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Plano contra Moro tinha bunker como cativeiro ou estoque de armas, diz Dino

Polícia Federal faz ação contra PCC após descobrir plano para atacar autoridades

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São Paulo

O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta quarta-feira (22) que a Polícia Federal encontrou evidências da montagem de bunkers no Paraná para sequestrar ou guardar armas para preparar o assassinato do senador Sergio Moro (União Brasil).

Dino afirmou que as investigações começaram há cerca de 45 dias a partir de comunicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O senador Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro do governo Bolsonaro
O senador Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro do governo Bolsonaro - Pedro Ladeira - 28.fev.23/Folhapress

Dino declarou que está "havendo mau-caratismo" por parte de políticos que estão associando falas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Moro com a operação da PF.

"É vil, é leviana, é descabida qualquer vinculação desses eventos com a política brasileira. Fico espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria", disse o ministro, em entrevista pouco antes de participar de evento do Instituto dos Advogados de São Paulo.

Nesta terça, Lula e Moro voltaram a troca farpas. Lula relembrou que, durante o período em que esteve preso em Curitiba, costumava falar para procuradores que iam visitá-lo que iria "foder esse Moro". O senador em seguida rebateu Lula e disse que o presidente quer se vingar do povo brasileiro.

"Investigação essa que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo. Não se pode pegar isoladamente uma declaração de ontem, ontem literalmente, e vincular a uma investigação que tem meses", completou o ministro.

Em relação aos possíveis ataques a Moro, Dino afirmou que há cenários sob análise da Polícia Federal, como a ideia de extorsão mediante sequestro e de homicídios. "Não temos ainda a definição completa disso, porque é a análise do material que vai revelar", disse.

O ministro da Justiça afirmou que chamou a atenção o fato de haver montagem de estruturas no Paraná "para perpetração de crimes". "Havia compartimentos sendo preparados em casas, compartimentos falsos, paredes falsas. Esses compartimentos poderiam ser desde para armazenar armamentos, drogas, como também para guardar pessoas. A Polícia Federal só vai poder concluir isso daqui a algumas semanas."

Indagado sobre a motivação dos criminosos, o ministro disse que ainda não é possível saber e afirmou que "aparentemente é uma ação nacional, de um lado de retaliação, em face de agentes públicos vários, aí envolvendo ele próprio [Moro], o Ministério Público, agentes policiais de vários estados, e obviamente uma ação de intimidação em relação ao conjunto das autoridades públicas".

Dino disse que há um objetivo de cunho terrorista na ação investigada, pois ela tem o "sentido de intimidar o aparelho estatal mediante retaliação no conjunto de agentes públicos".

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta quarta uma série de diligências para desarticular um plano da facção criminosa PCC que pretendia realizar ataques contra autoridades.

São cumpridos 24 mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva e quatro de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. Ao menos nove já foram presos, sendo seis homens e três mulheres, todos em São Paulo. Dois dos suspeitos continuam foragidos.

A ação foi batizada de Sequaz e, diz a PF, tem por objetivo desarticular o grupo que "pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro, em pelo menos cinco unidades da federação".

Como ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Moro atuou na transferência de vários chefes do PCC, entre eles Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, para o sistema penitenciário federal.

O principal chefe do PCC foi transferido do sistema penitenciário estadual de São Paulo para a penitenciária federal em Brasília em fevereiro de 2019. Meses depois, seguiu para uma unidade federal em Rondônia e depois retornou para a capital federal.

Além dele, outros 21 integrantes da cúpula da facção foram transportados naquele momento em um avião das Forças Armadas a partir do aeroporto da vizinha Presidente Prudente (SP) para a transferência.

Os ataques contra Moro e outras autoridades, de acordo com a apuração, ocorreriam de forma simultânea, e os principais alvos estavam em São Paulo e no Paraná. Em São Paulo, o alvo era o promotor Lincoln Gakiya, que atua há anos em investigações sobre a atuação do PCC.

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