Descrição de chapéu PL das Fake News

Líderes religiosos fazem contraponto à bancada evangélica e defendem PL das Fake News

Grupo mais alinhado a pautas progressistas expõe na Câmara posição favorável a projeto

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Brasília

Líderes religiosos mais alinhados a pautas progressistas se reuniram na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (2) para declarar apoio à aprovação do PL das Fake News, posição contrária ao que a bancada evangélica, de maioria conversadora, vem defendendo nos últimos dias.

A votação do projeto, prevista para esta terça-feira (2), pode ser adiada diante das chances de o texto ser rejeitado pelo plenário.

Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), para um encontro a sós no Palácio da Alvorada. Lira permaneceu no local por cerca de 45 minutos.

Protesto de grupo Avaaz pede regulamentação das redes sociais, no gramado em frente ao Congresso - Pedro Ladeira/Folhapress

Integrante da base de apoio a Lula, o deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) afirmou que o projeto zela pela liberdade religiosa, está maduro para votação e não apresenta margem ou interpretação cabível para censura. "Quem está dizendo isso ou está desinformado ou agindo de má intenção", disse.

"Lamento que determinadas lideranças evangélicas no Parlamento estejam pouco preocupadas com a democracia, com as nossas escolas, com as nossas crianças e adolescentes. E ainda dizendo que a liberdade religiosa será interditada", completou Vieira, que não compõe a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara. Ele teve apoio da atriz e empresária Paula Lavigne.

O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda, afirmou que as plataformas digitais "não podem pautar um país inteiro" e disse que apoia o PL da Fake News.

"O Brasil é um país soberano. Nós precisamos dizer que as plataformas digitais não serão um campo selvagem, não serão um campo que ninguém sabe o que está acontecendo", disse Gondim, teólogo e apontado como pastor progressista.

Para Fellipe dos Anjos, pastor ligado à tradição Batista, "há religiosos que querem deslegitimar o PL 2630 para continuar usando o discurso religioso, a crença e a fé para produzir violência neste país".

"Estamos aqui para dizer: não em nosso nome, não em nome do evangelho", afirmou Anjos, pesquisador da Universidade Metodista de São Paulo. "Parem de apelar à religiosidade, à fé, à crença para deslegitimar o avanço da democracia no país."

Estavam também presentes na Câmara e falaram com imprensa Sérgio Dusilek (Igreja Batista Marapendi), bispa Marisa (bispa emérita da Igreja Metodista), frei Lorrane (Ordem Franciscana dos Frades Menores) e pastora Camila Oliver (Igreja Batista Nazareth, Aliança de Batistas do Brasil).

O Pastor Henrique Vieira e o deputado Abílio Brunini (PL-MT) protagonizaram uma discussão durante a entrevista. Brunini se aproximou do grupo e disse que as lideranças religiosas defensoras do PL das Fake News não representam o segmento evangélico e que se prestam a papel "vergonhoso".

Na semana passada, o projeto começou a enfrentar resistência crescente entre a bancada evangélica. No sábado (29), o presidente da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso, deputado federal Eli Borges (PL-TO), afirmou que o grupo fará orientação contrária à aprovação do PL.

Ele disse, em nota divulgada, que a frente enxergou com preocupação o relatório de Orlando Silva (PC do B-SP), ainda que ele tenha incluindo sugestões da bancada, mas afirmou que "o texto mantém em suas regras diversos dispositivos que penalizam a pluralidade de ideias e sobretudo os valores cristãos".

No mesmo dia, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, disse que o partido também votará contra o projeto e que, mesmo com as sugestões acatadas, "o texto continua ruim".

"O Republicanos votará não, não porque acredita que precisa ter uma regulamentação, tem que ter, sim, uma regulamentação sobre o assunto. Mas não esta que está sendo proposta no momento", afirmou Pereira.

A decisão é importante porque, na aprovação do regime de urgência por 238 a 192, a sigla foi fundamental, com 29 votos em favor da tramitação mais rápida.

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