Descrição de chapéu Folhajus TSE

Bolsonaro já fala em injustiça do TSE, ignora golpismo e diz que nunca atentou contra democracia

Ex-presidente embarcou para Rio de Janeiro na manhã desta quinta-feira (29)

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Brasília e Rio de Janeiro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (29) que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) comete uma injustiça com ele e que não cometeu nada de concreto contra a democracia.

A declaração foi dada antes do terceiro dia de julgamento que pode deixá-lo inelegível até 2030.

O placar é de 3 a 1 contra o ex-presidente, dependendo de apenas mais um voto para a formação de maioria pela inelegibilidade. Faltam votar outros 3 integrantes do tribunal: Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.

A sessão do TSE foi interrompida e será retomada nesta sexta-feira (30), a partir das 12h.

O ex-presidente Jair Bolsonaro em entrevista a jornalistas no aeroporto de Brasília antes de embarcar para o Rio de Janeiro - Gabriela Biló - 29.jun.23/Folhapress

"É uma injustiça comigo, meu Deus do céu. Me aponte algo de concreto que fiz contra a democracia, joguei dentro das quatro linhas tempo todo", disse, ao embarcar para o Rio de Janeiro.

Bolsonaro afirmou ainda que "até gente da esquerda" classifica o julgamento como absurdo. "Estão procurando pelo em ovo. O que que eu errei numa reunião com embaixadores, meu Deus do céu?"

Questionado se considera haver injustiça, completou: "Eu não, todo mundo acha que é injustiça".

Bolsonaro chegou a dizer que conversou com dois senadores de esquerda e que eles teriam dito que não concordavam com o processo eleitoral, mas não quis dar nomes.

O ex-presidente voltou a defender a sua prerrogativa enquanto chefe do Executivo de ter realizado a reunião com embaixadores, motivo pelo qual a ação do PDT pede a sua inelegibilidade no TSE. O partido é do então candidato à Presidência, Ciro Gomes.

Questionado em Brasília sobre a "bala de prata" que ele disse à Folha ter para 2026, Bolsonaro evitou entrar em detalhes e afirmou acreditar na isenção "da maioria" dos magistrados da corte.

"Bala de prata é pro futuro, se por ventura acontecer. Aquilo que eu espero que não aconteça. Ainda conto com a isenção da maioria dos integrantes do TSE."

Após Bolsonaro desembarcar no aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio, houve troca de provocações e xingamentos entre apoiadores e opositores do ex-presidente que circulavam pelo terminal. Após uma pessoa gritar "mito", outra rebateu com "na cadeia" e "golpista".

Em entrevista, Bolsonaro voltou a negar participação em planos de golpe de Estado e, questionado sobre um eventual pedido de vista no julgamento no TSE, disse que "gostaria" que isso ocorresse.

"Não vou negar para você, porque dá mais tempo", afirmou. "Acredito até o último segundo na isenção e num julgamento justo, sem revanchismo por parte do TSE."

O ex-presidente ainda comentou um possível pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, por ele ter sido indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Não conversei com ele [Nunes Marques] esses dias, não conversei. Tenho certeza que ele vai ser isento e fará o que for possível para mostrar que não tenho culpa, não cometi nenhum crime me reunindo com embaixadores", afirmou.

Bolsonaro também foi questionado nesta quinta sobre a ação de apoiadores que pediu doações via Pix nos últimos dias para pagar multas judiciais de que foi alvo.

Segundo ele, o valor arrecadado já é suficiente para a quitação dos processos. O ex-mandatário, contudo, não detalhou o montante levantado nas doações.

"Já foi arrecadado o suficiente para pagar as atuais multas e a expectativa de outras multas", disse. "O valor, a gente vai mostrar brevemente. Eu agradeço a contribuição."

O ex-presidente disse que a ação foi "algo espontâneo da população" e que o Pix "nasceu" no seu governo.

O sistema eletrônico de pagamentos entrou em vigor em 2020, durante o mandato de Bolsonaro, mas começou a ser pensado ainda na gestão de Michel Temer (MDB).

Bolsonaro deve viajar a Belo Horizonte ainda nesta quinta, para acompanhar velório de Alysson Paolinelli, que foi ministro da Agricultura de 1974 a 1979, no governo de Ernesto Geisel, na ditadura militar.

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