Ministério Público acusa Paulo Preto e filhas de lavar dinheiro por meio de hotel

Denúncia é apresentada por força-tarefa de SP um dia depois de pedido coletivo de demissão

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São Paulo

O Ministério Público Federal em São Paulo apresentou denúncia nesta quinta-feira (3) contra o ex-diretor da estatal paulista Dersa Paulo Vieira de Souza, a ex-mulher dele e duas filhas sob acusação de lavagem de dinheiro.

A acusação dos procuradores afirma que ele usou um hotel da família e uma firma de administração de patrimônio para ocultar recursos desviados da estatal.

A denúncia foi protocolada pelos procuradores da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, os mesmos que pediram para sair do grupo nesta quarta-feira (2). Eles solicitaram prazo para um período de transição dos trabalhos.

A peça também aparece assinada pela procuradora Viviane Martinez, pivô do pedido de demissão, com quem o grupo da Lava Jato se desentendeu.

Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, é suspeito de ser operador do PSDB durante gestões do partido no governo estadual.

Ele foi preso pela Lava Jato paranaense no início de 2019, mas, em março passado, conseguiu ir para prisão domiciliar por causa do novo coronavírus.

A denúncia desta quinta afirma que as contas bancárias do hotel Giprita, em Ubatuba (litoral norte de São Paulo), eram usadas para dissimular as origens de dinheiro ilegal. O Ministério Público afirma que a ex-mulher Ruth Souza e o gerente da hospedaria criavam hospedagens fictícias para justificar a entrada de recursos nas contas.

Também diz que que foram firmados contratos falsos de prestação de serviços para justificar repasses feitos por empresas dos operadores Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, ambos alvos da Lava Jato no Paraná.

Os valores obtidos pelo hotel eram encaminhados para a empresa P3T Empreendimentos, que tem as filhas Priscila e Tatiana como sócias, e então utilizados pela família.

As duas também são proprietárias do hotel, que tinha Paulo Preto no quadro societário até 1999.

Os procuradores mencionam como prova notas fiscais que mostram que um só quarto teria sido ocupado por 19 adultos.

O Ministério Público levanta suspeitas sobre o volume de recursos em espécie recebido pelo hotel e relaciona isso ao histórico do ex-diretor de suposto arrecadador de propinas de empreiteiras em obras em São Paulo.

Crimes envolvendo diretamente as construtoras, porém, não são tratados nessa denúncia.

A peça menciona a aquisição pela família de carros de luxo, de uma lancha e de um apartamento de uma das filhas, que custou R$ 1,5 milhão.

A Folha procurou a defesa de Paulo Preto, que disse apenas que vai se manifestar nos autos.

O suspeito de ser operador foi condenado duas vezes em primeira instância em São Paulo. Em uma das ações, ele foi sentenciado pela juíza Maria Isabel do Prado a 145 anos de prisão, maior condenação da Lava Jato, pelas práticas dos crimes de formação de quadrilha e peculato (desvio de dinheiro público).

No entanto essa condenação foi anulada pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Reynaldo Soares da Fonseca. O ministro determinou que a ação voltasse à fase das alegações finais. O Ministério Público Federal ainda recorre dessa decisão.

Em outro processo, Paulo Preto foi condenado sob a acusação de fraude em licitações e formação de cartel nas obras do trecho sul do Rodoanel.

Em 2018, ele chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto após habeas corpus concedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

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