bares, barraquinhas de cachorro-quente, dois shoppings colados um no outro e a loucura que é às 6 da tarde".

O lugar que representa São Paulo para Fábio Micael dos Santos Guedes, 18, de Guarulhos (SP), é a praça da Sé. "Com a belíssima catedral, exprime a riqueza cultural e religiosa com a qual nosso país foi estabelecido", diz o auxiliar de serviços gerais.

70 anos da Catedral da Sé: Vista da Catedral da Se no centro de São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

"Sem sombra de dúvidas, para mim, o lugar que melhor representa São Paulo é o Museu do Ipiranga e o Parque da Independência ao seu redor. Como paulistano nascido no Ipiranga, o museu faz parte das memórias da minha primeira infância", conta o estudante João Victor Vilasbôas Pereira, 19, de Palmares Paulista (SP). "Há anos já não resido na capital, mas a conexão permanece. Inclusive, aumentou a medida em que me apaixonava por história e literatura, na escola."

O designer belo-horizontino Heider Reis, 37, que atualmente mora na cidade, diz que São Paulo representa um recomeço. "Em SP me reencontrei, voltei à vida. Me reconectei com o que era e sonhava ser. A cidade, o movimento, as possibilidades, iluminam sobre mim tudo aquilo que um dia foi jogado de escanteio na sombra da depressão!" Em meio aos elogios, lembra que São Paulo não é um conto de fadas, muito menos um mar de rosas.

Com isso, Juliana Rodrigues, 45, de Joinville (SC) concorda. Para a psicóloga, São Paulo é "a sobrevivência diante das principais mazelas sofridas pelos seres vivos deste planeta". O paulistano e intérprete Giuliano Guiari, 35, vai na mesma linha, e diz que a cidade é "uma grande repartição pública onde a função é mais importante que a beleza ou o conforto".

Confira outras respostas enviadas à Folha sobre memórias da cidade de São Paulo e o que ela representa para os leitores.

Um amor inabalável e uma paixão eterna sem limites. São Paulo de todos os povos, coração do Brasil!
Aliomar Costa, 68, aposentado (São Paulo, SP)

Memoria positiva foi assistir e sorrir no teatro Bravos com Nany People no Centro Cultural Ache e visitar o mercado municipal ouvindo música boa. Negativo foi o taxista de um ponto fixo não ter ido ao hotel nos buscar. Ver policiais com armas afastando assediadores na Rua 25 de Março. Ver grande confusão em avenida em direção ao bairro Pinheiros. Ver centenas de motoboys e a polícia prejudicando o tráfego e gerando tarifa alta do táxi. E de ter sido enganado num posto Ipiranga próximo a marginal Tietê. Golpe do óleo baixo.
Edgard Barros, 70, economista aposentado (Rio de Janeiro, RJ)

Ia ao centro da cidade nos ônibus da CMTC e ficava torcendo para quando passasse em frente ao Shopping Ibirapuera estivesse decolando ou pousando um avião Electra da Varig, pois naquele ponto os aviões passam em baixa altitude e onde morava, ainda que sob a rota de pouso ou decolagem dos aviões na época, eles passavam já muito alto. Gostava de ouvir o barulho daqueles 4 motores turboélice.
Cláudio Renner, 47, geógrafo (Embu das Artes, SP)

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