A maioria dos brasileiros aprova os trabalhos da Operação Lava Jato, de acordo com pesquisa do Datafolha.
Levantamento nacional feito pelo instituto nos dias 2 e 3 de abril aponta que 61% dos entrevistados consideram o andamento da operação ótimo ou bom. Outros 18% entendem que o desempenho é regular, e 18% o avaliam como ruim ou péssimo.
A operação completou cinco anos em março, mês em que também mirou um dos principais líderes políticos do país: o ex-presidente Michel Temer (MDB). Ele ficou quatro dias preso em decorrência de investigação promovida pelo braço fluminense da Lava Jato.
O Datafolha fez 2.086 entrevistas em 130 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O apoio à operação, que foi deflagrada no Paraná em 2014 e que desde então gerou desdobramentos pelo Brasil e nas instâncias superiores do Judiciário, é maior entre homens e entrevistados com renda familiar acima de cinco salários mínimos. Mas cai entre os jovens de 16 a 24 anos.
No recorte regional, o índice de ótimo/bom sobe no Sul, onde atinge 69%, e desce no Nordeste (53%).
Há uma tendência de apoio maior entre simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Entre aqueles que dizem que o PSL é seu partido preferido, a taxa de ótimo/bom chega a 91%.
Mesmo entre eleitores do petista Fernando Haddad, o apoio continua alto: vai a 44%. Haddad substituiu na chapa do PT na eleição de 2018 o ex-presidente Lula, principal preso da operação e um de seus maiores críticos.
O mesmo levantamento do Datafolha registrou, porém, uma certa frustração dos entrevistados em relação ao combate à corrupção. O índice de entrevistados que acham que esse problema irá diminuir no país foi de 58% em dezembro passado para 35% agora.
No mês de aniversário da operação, os investigadores sofreram um de seus principais reveses desde que ela foi deflagrada. O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que casos que tratam de crimes eleitorais com elos com corrupção devem tramitar na Justiça Eleitoral, e não na Justiça Federal, como vinha acontecendo. Para procuradores, isso pode prejudicar as apurações e até provocação a anulação de sentenças.
Outra situação de embate com autoridades da Lava Jato foi a decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, de determinar a abertura de um inquérito sobre ameaças e denunciações caluniosas contra integrantes da corte. A investigação poderia atingir procuradores da operação críticos a posicionamentos dos juízes do Supremo.
Nos primeiros meses de 2019, além de Temer, a operação no Paraná prendeu dois alvos do PSDB: o ex-governador paranaense Beto Richa e o engenheiro Paulo Vieira de Souza, apontado como operador do partido. Além disso, o ex-presidente Lula (PT) foi novamente condenado em primeira instância, no caso do sítio de Atibaia (SP), por decisão da juíza Gabriela Hardt, que permaneceu de maneira interina à frente da operação em Curitiba.
O apoio popular majoritário à Lava Jato já havia sido registrado em pesquisas anteriores do instituto.
Em abril de 2018, por exemplo, 84% dos entrevistados disseram que a operação deveria continuar. Em julho de 2016, 62% dos entrevistados consideraram ótimo ou bom o trabalho de Sergio Moro, à época juiz responsável pelos casos da Lava Jato no Paraná. Ele deixou o posto no ano passado para assumir o Ministério da Justiça.
Assumiu o cargo o juiz curitibano Luiz Antonio Bonat, que vai julgar processos pendentes na Vara Federal de Curitiba e autorizar novas etapas da investigação.
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