Descrição de chapéu Folhajus ataque à democracia

PF diz ao STF que vídeos do 8/1 somam mais de 4.400 horas de gravação

Nove funcionários do GSI que aparecem nas cenas foram ouvidos em depoimentos neste domingo

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Brasília

A Polícia Federal enviou um comunicado ao STF (Supremo Tribunal Federal) neste domingo (23) em que informa ter coletado 4.410 horas de filmagens dos circuitos internos de segurança do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e do próprio Supremo no dia dos ataques às sedes dos Poderes.

Os arquivos somam 1,47 terabytes. Outras 129 gigas de imagens foram capturadas na internet pelos investigadores.

"Os vídeos foram encaminhados para os Institutos de Criminalística e Identificação Nacional e estão sendo realizadas as perícias e análises para as deliberações pertinentes", disse a PF.

Vândalos bolsonaristas fazem barricada na praça dos Três Poderes durante invasão ao Palácio do Planalto - Gabriela Biló-8.jan.23/Folhapress

Como a Folha mostrou, a PF utiliza uma mistura de inteligência artificial e trabalho manual dos policiais para identificar os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) envolvidos nos ataques aos Poderes, em 8 de janeiro.

Apesar de o material ser usado pela perícia para identificação de quem cometeu crime, a equipe responsável diretamente pela investigação dos atos de vandalismo não analisou a íntegra das gravações.

"Informo que foi solicitada ainda dia 19/04/2023 a apresentação de laudo pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística) a fim de identificar e reconhecer as movimentações e dinâmica de ações dos agentes públicos, neste compreendidos também as identidades destes", reforça a PF.

O documento é uma resposta à decisão do ministro Alexandre de Moraes. Na sexta-feira (21), o magistrado determinou que a PF prestasse informações acerca do recolhimento das imagens.

Na decisão, Moraes disse que a apuração não está restrita aos "indivíduos e agentes públicos civis e militares que criminosamente pretenderam causar ruptura do Estado democrático de Direito", mas também prevê a identificação das condutas de agentes civis e militares que, por ação ou omissão, foram "coniventes ou deixaram de exercer suas atribuições legais".

"Para elucidação das responsabilidades criminais dos envolvidos nos crimes objeto desta investigação, é necessária a vinda aos autos de todas as imagens que auxiliem na identificação dos responsáveis", concluiu o ministro.

Na resposta, a PF ainda diz que foram ouvidos 81 militares que atuaram no dia 8 de janeiro, tendo sido selecionados os de patente igual ou superior a sargento do Exército.

Os depoimentos foram tomados todos no mesmo dia, em 12 de abril. Dentre os intimados, prestaram esclarecimentos os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes (ex-comandante Militar do Planalto), Carlos Feitosa Rodrigues (ex-secretário de segurança do Planalto) e Carlos José Russo Assumpção Penteado (ex-número 2 do Gabinete de Segurança Institucional).

Além dos 81 militares ouvidos, a Polícia Federal colheu depoimentos de nove funcionários do GSI neste domingo —alguns deles pela segunda vez. Todos eles aparecem nas imagens gravadas pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto em 8 de janeiro.

No grupo estão o general Carlos Feitosa Rodrigues e o capitão José Eduardo Natale Pereira, que aparece nas imagens dando água para os manifestantes. Ainda foram intimados a depor os coronéis Wanderli Baptista da Silva Júnior, Alexandre Santos de Amorim e André Garcia Furtado, os tenentes-coronéis Alex Marcos Barbosa Santos e Marcus Vinicius Bras de Camargo, o capitão Adilson Rodrigues da Silva e o sargento Laércio da Costa Júnior.

A maioria dos militares ouvida pela Polícia Federal não tinha advogados, e poucos contaram com auxílio da assessoria jurídica do Exército —segundo relatos feitos à Folha, o objetivo era acalmar praças e oficiais de baixa patente e explicar os procedimentos legais que envolvem o processo.

O grupo foi dividido em dois para os depoimentos, com parte indo à PF às 10h e outro chegando às 14h. A primeira leva depôs por cerca de três horas, com término às 13h.

A segunda bateria de depoimentos, com quatro militares do GSI, teve duração semelhante, iniciando-se às 14h e terminando por volta das 17h.

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