É falsa a afirmação que circula no WhatsApp e em rede sociais como Facebook e Twitter de que imagens da manifestação da campanha #EleNão, em protesto contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que aconteceu no centro do Rio de Janeiro seriam antigas porque um prédio que teria desabado anos atrás estaria visível em algumas fotos.
O prédio apontado nessas imagens, o Edifício Capital, nunca desabou: o acidente, ocorrido em janeiro de 2012, afetou três prédios vizinhos, o Liberdade, o Treze de Maio e o Colombo, que não aparecem nas imagens do protesto na Cinelândia.
Fotos feitas por veículos como O Globo e Estado de S. Paulo circulam com várias versões da mensagem falsa. Uma das mais frequentes diz: “Foto do Globo de Hoje mostrando a Cinelândia cheia... ao fundo o prédio que desabou a seis anos atrás, intacto!!! Kkkk AINDA BEM QUE ELES SÃO BURROS”.
Para confirmar a veracidade da foto original, o projeto Comprova realizou uma busca pelas imagens do Google Street View da região.
O desabamento ocorreu no dia 25 de janeiro de 2012 na Av. Treze de Maio. Localizado atrás do Theatro Municipal do Rio, o edifício Liberdade tinha 20 andares, e com seu desabamento, também foram ao chão os vizinhos Edifício Treze de Maio e Edifício Colombo, com quatro e dez andares, respectivamente.
As imagens mais antigas do Google Street View são de junho de 2011, e mostram os três prédios como eram antes do desabamento. A próxima atualização, de novembro de 2013, exibe o terreno sem os prédios —mas com a área cercada— e o edifício vizinho, o Edifício Capital, já com a pintura atual.
O registro mais recente, de maio de 2016, mostra a região de forma bem mais similar ao que vemos nas fotos divulgadas pelos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.
Algumas das mensagens falsas que viralizaram chegam até a confundir os fundos do Theatro Municipal do Rio com o Edifício Colombo. Entretanto, o prédio ficava na esquina da Av. Treze de Maio com a Rua Manuel de Carvalho, enquanto o teatro está do outro lado da rua.
Os primeiros questionamentos sobre a veracidade das imagens do protesto #EleNão no Rio de Janeiro surgiram logo após a divulgação das fotos pelos veículos jornalísticos. Usuários no Facebook publicaram a desinformação, atingindo algumas centenas de compartilhamentos. Até a publicação deste texto, um dos posts que divulgaram a informação falsa no Twitter tinha 1.139 retuítes. Memes com a peça de desinformação também foram encontrados pelo Comprova no Monitor do WhatsApp, ferramenta desenvolvida pela UFMG.
O próprio jornal O Globo, um dos alvos das mensagem falsa, desmentiu a informação em seu site. O Boatos.org também contestou os posts que duvidaram das fotos.
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