Descrição de chapéu Governo Lula

Lira se reúne com Lula na iminência de emplacar primeiro aliado na Esplanada

Esse foi o segundo encontro entre os dois políticos neste mês; o primeiro foi no dia 5

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se reuniu na tarde desta sexta-feira (16) com o presidente Lula (PT) no Palácio do Alvorada. A reunião, que durou pouco mais de uma hora, foi marcada após cancelamento da agenda do petista em Rio Verde (GO) e ocorreu na iminência de o presidente da Casa emplacar o seu primeiro aliado na Esplanada dos Ministérios.

A confirmação do deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) para o lugar de Daniela Carneiro no Ministério do Turismo representará o ingresso prático de Lira no primeiro escalão do Executivo.

O presidente da Casa é o principal líder do centrão e foi o responsável pela base de apoio ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele tem feito declarações públicas criticando a articulação política do Executivo com os parlamentares.

Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira
Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira - Adriano Machado/Reuters

Nas redes sociais, o presidente da Câmara afirmou que "não se falou de mudanças no ministério" do petista.

No entanto, segundo relatos de aliados de Lira, os dois conversaram sobre a indicação de Sabino pela União Brasil para o Ministério do Turismo e das perspectivas de negociações para o espaço que o centrão poderá ter ao se aproximar do governo —o grupo cobiça o Ministério da Saúde também.

O Palácio do Planalto ainda tenta convencer Daniela a pedir demissão da pasta do Turismo e, com isso, evitar desgaste do presidente Lula com aliados no Rio de Janeiro. Marido da ministra, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, apoiou o petista na campanha eleitoral.

Daniela, porém, tem dito a ministros que não tem a intenção de pedir demissão. O governo acredita que esse é uma forma de ela pressionar pela liberação de cargos e emendas que Waguinho tem pedido a ala política do Planalto como compensação pela troca no Ministério do Turismo.

Está na mesa a demanda por nomeações na Secretaria de Patrimônio da União (SPU) no Rio de Janeiro, além de cargos em hospitais federais no estado (que, por ora, estão com indicações do PT) e na Companhia Docas do Rio de Janeiro.

Por causa desse impasse, ainda não está certo que Lula irá trocar Daniela por Sabino até terça-feira (20) —antes de viajar para a Europa. O petista deve se encontrar com o cotado para a pasta neste sábado (17) em evento no Pará, domicílio eleitoral de Sabino.

Na segunda (19), há a expectativa de que o próprio presidente participe de reunião com o líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), o senador Davi Alcolumbre (AP) e o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE).

No caso do Ministério da Saúde, o presidente resiste em substituir Nísia Trindade, por considerá-la uma indicação técnica. A pasta é desejada pelo centrão, mas ainda não há perspectiva de que essas negociações avancem.

A ideia do grupo de Lira é indicar um médico ou médica. Para tentar avançar nas conversas com o governo, aliados de Lira querem propor que um consórcio de partidos possa apadrinhar um ministro da Saúde que seja do setor, em vez de indicar diretamente um parlamentar para o comando da pasta. Essa é uma demanda de siglas como o PP, de Lira, além da União Brasil e uma ala do Republicanos.

Segundo Lira, no encontro com o presidente, foram discutidas "pautas para o crescimento do país", sobretudo a reforma tributária e o projeto de lei que trata do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Há uma expectativa que o PL seja apreciado no plenário da Câmara na quarta-feira (21).

"Tratamos do bom momento da economia brasileira, a intenção de trabalharmos juntos pelo país, e as recentes aprovações de matérias pela Câmara dos Deputados com esse objetivo", escreveu Lira.

Segundo relatos, ficou acertado que os dois deverão voltar a se encontrar quando retornarem de viagens ao exterior.

Lira escreveu ainda que ouviu de Lula "a intenção de reduzir o envio de MPs [medidas provisórias], um anseio do Congresso Nacional".

O rito da tramitação das MPs no Congresso se tornou motivo de disputa entre Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Lira e deputados defendem modelo adotado durante a pandemia da Covid-19, no qual as matérias eram analisadas diretamente no plenário da Câmara e depois do Senado, sem passar por análise em comissão mista (formada por deputados e senadores). Já Pacheco e senadores defendem a instalação de comissões.

Essa foi a segunda reunião entre os dois políticos neste mês —o primeiro foi no último dia 5. Em entrevista à CNN Brasil, Lira afirmou que os dois trataram de uma "arrumação mais efetiva da base do governo na Câmara e no Senado".

O encontro ocorre também em meio a possibilidade de o PP entrar formalmente no governo federal. Aliados de Lula afirmam que as conversas nesta sexta-feira podem girar em torno disso. Segundo assessoria de imprensa de Lira, trata-se de uma "visita institucional".

Mais cedo nesta sexta, Lira recebeu uma visita do ministro Paulo Pimenta (Secom). Ele também esteve com o ministro Rui Costa (Casa Civil) na quinta (15).

O presidente da Câmara vem cobiçando o Ministério da Saúde. Para tentar avançar nas negociações com o governo, aliados de Lira avaliam propor que o PP possa apadrinhar um ministro da Saúde que seja do setor, em vez de indicar diretamente um parlamentar para o comando da pasta.

O centrão quer que o Executivo abra espaço na Esplanada para acomodar integrantes de legendas como PP, União Brasil e, ainda que incerto, o Republicanos.

Em evento mais cedo, no entanto, o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou que a discussão sobre reformulação ministerial não cabe a pastas como a da Saúde por se tratar de uma indicação técnica.

"Não está em discussão em relação ao Ministério da Saúde a composição partidária. Tem outros ministérios que foram discutidos com a composição partidária, que é parte da democracia, se faz na democracia. O ministério do Turismo é um exemplo disso", afirmou Padilha.

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