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Boulos critica Nunes por omissão climática, nega crise na campanha e busca Lula

Candidato fez ato com propostas para crise ambiental e minimizou resultados das últimas pesquisas

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São Paulo

O candidato Guilherme Boulos (PSOL) criticou o adversário Ricardo Nunes (MDB) nesta sexta-feira (13) pelo que considera omissão do prefeito diante da crise climática e, ao lado de sua vice, Marta Suplicy (PT), apresentou propostas para combater problemas como os que são sentidos nesta semana na cidade.

Na saída, ao falar com jornalistas, Boulos afastou os rumores de crise na campanha após o desempenho de Nunes e Pablo Marçal (PRTB) em pesquisas se tornar um ponto de alerta. O candidato planeja novos atos com Lula (PT) e cogitou viajar a Brasília neste sábado (14) para gravações com o presidente para o horário eleitoral, mas houve descompasso de agendas e ele estará na capital para uma carreata.

O candidato Guilherme Boulos (PSOL) entre a deputada estadual Marina Helou (Rede-SP) e a candidata a vice, Marta Suplicy (PT), durante ato de campanha nesta sexta (13) - Leandro Paiva/Divulgação

Diante de um painel com a frase "São Paulo pede socorro", o deputado federal disse que decidiu reunir apoiadores e imprensa para tratar do tema ambiental pela "gravidade da situação", com São Paulo tendo pelo quinto dia seguido a pior qualidade de ar entre grandes cidades do mundo.

"Não há nada, parece que não há prefeito na cidade", discursou ao apontar a falta tanto de medidas emergenciais, como distribuição de água e máscaras, quanto de políticas preventivas. Ele prometeu, se eleito, iniciativas como aumento de áreas verdes, redução de poluentes e incentivo à reciclagem.

"Estamos pagando o preço hoje em São Paulo de uma gestão omissa, negligente, negacionista, que não se preocupou, não fez planos de enfrentamentos às cheias e às secas na cidade", completou em entrevista. "Não temos hoje uma gestão que está à altura da cidade."

Boulos apontou o que considera "falta de visão" de Nunes e disse ser necessário ter um prefeito "que se antecipe, planeje e trate com a prioridade devida" o tema para que a cidade seja "resiliente às mudanças climáticas". Ele declarou ser inaceitável a ausência de um plano adequado para situações extremas.

O evento, no auditório de um hotel na região central, reuniu aliados, parlamentares e candidatos a vereador da coligação, muitos deles com a pauta ambiental em suas bandeiras. Durante as falas do candidato, alguém da plateia gritou "ladrãozinho de creche", referência às investigações que atingem Nunes.

Marta disse que, se voltar à prefeitura como vice, a área em que mais quer contribuir é a climática. A ex-prefeita reiterou seu plano de estimular o plantio de árvores tanto pelo poder público quanto por cidadãos.

Ela fixou a meta de transformar São Paulo na cidade mais arborizada do Brasil e disse sonhar em ver as subprefeituras dando "mudinhas para as pessoas plantarem nos seus quintais e varandas". Para Marta, as consequências de saúde já são sentidas pela população, especialmente crianças e idosos.

Tanto Boulos quanto a deputada estadual Marina Helou (Rede-SP), que compôs a mesa do ato, lembraram o caso do ex-secretário-executivo de Mudanças Climáticas da cidade que disse que o planeta "se salva sozinho" do aquecimento global e questionou o consenso científico em torno do tema. Chamado pelos dois de negacionista, Antonio Pedro foi exonerado por Nunes em 2023 após a polêmica.

As propostas detalhadas pelo candidato do PSOL incluem, além da abertura de parques especialmente em regiões onde há as chamadas ilhas de calor, a abertura de corredores verdes, como os que ele conheceu em viagens que fez a metrópoles globais na fase de preparação de seu programa de governo.

"Lamentavelmente, São Paulo ficou para trás. Não pode ficar parada no tempo, como está hoje", afirmou, com provocações como a de que Nunes fica "contando fantasia na propaganda eleitoral" e "apequena" São Paulo por falhar em assumir uma posição de vanguarda que poderia inspirar outras prefeituras.

Marta foi secretária da gestão Nunes até dezembro do ano passado e deixou a pasta de Relações Internacionais após o convite de Lula para ser vice de Boulos, argumentando que se distanciaria do emedebista por causa da aliança que ele buscou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Boulos pregou também alcançar em quatro anos um patamar de ao menos metade da frota de ônibus com abastecimento elétrica ou híbrido, na intenção a longo prazo de zerar as emissões de carbono no transporte coletivo. Falou ainda em estimular a compra de carros e motos menos poluentes.

Pouco antes de deixar o local do evento, ao responder sobre pesquisas como a do Datafolha, que mostraram nos últimos dias dificuldades para o seu crescimento e uma recuperação de Nunes, Boulos disse que se criou "uma coisa meio que imaginária" de que há "crise na campanha".

"Nós subimos dois pontos no Datafolha", rebateu, mencionando a oscilação positiva de seus números, o que na prática o colocou em condição de empate técnico com Nunes em primeiro lugar. Boulos atingiu 25% no levantamento desta quinta-feira (12), com Nunes numericamente à frente (27%).

Empenhado em reforçar a presença de Lula para tentar conquistar o eleitorado mais pobre e de menor escolaridade, Boulos espera fazer atos com ele no dia 28, possivelmente uma carreata, e em 5 de outubro, uma caminhada às vésperas do primeiro turno —mas tudo ainda depende da agenda presidencial.

A campanha quer usar Lula e Marta para tentar reduzir a distância para Nunes entre os eleitores de baixa renda. A avaliação é que o prefeito tem sido beneficiado pelo extenso tempo no horário eleitoral, o que tem melhorado seus índices entre aqueles que costumam escolher nomes do campo de esquerda.

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