Ilhas de San Juan, nos EUA, são o melhor lugar para ver baleias sem ser visto

Arquipélago na fronteira com o Canadá é procurado por celebridades que buscam discrição

Uma das 175 ilhas do arquipélago de San Juan, localizado nas águas geladas que separam os Estados Unidos do Canadá, no estado de Washington, pertence ao magnata Bill Gates. 

Baleia orca nada nas águas que banham o arquipélago de San Juan, nos Estados Unidos
Baleia orca na ilha de San Juan, na divisa entre os EUA e o Canadá, com o monte Baker ao fundo - Divulgação

Outra foi comprada pelo dono da marca esportiva Oakley, James Jannard. O ator americano Chris Pratt, de “Guardiões da Galáxia” e “Vingadores”, não tem sua ilha, mas comprou uma praia particular.

Por US$ 7,75 milhões (R$ 30,1 milhões), a ilha Trump, com um casarão de seis quartos, heliponto e nenhuma relação com o presidente americano, está à venda.

Discrição, tranquilidade e um cenário impressionante estão transformando esse conjunto de ilhas no chamado “Hamptons do oeste” —uma alusão ao refúgio de milionários de Nova York.

Em 2016, San Juan Islands foi o destino que mais se valorizou nos Estados Unidos, segundo pesquisa realizada pela Luxury Home Index, especializada no mercado imobiliário de luxo no país. O aumento foi de 58% em relação ao ano anterior.

“Uma grande diferença entre os Hamptons e San Juan Islands é que as pessoas vêm para cá para desaparecer. Você pode ser o Bill Gates, estar de chinelos e ninguém vai dar atenção a isso”, afirma Dean Jones, que é dono de uma imobiliária local.

As atenções estão voltadas mesmo para outros moradores. Entre os 16 mil habitantes das ilhas há 76 baleias orcas residentes, identificadas, nomeadas e acompanhadas desde 1976 pelo cientista Ken Balcomb, criador do Centro para Pesquisa de Baleias (CWR), um dos mais antigos e respeitados do mundo.

A região serve também como corredor para outros clãs (conjunto de baleias) que vivem entre a Califórnia e o Alasca. Além das residentes há outras 230 orcas que anualmente vêm fazer turismo nas ilhas.

A legendária baleia assassina não é nem baleia, tampouco assassina. “As orcas são cetáceos como as baleias, mas pertencem à família dos golfinhos”, afirma Balcomb, no site da CWR. 

“São os maiores predadores no oceano porque estão no topo da cadeia alimentar”, diz. Isso não significa que elas saem matando tudo o que encontrarem pela frente.

A dieta desse animal que chega a ter oito metros de comprimento e pesar mais de cinco toneladas é baseada no salmão, espécie em franco declínio nos oceanos.

Cada orca chega a comer 135 quilos de peixe por dia. Na falta deles, leões marinhos, focas e lontras entram no cardápio.

É possível pegar embarcações pequenas, operadas por empresas locais, para acompanhar de perto esses incríveis animais. O passeio custa em média US$ 100 (R$ 389) por pessoa e dura cerca de quatro horas.

Não há lugar melhor no mundo para ver as orcas do que em San Juan.

Entre junho e setembro, as chances de vê-las são altas (é também a melhor época para quem não quiser tomar chuva, muito frequentes nos outros meses). É tão certo que a Outer Island dá até um voucher gratuito para o visitante voltar, caso os mamíferos aquáticos não sejam vistos. 

Algumas embarcações contam com equipamentos de escuta subaquática, capazes de identificar a localização e a quantidade de indivíduos.

Os mais destemidos podem procurar as orcas a bordo de caiaques. Com quase cinco horas de duração, a expedição comandada pelo San Juan Outfitters custa US$ 115 (R$ 447) e é recomendada para quem já tem experiência com o remo. 

O auge do encontro acontece quando os bichos sobem à superfície para respirar. No início é possível ver suas barbatanas, cena quase sempre seguida pelo espetáculo dos saltos e piruetas. A diferença é que todos os animais estão em liberdade, bem longe dos treinadores e do confinamento dos parques aquáticos.

Segundo a ONG inglesa Whale and Dolphin Conservation, existem atualmente 60 orcas mantidas em cativeiro, espalhadas por oito países em 14 parques marinhos. Segundo a entidade, os cetáceos jamais deveriam ser mantidos em tanques.

Chegar a San Juan é simples se você já está em Seattle, na Costa Oeste americana. A sugestão é passar duas noites na cidade (o Monaco Hotel, da rede Kimpton, é uma boa opção com diárias desde US$ 273, ou R$ 1.062) e seguir para as ilhas.

A viagem desde Seattle até a cidade de Anacortes dura uma hora e meia de carro. Lá, pega-se uma balsa que mais parece um navio (tem lanchonete, mesas e sofás confortáveis). 

Operadas pelo governo de Washington, as balsas ligam o continente a quatro diferentes ilhas (San Juan Island, Orcas, Lopez e Shawn) e também ao Canadá, na ilha de British Columbia.

Vale lembrar que brasileiros precisam ter visto canadense além do americano para desembarcar no país.
Recomenda-se reservar lugar no veículo no site wsdot.wa.gov/ferries, principalmente aos finais de semana. 

A passagem não é barata: entre maio e setembro o trecho de Anacortes até Friday Harbor, na ilha principal, custa US$ 68,95 (R$ 268) para carros convencionais mais US$ 19,85 por adulto (R$ 77) e US$ 9,85 por criança (R$ 38). A volta já está inclusa.

Ao longo de pouco mais de uma hora, a balsa navega entre as ilhas numa paisagem que estranhamente lembra a costa do litoral norte de São Paulo. Em meio à mata bem preservada, é possível avistar diversas espécies de aves, incluindo a águia americana, símbolo do país. 

Há uma simpática surpresa em algumas mesas da balsa: quebra-cabeças disponíveis para quem quiser montá-los ao longo da viagem.

Das quatro ilhas servidas pela embarcação, a mais desenvolvida é San Juan, onde fica a cidade de Friday Harbor. Pertinho do desembarque está o Museu de Baleias, destino comum entre os turistas.

Construído em 1886, o Roche Harbor Resort & Spa é um hotel histórico que conta com uma marina e um jardim em estilo vitoriano. O quarto 2A foi usado pelo presidente Theodore Roosevelt (amigo do dono do hotel) em 1906 e 1907. Hoje está transformado em, adivinhe, suíte presidencial.

A superestrela de Hollywood, John Wayne (1907-1979), era habitué do hotel. Do alto do seu 1,95 m de altura, o ator encomendou uma banheira sob medida que segue até hoje em atividade na suíte que leva seu nome.

Quem quiser avistar baleias de terra firme deve ir para o Lime Kiln Park, no lado oeste da ilha. Além de ser um dos melhores pontos de observação das orcas, dá para visitar um farol construído em 1919, ainda em pleno funcionamento.

Com trilhas, mirante e lagos, ilha das Orcas é diversão garantida

Em formato de ferradura, Orcas Island, no arquipélago de San Juan, reúne paisagens deslumbrantes, um charmoso centrinho com bons restaurantes (Madrona Grill e Kitchen) e galerias —além de uma chocolateria artesanal (Kathryn Taylor) que já valeria a viagem até lá.

O ponto alto, literalmente, é o Parque Estadual Moran. É lá que fica o monte Constitution, o lugar mais alto de todo o arquipélago (734 metros), de onde se tem uma vista de 360 graus —desde o pico nevado de monte Baker, a cadeia de montanhas North Cascades, o monte Rainier e até a cidade de Vancouver, no Canadá.

Há dois lagos com opções de aluguel de caiaques e barcos a remo.

Mais de 60 quilômetros de trilhas são a diversão garantida para caminhadas, mountain bike e até cavalgadas.

Para quem preferir acampar num cenário com raposas e coelhos circulando pela floresta, este é o local. A diária custa a partir de US$ 20 (R$ 77) e pode ser feita neste site.

O parque foi doado em 1921 por Robert Moran, ex-prefeito de Seattle e magnata da construção naval.


Ao lado do parque fica o Rosario Resort Spa, construído pelo próprio Moran em 1909 para ser a sua residência. Acabou se transformando em hotel em 1960 (diárias custam a partir de US$ 139 ou R$ 540).

A sofisticação da mansão original inclui uma sala de música com um órgão que ocupa dois andares com seus 1.972 tubos. Uma vez por semana Christopher Peacock toca o instrumento. “Começo sempre pelo tema do Fantasma da Ópera”, diz o gerente geral do hotel há 34 anos.

Se a ideia é apenas se largar na praia (esqueça a orla branquinha, aqui ela é de pedra e areia grossa), o melhor é ficar hospedado no North Beach Inn. São 13 chalés (estúdio, dois e três quartos), todos com cozinha completa e diárias desde US$ 120 (R$ 466).

Lopez Island é o paraíso do pedal. Dá para curtir boa parte dos 47 quilômetros quadrados da ilha em apenas um dia. Não há uma subidinha sequer. O maior esforço, talvez, será acenar para as pessoas no caminho —tradição exercida por todos na comunidade basicamente rural. A villagecycles.net aluga magrelas desde US$ 7 (R$ 27) por hora ou US$ 30 (R$ 116) por dia.

A fartura de alimentos frescos e orgânicos em excelentes restaurantes é outra alegria para quem visita a ilha.

Debruçado no mar, o Haven trabalha somente com ingredientes locais, incluindo ostras. Melhor que isso só se você conseguir uma mesa próxima à janela na hora do pôr do sol.

Ali do lado fica o charmoso Edenwild Boutique Inn, hospedaria com apenas nove quartos criada em 2013 pelo casal Anthony e Crystal Rovente. As diárias custam a partir de US$ 114 (R$ 443).

Assim como nas outras ilhas, não há semáforos. Também não há jet ski em suas águas. Há 20 anos, San Juan foi o primeiro lugar nos Estados Unidos a vetar seu uso. Seja você Bill Gates, Chris Pratt ou o futuro proprietário da ilha Trump. 

Pacotes de viagem

US$ 561 (R$ 2.182) 
4 noites em Seattle, na New Age  
Valor por pessoa, em quarto duplo. Inclui entradas para as principais atrações e seguro-viagem. Sem aéreo e sem regime de alimentação

R$ 4.904 
10 noites em Seattle, na Submarino Viagens 
Pacote válido para o período de 4 a 15 de outubro. Inclui café da manhã continental e passagem aérea a partir de São Paulo

R$ 6.818 
5 noites em San Juan Islands, na Expedia
Pacote para o período de 4 a 9 de agosto. Sem café da manhã e sem passeios. Com aéreo a partir de São Paulo

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