Troca no comando da União Brasil reforça chance de federação com PP de Lira

Luciano Bivar, que era contra essa federação, será substituído por dirigente simpático à ideia

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Brasília

A futura troca no comando da União Brasil pode facilitar o caminho para que o partido faça uma federação com o PP, avaliam integrantes da própria legenda.

Na prática, isso significa que as duas siglas andariam como uma só nas eleições tanto municipais como nacionais. Dirigentes partidários favoráveis a essa ideia ponderam, no entanto, que o assunto não deve ser resolvido no curto prazo.

O novo 1º vice-presidente do partido, ACM Neto, e o presidente eleito da União Brasil, Antônio Rueda
O novo 1º vice-presidente do partido, ACM Neto, e o presidente eleito da União Brasil, Antônio Rueda - Pedro Ladeira - 29.fev.2024/Folhapress

O principal entusiasta dessa ideia é o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), para quem fazer a junção das siglas —mas num formato diferente de uma fusão— facilitará a eleição de parlamentares no Congresso e gerará economia de dinheiro.

O plano dos dirigentes partidários é ainda mais ambicioso e prevê juntar ao grupo da federação o Republicanos.

Uma união dessas siglas colocaria no mesmo barco para 2026 o governador paulista, Tarcísio de Freitas (hoje no Republicanos e que pode disputar tanto a reeleição em SP como sair candidato ao Planalto), e o governador goiano, Ronaldo Caiado (hoje na União Brasil e pré-candidato à Presidência), além do atual presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que deixa o comanda da Casa em fevereiro de 2025.

A União Brasil surgiu da fusão do DEM (ex-PFL) e do PSL (partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente em 2018).

Nesta quinta-feira (29), os principais líderes da União Brasil aprovaram em convenção partidária uma mudança na cúpula do partido, prevendo a destituição de Luciano Bivar para colocar no lugar dele o atual vice, o advogado Antônio Rueda.

A nova chapa tomará posse em junho. Bivar, cujo mandato acaba em maio, era contra a federação. Ele não reconhece o resultado da reunião, afirma que ela não tem "efeito prático" e promete contestá-la. Apesar disso, o dirigente está isolado no partido e terá dificuldade de conseguir reverter o resultado.

A atual executiva tem 47 membros e tem quatro dos principais cargos ocupados por defensores da federação.

Entre eles estão Rueda, o segundo vice-presidente, ACM Neto (BA), o terceiro vice-presidente, Elmar Nascimento (BA), líder do partido na Câmara, e o secretário-geral, Davi Alcolumbre (AP), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

Os dois últimos são potenciais candidatos às presidências da Câmara e do Senado, respectivamente, no ano que vem.

Em outra frente, há nomes que apresentam resistência à ideia. O líder do partido no Senado, Efraim Filho (PB), sinalizou a aliados não concordar com a ideia de uma federação, da mesma forma como o deputado Mendonça Filho (PE) e o governador Caiado.

Quem resiste à ideia avalia que a federação beneficiaria sobretudo os candidatos no Congresso.

"Eu vivi um processo duro no partido, que me foi difícil em Pernambuco por conta de Bivar, arrumamos o partido hoje e agora vou inventar uma federação? Deixa eu pegar um fôlego. Em 2026 a gente pode abrir a discussão", avalia Mendonça.

Elmar, por sua vez, defendeu publicamente essa possibilidade durante o anúncio da troca da presidência da União Brasil.

"O PP é um partido irmão. Espero que a partir de amanhã a gente possa voltar a discutir a nossa federação, que é algo importante para o Brasil. Pode ser que nós possamos caminhar juntos com o PP e talvez com o Republicanos, [para] colocarmos à frente os interesses da nossa nação", afirmou Elmar.

"Posso até ser vencido na federação, mas será na política", continuou.

O anúncio da troca na cúpula da União Brasil, inclusive, contou com a presença de Ciro Nogueira e do líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ).

Caso a federação entre PP e União Brasil seja sacramentada, a aliança teria a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares (ultrapassando o PL, hoje com 97) e alcançaria a marca de 13 senadores.

Apesar disso, há membros do PP que dizem que é preciso cautela nesse movimento, diante das brigas internas da União Brasil. Há uma avaliação de que a decisão nesse sentido só será tomada se houver uma pacificação na legenda.

De acordo com relatos feitos à Folha, o PP indicou à União Brasil que poderá apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado em 2025 como parte da costura da aliança. Esse movimento diminuiu a resistência de Alcolumbre à federação, segundo esses interlocutores.

Dificilmente a decisão será tomada antes das eleições municipais de outubro, avaliam dirigentes da União Brasil.

Por outro lado, há conversas também para uma eventual federação entre PP e Republicanos. De acordo com membros do PP, isso estaria praticamente sacramentado —restando apenas decidir se há disposição para que isso ocorra já para as eleições municipais de outubro ou se ficará para depois.

Caso PP e Republicanos se unam em uma aliança, o caminho estaria pavimentado para, no futuro, se aliarem à União Brasil, formando assim uma bancada robusta no Congresso Nacional.

O objetivo dos dirigentes é formar a federação ao menos antes das eleições de 2026. O cálculo de presidentes de partidos é que hoje é gasto um volume muito grande de dinheiro com candidaturas frágeis. Ao formar federações, eles dizem que esse problema seria minimizado.

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