Descrição de chapéu férias União Europeia

Vibrante e moderna, Estocolmo quer atrair visitantes além dos clichês nórdicos

'Capital da Escandinávia' é metrópole que soube se modernizar sem esquecer de exaltar tradições

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Estocolmo (Suécia)

Muito já se falou dos escuros e longos invernos, dos verões alegres e plenos de celebrações, das pessoas sempre bem vestidas e da civilidade cordial por onde se passa. Também já se escreveu da relação com o Abba, do fato de ser a sede do Nobel e da herança viking que moldou a sua história. Mas Estocolmo está cada vez mais disposta a se mostrar para além dos clichês sobre si mesma.

Principal cidade da Suécia e orgulhosamente reconhecida como a "capital da Escandinávia", é uma metrópole que soube se modernizar sem esquecer de exaltar suas próprias tradições.

Píer na cidade de Estocolmo, capital da Suécia - Divulgação

E entre restaurantes de gastronomia local e sustentável, lojas de design eco-friendly, bares com coquetéis minimalistas e hotéis que são também espaços de lazer, quer atrair um visitante disposto a desbravar além da superfície.

Colonizada desde a dade do gelo e situada na passagem entre um dos maiores lagos do país e o mar Báltico, a capital sueca se impõe como a mais contemporânea das cidades nórdicas.

É maior e mais cosmopolita que Copenhague, mais vibrante que Helsinki e mais multifacetada que Oslo. É uma Nova York escandinava e mais civilizada, onde o mundo financeiro e o empresarial convivem com um estilo de vida por vezes interiorano: estão lá as mercearias de toda a vida, os cafés lotados em meio aos parques e os edifícios medievais.

E são muitas as atrações para conhecer toda essa diversidade. No caso de museus, por exemplo, poucas são as capitais cuja oferta é tão vasta.

Entre um exclusivamente dedicado ao Abba e outro sobre a herança nórdica, há até um museu dedicado aos destilados, com uma sala que reproduz a sensação física da ressaca no corpo.

Mas nenhum é tão original e interessante quanto o Museu do Vasa. Trata-se de um espaço inteiramente concebido para exibir um navio de 1628 recuperado do mar depois de 333 anos naufragado.

Com 98% da estrutura original recuperada, a embarcação de guerra do século 17 mais preservada do mundo fica no centro do prédio com quatro andares, para que possa ser contemplada de todas as perspectivas.

É impressionante a sua imponência —são 69 metros e 1.200 toneladas— e todas as exposições criadas à sua volta para reproduzir o estilo de vida em alto mar em um navio de guerra, das condições de armazenamento da comida às instalações.

Quase todos os museus da cidade estão localizados na ilha de Djurgården, muitos a pouco metros um do outro, o que torna a epopeia de visitá-los mais fácil para o turista.

Estocolmo, cidade que quer atrair visitante disposto a ir além dos clichês nórdicos - Divulgação

Basta cruzar a ponte em direção a Östermalm, porém, para se chegar a um dos sem-número de cafés e restaurantes que estão ajudando a dar forma à cena gastronômica local.

É o caso do Coco & Carmen, aberto há dois anos, com decoração excêntrica (de um lado há chifres de veado e do outro colagens de desenhos de Walt Disney) e foco em produtos locais.

O comensal é recebido com uma dose de vodka produzida na cidade e um punhado de caviar. No menu, tartare de carne, batatas da estação com molho romesco e sorvete de ruibarbo com granita de manjericão.

O chef Dario Balan é um dos novos talentos que estão dando força à cozinha nórdica ao priorizar ingredientes locais, de peixes aos vegetais, passando pelas muitas frutas vermelhas que se espalham pelas florestas do país, cujo território é coberto por 69% delas.

Na coquetelaria, esse orgulho nacional também tem se mostrado mais presente: no Röda Huset, os coquetéis criados levam plantas autóctones, como as lestras, e outras tradicionais como o ruibarbo e a beterraba, além de destilados locais, como a aquavit e o schnapps.

"Somos de uma geração que foi ao mundo e aprendeu a valorizar o que temos no nosso quintal. Com a projeção da cozinha nórdica, percebemos que temos produtos muito ricos e uma gastronomia interessante aos olhos do mundo", diz Hampus Thunholm, seu proprietário, bartender eleito o melhor da Suécia em 2019 e 2020.

O Röda Huset fica na efervescente zona financeira da cidade, Sergelgatan, onde muitos negócios estão surgindo, de galerias a bares e restaurantes, trazendo um novo fluxo de turistas.

É ali que foi construído o Downtown Camper, um dos novos hotéis do grupo Scandic, de olho nos jovens que têm lotado a cidade, a trabalho ou a lazer. Mais do que um hotel para dormir, é desses espaços "para estar" que têm se tornado mais comuns por aqui.

Há um terraço com bar de coquetéis, uma cafeteria e mesas de trabalho na parte inferior e até um lounge com uma rede para descanso ou leitura, tudo muito millennial.

"Curioso que, após a pandemia, vemos mais pessoas combinando negócios e lazer (ou bleisure, como chamamos) agora. Estocolmo é um excelente destino nesse sentido", diz Elin Ahlström, gerente de marketing do hotel.

Para ela, o maior trunfo da cidade é que a vida urbana e a natureza calma estão muito entrelaçadas. "O oceano está tão presente no coração da cidade é uma verdadeira bênção", afirma.

De fato, uma das melhores maneiras de conhecer Estocolmo é por barco: a cidade estende-se por 14 de 24 mil ilhas que formam o arquipélago local de sua geografia insular. Não à toa é conhecida como "cidade que flutua".

Como não há impostos para barcos, quase toda família tem uma embarcação para chamar de sua —e nos dias mais quentes, o trânsito nos canais que ligam as ilhas no mar Báltico é constante.

Em terra firme, são mais de 38 parques locais entre Gamla Stan, coração da capital com as construções medievais, e Södermalm (a maior das 14 ilhas), passando também por Östermalm, o bairro moderno, com a embasbacante praça Karlaplan, construída em homenagem à honra dos reis.

Estocolmo é para ser explorada aos poucos, descoberta a cada esquina, com tempo e com curiosidade, olhando para seu lado contemporâneo e para sua herança histórica e tão rica.

As lojas de design minimalista da famosa rua Götgatan, a preservada cidade de Birka, um centro comercial da era viking, as ruelas descritas pelo escritor Stieg Larsson na trilogia "Millenium" (depois reproduzidas até por David Fincher em "A Garota com Tatuagem de Dragão").

São, afinal, muitas cidades a se conhecer em uma.

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