Descrição de chapéu senado

Barrado pelo Supremo, Alcolumbre quer escolher candidato à sua sucessão em lista de PSD, DEM e PP

Presidente do Senado diz a aliados que definirá nome antes de conversa com Bolsonaro, que deve ocorrer até esta quarta (9)

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Brasília

Impedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de disputar a reeleição para o cargo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), fez uma lista preliminar com seis nomes de PSD, DEM e PP e, dela, vai definir quem apoiará na disputa pelo comando da Casa. A eleição ocorre em fevereiro.

Nessa lista de Alcolumbre não há menção a nenhum senador do MDB, partido de onde deve sair o nome apoiado pelo Palácio do Planalto.

Segundo auxiliares de Jair Bolsonaro (sem partido), hoje os favoritos do presidente são os líderes do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

O STF barrou na noite do último domingo (6) a possibilidade de reeleição de Alcolumbre e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O placar ficou em 6 a 5 contra a reeleição de Alcolumbre e 7 a 4 contra a de Maia. Para a maioria dos ministros, a recondução é inconstitucional.

A Constituição proíbe os chefes das Casas de tentarem a reeleição no posto dentro da mesma legislatura —a atual começou em fevereiro de 2019 e vai até fevereiro de 2023.

Aos que indagaram Alcolumbre sobre a possibilidade de ingressar com um recurso no STF, o senador respondeu que não vai trabalhar para reverter a decisão porque, como presidente do Congresso, precisa respeitar o Judiciário.

Bolsonaro chamou Alcolumbre para uma conversa, que ocorreu nesta própria terça-feira (8). Aliados do senador dizem que ele ficou bastante decepcionado com o comportamento do Planalto ao longo do julgamento no Supremo.

Por causa da articulação do governo para impedir a possibilidade de reeleição de Maia como presidente da Câmara, o presidente do Senado, aliado do Planalto, se sentiu abandonado.

Na lista de Alcolumbre estão Antonio Anastasia (PSD-MG), Nelsinho Trad (PSD-MS), Lucas Barreto (PSD-AP), Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Marcos Rogério (DEM-RO) e Daniella Ribeiro (PP-PB).

Irmã do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que tenta se cacifar para presidir a Câmara, Daniella está licenciada desde o fim de setembro por motivos pessoais e retorna em janeiro. Ela entrou na lista de Alcolumbre não exatamente por ser do PP, mas por ser mulher.

Segundo uma pessoa próxima a Alcolumbre, o presidente do Senado quer definir o nome de seu candidato antes da conversa com Bolsonaro. A intenção é estar preparado para reagir, caso o chefe do Executivo peça apoio a seu ungido.

Segundo assessores palacianos, antes mesmo de o julgamento definir que a recondução do senador era inconstitucional, Bolsonaro já avaliava uma espécie de plano B para a disputa legislativa em caso de derrota de Alcolumbre no Judiciário.

Alcolumbre estava em Macapá cuidando da eleição do irmão, Josiel (DEM), que tenta se eleger prefeito, e retornou a Brasília na noite de segunda-feira (7). Desde então, tem visitado senadores em seus apartamentos funcionais para conversas individuais. Empenhado na missão, não chegou nem a presidir a sessão desta terça-feira (8) no Senado.

A estes interlocutores ele tem dito que não deixará de conversar com ninguém, inclusive do MDB, mas que não aceitará nenhuma imposição do Planalto.

Na legenda, além dos dois líderes do governo, têm interesse na cadeira de presidente do Senado o líder da sigla na Casa, Eduardo Braga (AM), e Simone Tebet (MS), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Tebet tentou se candidatar há dois anos, mas foi derrotada dentro do próprio partido por Renan Calheiros (MDB-AL), que acabou perdendo para Alcolumbre.

Auxiliares do presidente do Senado ponderam que os nomes defendidos por ele não são diretamente ligados ao Planalto, mas têm diálogo com o governo e identidade com a pauta econômica.

Também se colocam na disputa nomes como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Major Olímpio (PSL-SP) e Marcos do Val (Podemos-CE).

Senadores apontam resistência de parte da Casa a nomes que tiverem o carimbo do governo, o que deixa a sucessão em aberto.

No início da semana, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), telefonou para o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), propondo um acordo: o PP apoiaria o MDB na disputa pelo Senado se, em troca, o MDB apoiasse a candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL) na Câmara. De acordo com relato feito à Folha, Baleia não se comprometeu.

Já o presidente do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador, entrou em contato com Rodrigo Maia pedindo que o deputado viabilizasse um nome de correligionário para sucedê-lo. A aliados pré-candidatos, porém, Maia afirmou que manteria o acordo de apoiar um deles, não forçando um nome de sua própria legenda.

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