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O que homens podem fazer pela equidade de gênero no trabalho

Newsletter FolhaCarreiras explica como agir para combater a desigualdade no ambiente profissional

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São Paulo

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Março é o mês das mulheres e elas estão cansadas de carregar tantas responsabilidades —inclusive, a de lutar pela equidade de gênero no trabalho.

Não sou eu quem está dizendo: é a ONG Think Olga através do relatório "Esgotadas". De acordo com a pesquisa, a sobrecarga de trabalho, dentro e fora de casa, está entre os fatores que mais têm impactado a saúde mental de mulheres.

É por esse motivo que homens precisam se fazer presentes no combate à desigualdade de gênero.

E no mundo do trabalho... "A prática é bem diferente do discurso", diz Janaína Feijó, pesquisadora do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) que estuda mercado de trabalho e desigualdades sociais.

↳ Há uma lacuna entre o que os homens dizem acreditar e o que realmente estão fazendo pela mudança.

Homens devem ouvir as mulheres de sua equipe para entender como contribuir com o crescimento profissional delas - JustLife/Adobe Stock

Então, de que forma os homens podem ser aliados de mulheres no trabalho? Trago algumas dicas:

1. Dê mais flexibilidade a elas. O trabalho invisível —tarefas não remuneradas como cuidado com a casa, filhos e familiares— faz com que elas prefiram home office e rotinas flexíveis, sem horário ou local definido.

A flexibilização faz toda a diferença, principalmente para reter mulheres em cargos de liderança, diz Élica Martins, sócia da Grant Thornton Brasil.

↳ Empresas em que os colaboradores trabalham de forma presencial são as únicas em que a percentagem de mulheres em cargos de liderança cai para um valor abaixo da referência global, segundo a "Women in Business 2024", pesquisa realizada pela Grant Thornton.

Se não for possível a jornada flexível, a empresa pode construir isso através do banco de horas, aponta Janaína Feijó. "O ambiente de trabalho precisa permitir que a mulher que é mãe possa amamentar ou sair buscar o filho na escola, se for necessário", explica a pesquisadora.

2. Desafie comportamentos discriminatórios. Há preconceitos e vieses inconscientes que muitas vezes impedem a criação de um ambiente seguro para mulheres, aponta a mentora de carreiras Tamires Teixeira.

Como desafiá-los?

↳ Posicione-se contra piadas e comentários machistas, diz Débora Ribeiro, gerente da Robert Half. Não é somente não reproduzi-las, mas também confrontar colegas ao ouvir alguma fala do tipo.

  • Quando uma mulher é contratada, exemplifica Ribeiro, os primeiros comentários feitos por homens geralmente são sobre aspectos físicos dela. "Essa objetificação, em 2024, não faz mais sentido."

↳ Não interrompa mulheres durante a fala delas. Esse comportamento tem nome: "manterrupting" (junção das palavras em inglês "man", homem, e "interrupting", interrompendo) e pode coibi-las de participar de discussões ou compartilhar ideias.

Não se aproprie de ideias de mulheres. "É muito comum no mercado de trabalho as mulheres trazerem ideias, sugestões, e aí o chefe vender essa ideia e ficar com o mérito somente para ele", explica Ribeiro.

↳ Não explique o óbvio. O "mansplaning" no ambiente de trabalho faz parecer que as mulheres contratadas sabem menos que os homens. "Elas conquistaram aquele espaço e são intelectualmente e tecnicamente tão competentes quanto eles", diz a gerente da Robert Half.

3. Valorize o desenvolvimento delas. Olhe para as mulheres em sua equipe, entenda o que elas precisam e como você pode contribuir para o crescimento delas, indica Tamires Teixeira.

Como líder, você pode promover mentorias e, como colega de trabalho, propor à liderança um programa de desenvolvimento.

"Seja o patrocinador da causa. Levante a voz e passe a defender isso em diferentes ambientes profissionais", complementa Teixeira.

Qual a importância de tudo isso? "Países com homens engajados dentro das organizações garantem mais segurança no ambiente de trabalho", afirma Élica Martins, da Grant Thornton.

E um ambiente seguro permite que mulheres se sintam mais confiantes para falar, dar opiniões e desafiar decisões. Ao alcançar cargos de liderança, elas passam a ser mais verdadeiras e autênticas.

Uma dica de série para quem quer se engajar na causa: "Machos Alfa", disponível na Netflix.

A comédia conta a história de quatro amigos de meia-idade que tentam se ajustar à nova era de masculinidade em meio ao empoderamento feminino.

"É divertida e pode fazer homens refletirem sobre ações do dia a dia e como reformulá-las para o mundo que estamos vivendo hoje", recomenda Tamires Teixeira.

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