Padilha diz que investigações sobre Abin indicam organização criminosa sob Bolsonaro

Questionado sobre a suspeita de interferência de integrantes da atual gestão, ministro defendeu apurações

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Brasília

O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou nesta segunda-feira (29) que as investigações envolvendo a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) indicam que havia uma organização criminosa a partir do Palácio do Planalto de Jair Bolsonaro (PL).

Questionado sobre a suspeita de interferência de integrantes da atual gestão da Abin nas investigações da Polícia Federal, Padilha defendeu "a apuração sobre o envolvimento individual em todas as instituições".

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Fachada da entrada da Abin no Setor Policial Sul, em Brasília - Pedro Ladeira-20.out.2023/Folhapress

"Os processos de apuração não se restringem à Abin, envolvem todos os órgãos, sejam civis ou militares. E nós não descansaremos enquanto todos aqueles envolvidos com os crimes preparatórios do dia 8 de janeiro e o próprio 8 de janeiro sejam devidamente apurados, punidos", disse Padilha.

"Existia uma organização criminosa a partir do Palácio do Planalto do governo anterior, que envolveu várias instituições. O clima e o ódio semeados durante o governo anterior contaminaram várias instituições civis e militares. A apuração sobre o envolvimento individual em todas as instituições tem que continuar."

A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nesta segunda para avançar na investigação sobre a atuação da chamada "Abin paralela" no governo Bolsonaro. Um dos alvos é o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente.

Segundo a PF, as medidas cumpridas têm como objetivo "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin".

De acordo com as investigações, o CIN (Centro de Inteligência Nacional) —estrutura criada durante a gestão Bolsonaro e apelidada de Abin paralela— usava ilegalmente uma ferramenta israelense para monitorar a geolocalização de adversários do ex-presidente.

Entre alvos estariam os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, uma procuradora responsável pela investigação da morte de Marielle Franco e políticos como o atual ministro da Educação Camilo Santana (PT), então governador do Ceará.

Na semana passada, foram expedidos mandados de busca e apreensão contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), diretor da Abin na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido, e sete policiais federais que trabalharam na agência.

No pedido que fez ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes para a realização de operação desta quinta-feira (25), a PF afirma que "a direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação".

Nesta segunda, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que iria solicitar ao Supremo Tribunal Federal a relação de alvos monitorados. Existem suspeitas de que senadores e deputados federais foram espionados ilegalmente.

Pacheco encaminhou ofício tribunal, onde está o comando da investigação. Para embasar o pedido, ele ressaltou a gravidade da situação.

"Encaminharei ao Supremo Tribunal Federal ofício solicitando os possíveis nomes de parlamentares clandestinamente monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência, dada a gravidade que um fato dessa natureza representa."

A manifestação ocorreu depois que Carlos foi alvo de operação da PF. A investigação apontou que o filho de Jair Bolsonaro receberia informações obtidas de forma ilegal por essa "Abin paralela".

O presidente do Congresso tem adotado um estilo combativo neste caso. Na semana passada, ele emitiu uma nota dura criticando o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Colaborou o UOL

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