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Paes deixa Pedro Paulo de fora da chapa e define ex-secretário como vice no Rio

Decisão foi comunicada ao presidente Lula nesta quinta; Eduardo Cavaliere integra grupo de prefeito desde 2018

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Rio de Janeiro

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), escolheu como vice em sua chapa à reeleição o deputado estadual Eduardo Cavaliere (PSD), ex-secretário municipal da Casa Civil. A decisão foi comunicada nesta quinta-feira (1º) ao presidente Lula (PT), em reunião em Brasília, e oficializada pela campanha.

Paes preteriu o deputado federal Pedro Paulo (PSD) na disputa. Braço direito do prefeito há mais de três décadas, o favorito para a vaga ainda alimentava esperanças de ser escolhido, embora tivesse oficialmente desistido do posto em razão de um vídeo íntimo que circula entre adversários.

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O deputado estadual Eduardo Cavaliera (PSD), de branco, foi escolhido o vice na chapa de reeleição do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), de azul - eduardo.cavaliere/instagram

Cavaliere, 29, integra uma nova geração do grupo político formado por Paes após deixar a prefeitura em 2016. O deputado conheceu o prefeito durante a campanha eleitoral ao Governo do Rio de Janeiro, em 2018, e teve ascensão meteórica no círculo próximo do candidato à reeleição.

Após retornar à prefeitura em 2021, Paes o nomeou como secretário municipal de Meio Ambiente. No ano passado, assumiu a Casa Civil municipal e passou a ganhar força junto ao prefeito por ter um estilo de gestão semelhante ao do chefe. É adepto das ordens diretas e, muitas vezes, sem margens para discussão.

Em nota, Paes disse que Cavaliere "é um jovem político que, desde cedo, demonstra seu comprometimento com o Rio".

"Tenho certeza de que Cavaliere, que já ocupou com excelência os cargos de secretário de Meio Ambiente e chefe da Casa Civil na prefeitura, reúne todas as qualidades para dividir comigo a missão de governar a cidade, se a população nos conceder a honra de um novo mandato", disse o prefeito.

Paes também comentou a desistência oficial de Pedro Paulo em ocupar o cargo.

"A nossa aliança de partidos tinha à disposição da candidatura quadros muito qualificados, tanto do ponto de vista político quanto administrativo. [...] Entre eles, o deputado federal Pedro Paulo, meu amigo e aliado há 30 anos e gestor preparado para o desafio, que decidiu preservar a família da possível exploração de episódios pessoais que nada têm a ver com o debate da cidade. Sua atitude —de colocar a família em primeiro lugar— faz crescer ainda mais a minha admiração e o meu respeito por ele."

Pedro Paulo era visto por políticos fluminenses como uma escolha natural, tendo em vista sua antiga relação com Paes. Para aliados, o antigo antigo braço direito do prefeito tinha a seu favor o traquejo político que não caracteriza Cavaliere, estreante em eleições em 2022.

Na semana passada, Pedro Paulo pediu ao prefeito para não ser escalado para a vice. O objetivo, segundo integrantes da campanha, seria poupar a família e o próprio Paes da possível repercussão de um suposto vídeo íntimo que poderia ser divulgado e usado por opositores durante a campanha.

O movimento, porém, também foi lido por aliados do prefeito como um recuo temporário. Eles afirmavam que Pedro Paulo teria se antecipado à crise, deixando correr a sua versão da história do vídeo antes que a oposição pudesse usá-lo durante a campanha, divulgando uma versão que ele não poderia controlar.

Também foram cogitados pelo prefeito para o cargo o deputado estadual Guilherme Schleder, o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado e a deputada federal Laura Carneiro, todos do PSD.

A escolha de Cavaliere encerra a principal novela da pré-campanha carioca. O posto ganhou peso na composição da chapa em razão da possibilidade de Paes deixar o cargo em 2026 para a disputa do Governo do Rio de Janeiro. O vice, desta forma, governaria a cidade por mais de dois anos e meio e teria a possibilidade de reeleição em 2028.

O PT tentou pressionar o prefeito para lhe ceder o posto, mas nunca colocou o cargo como uma condição para o apoio. Paes é visto como um aliado importante no estado para a eleição presidencial de 2026.

O prefeito resistiu a ceder a vaga ao PT principalmente para evitar a nacionalização da campanha municipal. Ele tem tentando construir alianças que minimizem a associação umbilical de sua candidatura a Lula.

Um dos movimentos foi tentar atrair partidos de centro-direita, como Republicanos, União Brasil, PP e MDB. Sem sucesso, buscou apoios pontuais entre evangélicos. Paes fechou acordo com o deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB) para coordenar sua campanha entre os cristãos.

A chapa "puro sangue", desta forma, sempre foi vista como uma tendência, principalmente após pesquisas eleitorais indicarem uma liderança confortável de Paes no início da campanha.

Levantamento do Datafolha divulgado no mês passado mostrou o prefeito com 53% das intenções de voto, contra 9% do deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) e 7% do deputado federal Alexandre Ramagem (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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