Descrição de chapéu Ao Vivo em Casa

'Lula faz parte dos 70%, queira ele ou não', afirma coordenador de grupo pela democracia

Representantes de movimentos defenderam pluralidade e retorno à base para garantir engajamento

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São Paulo

Representantes dos movimentos pela democracia que surgiram nas últimas semanas defenderam movimentos plurais e diversos para garantir engajamento da população. Eles se reuniram nesta terça-feira (16) no Ao Vivo em Casa, série de transmissões que a Folha está promovendo durante a pandemia.

O debate teve mediação da jornalista Camila Mattoso, editora do Painel.

O advogado Pierpaolo Bottini, do Basta!, o economista Eduardo Moreira, do Somos 70%, e Alê Youssef, do Estamos Juntos, foram os entrevistados. Os três concordam que a prioridade dos movimentos é estabelecer um denominador comum que englobe os defensores da democracia, independentemente da coloração política.

O esforço dos coordenadores não evitou críticas e polêmicas, nas últimas semanas, sobre eventuais signatários. Em uma delas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não tem mais idade "para ser maria vai com as outras".

"Eu, sinceramente, não tenho condições de assinar determinados documentos com determinadas pessoas", afirmou em reunião do PT do dia 1º de junho.

Sobre isso, Eduardo Moreira, do Somos 70%, disse: "O Lula faz parte dos 70%, queira ele ou não queira". O economista não vê o grupo como um movimento, e sim como uma constatação matemática —por isso, nem sequer tem um manifesto. Ele chegou ao nome observando pesquisas de opinião.

Segundo o Datafolha, 67% acham o governo péssimo, ruim e regular. A porcentagem se repete entre aqueles que rejeitam a aproximação com o centrão e até aumenta quando se fala em armar a população: 72% discordam de frase de Bolsonaro sobre o assunto.

"Eu tenho um ótimo relacionamento com o presidente [Lula] e entendo o momento que ele passa. No final das contas, é uma negociação. (...) Ignorar uma fala dessa do Lula, eu acho besteira, mas condicionar a existência de um movimento desse à existência do Lula, eu também acho besteira", afirmou Moreira. "Ele fala com legitimidade pelas camadas mais baixas da população brasileira."

Já o advogado Pierpaolo Bottini, do Basta!, ponderou as críticas que o ex-presidente teceu. "Não assinar, ok, mas criticar essa movimentação da sociedade civil?", afirmou.

Bottini representou o movimento que teve início com uma reunião de amigos advogados em meio a um dos confrontos de Bolsonaro com o STF. Em poucos dias, o manifesto tinha 700 assinaturas. Hoje, já conta com a assinatura, por exemplo, de um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

"A gente briga politicamente e ideologicamente dentro de uma arena, mas não queremos perder essa arena. Então a gente vai se juntar para, pelo menos, preservar esse local onde a gente possa fazer a nossa discussão democrática", afirmou.

Alê Youssef, do Estamos Juntos, discorreu no mesmo sentido.

"Todos podem assinar o nosso manifesto, sem exceção, desde que concordem com aquilo que a gente está defendendo. O nosso limite é a Constituição", disse, sobre uma eventual assinatura do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro. Seu eventual apoio também foi alvo de polêmicas nas últimas semanas.

"Se A ou B de grandes nomes da política assinarem, eles serão signatários, eles não serão líderes. Não serão condutores de movimento algum", afirmou.

"A gente tem que ter a compreensão de que a luta pela democracia não vai se dar com uma frente ampla que seja só de um partido ou da esquerda. A gente precisa de muito mais amplitude", afirma. "Obviamente, nós estamos em luta contra a desigualdade social e pela inclusão social. Para resolver a nossa maior vergonha nacional que é a desigualdade social, tão imposta nesse momento."

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