Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Até segunda-feira está no cargo, diz Bolsonaro sobre ministro do Turismo

Presidente diz que se reunirá com Moro para discutir caso e que determinou apuração em todos os partidos

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Osaka (Japão) e Brasília

Em suas primeiras manifestações após a prisão de três aliados de Marcelo Álvaro Antônio, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que vai analisar o caso do ministro do Turismo assim que voltar ao Brasil e que, caso haja algo robusto, tomará providências.

"Até segunda-feira está [no cargo]. Até segunda-feira os 22 são ministros", respondeu o presidente à pergunta sobre se Álvaro Antônio continuará no posto.

As prisões foram feitas pela Polícia Federal em decorrência das investigações das candidaturas laranjas do PSL, partido do presidente, caso revelado pela Folha em fevereiro.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Marcelo Álvaro Antonio
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Marcelo Álvaro Antonio - Pedro Ladeira - 11.abr.19/Folhapress

​Bolsonaro está em viagem ao Japão e deve chegar ao Brasil neste domingo (30). Ele disse que no dia seguinte se reunirá com o ministro Sergio Moro (Justiça), a quem a PF está subordinada.

"Por enquanto não tem nada, uma vez tendo, como conversado com Moro lá atrás, qualquer coisa mais robusta contra uma ação irregular de um ministro, as providências vão ser tomadas da nossa parte."

O presidente disse que já determinou ao ministro que amplie as investigações para todos os partidos que tenham tido exemplos de candidatas que receberam alto volume de recursos públicos eleitorais, com votação ínfima, clássico indicativo de que as campanhas foram de fachada.

"Determinei à PF que investigue todos os partidos onde candidatas receberam quantidades enormes e tiveram votos mínimos. Tem que valer para todo mundo. Não ficar fazendo pressão em cima do PSL para tentar me atingir", afirmou o presidente, em entrevista coletiva, dizendo haver casos tão ou mais graves em outras legendas.

Mais cedo, Bolsonaro deu declarações semelhantes à rádio Jovem Pan.

"Existem em quase todos os partidos pessoas dessa maneira [votações ínfimas, apesar do recebimento de grande volume de verba de campanha]. Agora, você não pode simplesmente atirar em cima do PSL", afirmou. 

"Quero, sim, que amplie esse processo, que se punam os culpados e se mostre realmente todos aqueles que receberam recursos enormes e depois tiveram uma votação diminuta. Obviamente, o grande indicador é que houve alguma coisa de errado por ocasião da campanha desse candidato", completou, na entrevista à rádio.

Desde que o caso das candidaturas laranjas do PSL veio à tona, Bolsonaro tem dito que aguarda o avanço das investigações para tomar alguma medida.

A repercussão do episódio já resultou na saída de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência.

O então ministro, que comandou o PSL em 2018, disse na ocasião que as revelações não haviam resultado em uma crise dele com Bolsonaro, mas acabou sendo desmentido publicamente pelo vereador Carlos Bolsonaro. O presidente ficou ao lado do filho e demitiu o ministro. 

A polícia também investiga esquema de laranjas no PSL de Pernambuco, estado do presidente nacional da sigla, o deputado Luciano Bivar.

Também em reportagem de fevereiro, a Folha mostrou que candidatos com votações pífias receberam ao menos R$ 15 milhões em dinheiro público dos fundos partidário e eleitoral.

O cruzamento de dados da Justiça Eleitoral mostrou 53 candidatos —sendo 49 mulheres— que receberam mais de R$ 100 mil para financiar suas campanhas, mas saíram das urnas com menos de mil votos.

Eles pertencem a 14 diferentes partidos, com predomínio do Pros, PRB, PR, PSD e MDB.

O uso de mulheres nessa situação se dá porque a lei exige que pelo menos 30% dos recursos públicos sejam direcionados às candidaturas femininas.

A principal suspeita é a de que parte desses recursos seja desviada para outros candidatos ou para proveito próprio, por meio das laranjas.

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