Descrição de chapéu mercado de trabalho

Saiba como sair do desemprego que atinge jovens

Entenda por quais motivos essa geração enfrenta altas taxas de desocupação

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São Paulo

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Desemprego entre jovens

Apesar de sempre buscar trazer assuntos legais aqui, também precisamos falar sobre algo sério: a alta taxa de desemprego entre os jovens.

E não são as vozes da minha cabeça que dizem isso. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no primeiro trimestre de 2022, a maior taxa de desemprego, cujo valor atinge 36,4%, está no grupo de 14 a 17 anos, seguido da faixa etária de 18 a 24 anos com 22,6%.

Duas mãos, uma feminina e outra masculina seguram lupas num fundo cheio de sinais negativos, como se fossem vagas de emprego não disponíveis
Catarina Pignato

↪ Jullie Berdusco, 18, é uma das jovens que fazem parte dessa porcentagem. Ela conta que a maior dificuldade em encontrar trabalho está na falta de experiência, mas questiona: "Como vou conseguir a tal da experiência, se ninguém me dá oportunidade?".

Na seção Minha Experiência, Jullie detalha mais como está essa busca. Dá um scroll.

Mas, por que está tão alto assim?

  • "O grande fator que explica essas taxas é o econômico. Tivemos no Brasil uma crise entre 2014 e 2016, e, quando [o país] ensaiava alguma recuperação veio a pandemia, que atingiu fortemente o mercado de trabalho", diz Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre.
  • Poucas oportunidades sendo abertas devido as últimas crises econômicas;
  • Muita gente fora do mercado de trabalho = mais concorrência para as vagas.

↪ Os jovens acabam competindo com pessoas mais velhas e muitas vezes com mais bagagem profissional.

"Nessas grandes crises, as empresas acabam investindo em pessoas que vão conseguir absorver trabalhos mais complexos. Por isso, os jovens acabam sendo prejudicados, pois não dispõem da experiência ou maturidade profissional necessária", diz Rafael Pinheiro, diretor comercial da Companhia de Estágios, empresa especializada em recrutamento de estagiários e trainees.

  • E mais... esses jovens estão buscando emprego para ajudar na renda familiar. Com o rendimento médio cada vez mais baixo, um período de inflação muito alto e um cenário econômico difícil, a necessidade da procura de emprego é maior, afirma Tobler.

Prejuízos para o futuro. Tobler cita como consequência o efeito cicatriz.

↪ Traduzindo: os jovens estão procurando emprego e, como não conseguem, acabam aceitando trabalhos menos qualificados. Essa situação torna cada vez mais difícil para que a faixa etária consiga oportunidades melhores, com boas remunerações e até mesmo empregos que gostem.

Dicas bônus: como encontrar emprego em meio à crise?

  • Reflita quais são as áreas de atuação do seu interesse e estude as tendências de profissionais e novas formações. Assim, fica mais fácil fazer uma seleção de quais cursos e capacitações serão melhores para o seu perfil, diz Pinheiro.
  • Se candidate em plataformas online como a Companhia de Estágios, Catho, Vagas.com, InfoJobs e 99jobs;
  • Use o LinkedIn, se conecte com pessoas que trabalham na empresa em que você deseja estar e observe suas trajetórias profissionais para poder guiar seu caminho;
  • Lembre-se de destacar suas experiências no âmbito escolar, como participações em projetos, trabalhos voluntários e iniciação científica. Associe essas atividades com suas habilidades. Exemplo: trabalhando como voluntário de uma ONG, fiquei responsável pela área de finanças e fui escolhido para esse setor devido às minhas habilidades com cálculos e planilhas.

E quem está tentando mudar essa realidade?

Conheça três iniciativas que ajudam o jovem a se inserir no mercado de trabalho:

Galena: é um grupo educacional focado em preparar e incluir jovens de escolas públicas no mercado de trabalho.

Como funciona? Podem participar jovens de 18 a 24 anos, formados em escola pública e existem quatro etapas para participar do programa.

  1. Após a inscrição no processo seletivo, o candidato ganha uma orientação de carreira para entender quais são seus pontos fortes e áreas para as quais tem mais predileção;
  2. Os selecionados fazem o programa em quatro meses com aulas ao vivo durante a semana, onde serão tratados conteúdos importantes no trabalho como comprometimento, entrega, resiliência;
  3. Após a formação, a Galena ajuda o jovem a definir com qual empresa ele se identifica e faz indicações para as companhias parceiras como Unilever, iFood e banco Itaú. Segundo Rodrigo Dib, co-fundador do grupo, o compromisso é garantir que os jovens tenham um emprego e que sejam contratados como efetivos.
  4. Depois de empregado, há um acompanhamento desse profissional por no mínimo seis meses para avaliar seu desempenho e apoiá-lo durante sua trajetória na companhia.

Iniciativa pelo Jovem da Nestlé: dentro do programa, há a Aliança pelo Jovem, uma coalizão de 80 empresas que trabalham de forma coordenada para impactar positivamente a carreira desse grupo.

Essas companhias se reúnem uma vez por mês para pensarem em iniciativas de impacto. Helen Andrade, gerente executiva de diversidade e inclusão da Nestlé, lista como funciona:

  • De olho no trampo: as empresas recebem os jovens para apresentar as iniciativas de emprego da companhia. Depois da pandemia, essa atividade passou a ser online por meio de lives;
  • Estágio compartilhado: a pessoa trabalha um ano na Nestlé e, no segundo ano, fica em uma empresa parceira do projeto. "Esse jovem tem a oportunidade de estar em companhias de segmento e culturas diferentes, tornando seu currículo mais rico", afirma Andrade.

Coletivo Jovem: é um programa online e gratuito que faz parte do Instituto Coca-Cola Brasil. A iniciativa surgiu em 2009 e, segundo Daniela Redondo, diretora-executiva do instituto, nasceu da preocupação em gerar renda e empoderamento econômico para essa geração.

Os inscritos têm acesso a 11 aulas com conteúdos voltados para mercado de trabalho como tipos de contratação, orientações para entrevista de emprego e como estruturar um currículo.

Depois da conclusão desse curso, eles ganham um certificado e são direcionados para um banco de talentos, onde o coletivo faz a conexão dos alunos com oportunidades de trabalho.

A conexão pode acontecer até com grandes empresas, que são parceiras da iniciativa, como a Coca-Cola, Bob's e Hering. "É mais do que só contratar o jovem, a empresa também ganha ao acelerar a jornada de diversidade e inclusão", diz Redondo.

Quem pode participar? É preciso ter de 16 a 25 anos com renda familiar inferior a dois salários mínimos.


Minha experiência

Jovem traz seu relato sobre a dificuldade de encontrar emprego

jullie - news carreiras
Jullie Berdusco,18, está cursando o primeiro ano da graduação em design gráfico e está a procura de emprego - Arquivo pessoal

"Minha busca por empregos não é de agora, sempre tive vontade de trabalhar e conquistar o que é meu, então desde os meus 15 anos venho entregando currículos e me inscrevendo em cursos.

Porém, é muito complicado e desanimador a busca do primeiro emprego na região onde moro [Guarujá (SP)]. Entrego currículos online e presencialmente, e nesses três anos tive poucas oportunidades de entrevista. Algo muito presente é a necessidade de experiência, todos querem contratar funcionários experientes, mas ninguém quer fornecer experiência à novos funcionários, e isso deixa uma situação de saia justa.

Além do mais, nas poucas entrevistas que tive, muitas delas entravam em conflito com meu horário de estudo, o que me impedia de conseguir a vaga. Sei que tenho o conforto de poder escolher entre trabalhar e estudar, mas muitos outros da minha idade não conseguem, e então preciso por na balança: "quero continuar estudando ou quero começar minha carreira?", e espero a próxima vaga, contando com a sorte dos horários serem compatíveis".


Não fique sem saber

Explicamos dois assuntos do noticiário para você.

O que é a série Brasil no Divã? Reportagens que falam sobre a explosão de problemas de saúde mental no país e como o sistema público lida com isso.

  • Brasil vive '2ª pandemia' na saúde mental: Segundo o Datasus, o total de óbitos no país por lesões autoprovocadas dobrou de cerca de 7.000 para 14 mil nos últimos 20 anos. Esse dado supera as mortes por HIV ou em acidentes de moto. Em relação ao resto do mundo, o país está na contramão, mas segue a tendência da América Latina.
  • Quem são os mais atingidos? Mulheres e jovens de 18 a 24 anos, além da população LGBTQIA+, indígenas e policiais.
  • Motivos? Desigualdade, violência, pobreza e ineficiência de planos de prevenção.
  • E não para por aí, o Brasil ainda sofre para levar saúde mental aos extremos. Mesmo depois de 20 anos da construção e capilarização da rede pública, ainda há dificuldades para enfrentar essa explosão de transtornos psíquicos.

  • Exemplo: O Amapá só ganhou psicólogos nas unidades básicas no ano passado e acumula a demanda de todo o estado.

  • E tem mais. Mesmo com o fim dos manicômios, o Brasil ainda tem pacientes isolados em hospitais, prisões e comunidades terapêuticas. Essa situação reacende o medo da 'cultura do hospício'.

  • Onde procurar ajuda? Mapa Saúde Mental, site mapeia diversos tipos de atendimento, e CVV (Centro de Valorização da Vida), voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no número 188.
  • Opinião: Deterioração da saúde mental na pandemia requer mais médicos para tratar do sofrimento humano, escreve a Folha em seu editorial, texto que expressa o que o jornal pensa sobre determinado assunto.

Assista aos vídeos da série:

Saiba quais serão os próximos temas:

  • Mitos e preconceitos na saúde mental (8.ago)
  • Temos cura? (15.ago)

A varíola dos macacos está entre nós desde maio. Na sexta (29), o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte pela doença no Brasil. O paciente era um homem de 41 anos de Minas Gerais, que tinha comorbidades e era imunossuprimido.

Como me proteger da varíola dos macacos? Veja respostas sobre a prevenção da doença.

Ouça no podcast Café da Manhã como a doença avança e formas de prevenção.

Encontre sua vaga ->​ Veja oportunidades de emprego para estágio, trainee ou efetivo aqui. ​

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