Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Autoridades e políticos desejam melhoras a Bolsonaro; oposição pede reflexão sobre a pandemia

Presidente afirmou nesta terça (7) que contraiu o novo coronavírus, mas que está 'perfeitamente bem'

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Brasília e Salvador

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que contraiu o novo coronavírus, políticos e autoridades desejaram pronta recuperação ao chefe do Executivo. Ex-aliados e opositores, contudo, ressaltam que a doença é uma oportunidade para Bolsonaro refletir sobre a gravidade da pandemia.

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, desejou, por meio de nota, melhoras para o chefe do Executivo e destacou que "somente um processo de pacificação cicatrizará as feridas deixadas por essa pandemia".

"Desejamos o pronto restabelecimento do presidente Jair Bolsonaro e dos demais brasileiros que enfrentam hoje a Covid-19, que já tirou 66.868 vidas no Brasil. Em nome pessoal e do Poder Judiciário, trabalhamos pela vida e pela paz",​ disse.

Toffoli destacou que uma sociedade livre "não se constrói com ódio e intolerância, mas com respeito à diversidade, elemento essencial à convivência democrática".

O ministro Gilmar Mendes, do STF, também se solidarizou com o presidente. Por meio das redes sociais, ele ressaltou que "todos estamos expostos aos riscos dessa grave doença".

"Registro meus votos de muita saúde e pronta recuperação ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Vivemos um momento bastante difícil em que a sociedade deve se unir em torno de um espírito maior de solidariedade", afirmou.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que torce pela recuperação e pediu que ele reveja seu posicionamento sobre a prevenção. Desde o início da crise mundial do coronavírus, Bolsonaro tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos da pandemia.

“Torcemos pela recuperação e que ele reflita sobre prevenção”, afirmou, completando: “Mais uma confirmação de que a doença está com circulação extremamente ativa”, disse o ex-ministro à GloboNews.

Também ex-aliados do presidente, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel se solidarizaram.

“Sobre a informação de que o presidente testou positivo para Covid-19, só cabe desejar a ele plena recuperação”, afirmou Moro pelas redes sociais.

Witzel desejou ao presidente "pronta recuperação" em suas redes sociais. "Também fui atingido pela Covid-19 e, seguindo as recomendações médicas, estou certo de que ele irá se recuperar brevemente", escreveu.

O presidente confirmou nesta terça-feira (7) que contraiu o novo coronavírus. De máscara, ele fez o anúncio em entrevista a emissores de TV no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro decidiu realizar o teste na segunda (6) após sentir sintomas leves: febre baixa e tosse. Ele tem 65 anos, idade dentro do grupo de risco à doença. “Estou perfeitamente bem”, afirmou.

Adversário, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aproveitou para instigar o presidente. "Que ele siga as orientações da medicina e, em breve, esteja restabelecido."

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse esperar que o presidente não se paute por bravatas e siga as recomendações da ciência no tratamento da doença.

“Espero que ele não utilize para cuidar da saúde nenhuma das bravatas que ele utilizou neste período. Se seguir a recomendação da ciência, com certeza vai se recuperar em poucos dias. A melhor forma de recuperar a saúde é não usar ideologia e política, mas o bom senso e a ciência”, afirmou.

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirmou que, independentemente da questão partidária, deseja pronto restabelecimento ao presidente. “[Espero] que ele não passe pelo que milhares de brasileiros passaram nos últimos meses.”

No Congresso, Bolsonaro recebeu apoio de aliados e opositores.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou esperar que ele rapidamente retome as atividades. “É importante que a gente tenha o presidente organizando o governo, organizando a pauta, dialogando com os outros Poderes e com a sociedade”, afirmou, em videoconferência com investidores.

Para Maia, o debate sobre a negação do vírus “já está superado”. “Então nós vamos ter que conviver com o vírus enquanto a vacina não estiver pronta para ser utilizada. Enquanto isso, mais do que a gente ficar confrontando posições, é a gente tentar sentar numa mesa e ver o que nos une”, disse.

Ele afirmou que vai fazer um exame para saber se contraiu a doença. Maia esteve com Bolsonaro na semana passada.

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso e agora adversária, criticou o presidente e pediu que ele aja com responsabilidade.

“Bolsonaro descuidou de sua saúde, boicotou o uso de máscara e o isolamento social. Foi irresponsável com ele e com os outros. Está com o coronavírus e certamente contaminou muitos outros. Agora o mínimo que tem que fazer é ficar isolado até que se cure. Seja responsável, presidente”, disse.

Líder do PSOL na Câmara, a deputada Fernanda Melchionna (RS) afirmou que o presidente, mesmo após o resultado positivo para o novo coronavírus, insiste no “discurso genocida” de que coronavírus é como outra doença qualquer.

“Insiste em propagar remédio que não tem evidência científica comprovada e diz que o aumento da morte de pessoas em casa é porque ‘o pânico também mata’”, escreveu, em uma rede social.

Seu correligionário, o deputado federal Marcelo Freixo afirmou que acionou o Ministério Público Federal para que Bolsonaro responda por supostos crimes contra a saúde pública. "O presidente violou os artigos 131 e 132 do Código Penal ao retirar a máscara durante a entrevista em que anunciou que está com o coronavírus", escreveu em suas redes sociais.

Já o deputado federal Enio Verri (PR), líder do PT na Câmara, ressaltou que, desde o início da pandemia, o presidente “minimizou e desdenhou de um mal que já matou mais 65 mil brasileiros, cuja maioria não teve as condições de proteção do presidente, que estimulou a circulação das pessoas, consequentemente, a do vírus”.

O líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) aproveitou a confirmação do presidente da República de que está com Covid-19 para criticar o veto de Bolsonaro ao uso de máscaras em alguns locais públicos, como igrejas e comércio.

“Bolsonaro promoveu aglomerações. Vetou a obrigatoriedade das máscaras. Minimizou os efeitos da Covid-19 diante de mais de 65 mil mortos. Hoje, após anúncio de seu teste positivo, tirou a máscara e expôs os jornalistas. De tão aliado do coronavírus, Bolsonaro e ele viraram um só”, disse.

Apesar da crítica, o senador de oposição desejou melhoras à saúde do presidente.

“Mas, assim como para os milhares de brasileiros infectados, desejamos o restabelecimento da saúde de Bolsonaro.”

A líder do Cidadania, senadora Eliziane Gama (MA), disse que espera que o presidente aproveite este momento para refletir sobre seus posicionamentos em relação à doença. Ela desejou que ele se recupere rapidamente.

"O diagnóstico do presidente da República revela a importância do isolamento e do uso de máscara, prevenção que ele sempre se recusou a fazer”, afirmou.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também já contraiu coronavírus, não se manifestou. Além de Alcolumbre, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), Nelsinho Trad (PSD-MS) e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), já foram contaminados pela doença.

“Esta doença é perigosa e traiçoeira, e já levou a vida de milhões de brasileiros. Fui vítima da Covid, e em instantes, o quadro pode se tornar muito grave! Solidariedade”, escreveu o líder do PT em uma rede social. ​

Derrotado por Bolsonaro na última eleição presidencial, Fernando Haddad (PT) também se manifestou. "Lamento pelos mais de 1,6 milhão de infectados e pelo fato de termos entre nós o pior gestor de crise do mundo. Desejo que todos se restabeleçam, inclusive Bolsonaro. Aos familiares dos que se foram em meio ao descaso do governo, meus sinceros sentimentos", escreveu em suas redes sociais.

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