Na mitologia dos fundadores de empresas de tecnologia, a rejeição é uma etapa crucial da jornada do herói, seguida por um retorno triunfante. Sam Altman, co-fundador da OpenAI, dona do ChatGPT, quase completou essa trajetória em um fim de semana. Sua saída deixa a empresa de inteligência artificial em uma posição vulnerável.
Na sexta-feira (17), o conselho da OpenAI decidiu que havia perdido a confiança em seu CEO. A declaração impessoal fornecida estava em desacordo com a rápida demissão de Altman. Isso ocorreu apenas uma semana depois que o chatbot de IA generativa da OpenAI, ChatGPT, atingiu uma marca significativa, alcançando 100 milhões de usuários semanais.
Altman tem sido o rosto da OpenAI, com conexões impecáveis no Vale do Silício e habilidade para encantar o governo dos Estados Unidos. Ele ajudou a impulsionar a empresa em direção a empreendimentos comerciais. O caos em torno de sua saída, quase reintegração e subsequente substituição (por Emmett Shear, cofundador da Twitch) fará com que os investidores hesitem. A OpenAI esperava vender ações em uma avaliação de US$ 86 bilhões —66 vezes sua receita anual relatada. Isso agora está em perigo.
Publicamente, o investidor da OpenAI, Microsoft, prometeu apoio à empresa. Ela tentou acalmar o descontentamento contratando Altman para liderar uma equipe de pesquisa em IA. Desacordos contínuos minariam a confiança em sua aposta cara na OpenAI, justamente quando ela tenta persuadir os clientes a começarem a pagar por ferramentas alimentadas por IA.
Mas a saída de Altman fez com que o preço das ações da Microsoft caísse quase 2% na sexta-feira. Ele caiu mais um ponto percentual nas negociações após o expediente.
Na batalha entre investidores e membros do conselho da OpenAI, as prioridades são diferentes. O conselho de quatro pessoas, que não possui experiência corporativa de peso, controla a organização sem fins lucrativos mãe da OpenAI e é responsável por proteger a criação de uma inteligência artificial geral.
Os investidores estão preocupados com a monetização. Os custos superam a receita. Mais financiamento é necessário. A saída de Altman apresenta a possibilidade de que ele crie uma nova empresa que competirá por clientes e capital de risco.
Fundadores e cofundadores de empresas como Reddit, Twitter, LinkedIn, Zynga, Dell e Google saíram e retornaram como CEO com graus variados de sucesso. Os retornos dependem das circunstâncias da saída. Conflitos sobre estratégia deixam a porta aberta. Comportamento pessoal inadequado não. A saída de Altman se enquadra na primeira categoria. Um futuro retorno não está descartado.
Poucos cofundadores lideram suas empresas a vida toda. Um estudo de 2018 do Fórum de Direito Corporativo da Harvard Law School constatou que a maioria das empresas não era liderada por seu fundador no momento em que abriram o capital. Aqueles que permaneceram no cargo tendiam a ter direitos de voto. Altman não possuía a participação acionária que poderia ter lhe proporcionado isso. Sua saída serve como um poderoso lembrete dos benefícios do poder de voto.
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