Nunes tem superexposição na TV em esforço para popularizá-lo

Prefeito aparece em propagandas do MDB e da União Brasil; prefeitura também pôs campanhas no ar

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São Paulo

A gestão Ricardo Nunes (MDB) tem vivido dias de superexposição na TV aberta em meio aos esforços no sentido de popularizar a imagem do prefeito e torná-lo mais conhecido para a tentativa de reeleição.

Nunes protagoniza anúncios da propaganda partidária do MDB, que começou a ser exibida no dia 5 e vai até a quarta-feira da próxima semana (21). Nos vídeos, com estética semelhante à de campanhas eleitorais, ele exalta obras, asfaltamento e construção de unidades de saúde.

A Prefeitura de São Paulo também tem veiculado publicidade institucional para divulgar serviços e iniciativas. Na segunda (5), dia de estreia das peças do MDB, chegaram a ser transmitidas no mesmo intervalo uma propaganda do partido e outra da administração comandada por seu filiado.

O prefeito Ricardo Nunes em propaganda partidária do MDB
O prefeito Ricardo Nunes em canteiro de obras na propaganda partidária do MDB - Reprodução

Ainda desconhecido de parte da população e sem uma marca consolidada, Nunes busca ampliar sua visibilidade e se tornar mais competitivo. Como parte da estratégia para fortalecê-lo, o MDB deu destaque a ele nas cinco inserções diárias a que tem direito nas redes de TV e rádio.

A propaganda partidária gratuita foi recriada no ano passado. As emissoras são obrigadas a levar as peças ao ar das 19h30 às 22h30, às segundas, quartas e sextas. A exibição é definida em calendário do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), com tempo distribuído conforme o tamanho de cada legenda.

Os partidos podem ainda criar peças diferentes para cada região do estado e do país. O MDB optou por veicular na capital as propagandas estreladas por Nunes, enquanto no interior outros políticos da sigla aparecem nas imagens.

Segundo estrategistas do partido, a exibição constante na TV é uma alavanca importante para que Nunes se torne mais conhecido. Eles afirmam ainda que o objetivo da comunicação, seja do partido ou da prefeitura, deve ser o de prestar contas sobre o que o emedebista tem feito na administração.

No horário nobre da TV Globo na quarta (7), por exemplo, o MDB mostrou Nunes para a capital cinco vezes. Ele apareceu para espectadores das novelas da noite, do Jornal Nacional e do futebol.

Não houve nessa noite exibição de campanha da gestão. Os vídeos oficiais costumam mencionar apenas a Prefeitura de São Paulo, sem alusões explícitas ao prefeito ou a seu partido.

Até mesmo as propagandas de partidos aliados têm servido para dar um empurrãozinho no projeto eleitoral do emedebista. As inserções da União Brasil, na segunda quinzena de maio, trouxeram políticos como o vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal, vocalizando o nome do prefeito.

Ele dizia no material que em São Paulo a sigla "trabalha com o prefeito Ricardo Nunes" e que juntos recuperaram "o potencial de investimentos da cidade".

Com um jingle animado e cores vibrantes, a publicidade do MDB que exalta Nunes foi criada por Duda Lima, marqueteiro que fez a campanha de TV de Jair Bolsonaro (PL) em 2022. O PL faz a intermediação para que Lima seja contratado pelo prefeito para assessorá-lo no ano que vem.

Os anúncios, de 30 segundos cada um, expõem em letras grandes o nome de Nunes e seu cargo. A música diz que "o trabalho do MDB faz São Paulo melhorar" e que o atual prefeito "sabe cuidar".

Nas cenas, ele circula sorridente por canteiros de obras, enquanto diz: "Nós conhecemos os problemas da cidade. Nos preparamos. Estamos com um grande programa de obras". No encerramento, a mensagem do partido é de incentivo a novas filiações, com o slogan "venha pro MDB".

Já as peças da prefeitura são pensadas pelo secretário de Comunicação, Marcello D'Angelo.

Auxiliares do prefeito e membros do MDB negam ter havido cálculo para que os dois tipos de publicidade estivessem no ar na mesma época. O pedido dos partidos ao TRE é feito com meses de antecedência.

Segundo especialistas em direito eleitoral consultados pela reportagem, a exibição concomitante da propaganda da prefeitura e do anúncio do partido estrelado por Nunes não aparenta irregularidade. Além de o material do governo ter tom impessoal, o período eleitoral ainda está distante.

Uma das propagandas mais recentes da prefeitura é sobre a Operação Baixas Temperaturas, que busca proteger pessoas em situação de rua. O locutor diz que o governo intensifica o trabalho nos dias de frio e informa que pedidos de acolhida devem ser feitos com ligação para o número 156.

Também já foram ao ar conteúdos sobre a Virada Cultural, programas como o Mãe Paulistana e para divulgar as "centenas de obras simultâneas" de infraestrutura, com pavimentação de vias e construção de moradias, viadutos e piscinões contra enchentes.

Como noticiou o Painel em abril, Nunes fez trocas em sua equipe de comunicação que refletem uma mudança de estratégia. O intuito é criar uma imagem de "obreiro", ou seja, de gestor que entregou ou deixou encaminhadas obras pela cidade.

Levantamento feito pelo gabinete de Tabata Amaral (PSB), deputada federal que pretende concorrer contra Nunes no ano que vem, mostra que a prefeitura tem hoje contratos de publicidade estimados em R$ 400 milhões. A cifra inclui valores previstos originalmente e aditamentos (reajustes).

A pessebista monitora os gastos de Nunes com comunicação e conseguiu barrar na Justiça a abertura de um edital de R$ 20 milhões para nova contratação de serviços na área. A juíza do caso considerou que o governo já dispõe de duas agências e que chamar uma terceira seria desnecessário.

Além de Tabata, a corrida tem até agora o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). A retirada da pré-candidatura do também deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), na semana passada, abriu caminho para uma união de setores da direita em torno do atual prefeito, mas o quadro ainda pode mudar.

Aliados de Nunes admitem que o desconhecimento dele —que assumiu a cadeira com a morte de Bruno Covas (PSDB), em 2021— é um entrave para 2024. Parte deles, no entanto, vê o problema como uma oportunidade para moldar a imagem do prefeito e atrair o apoio dos eleitores.

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