Justiça concede ordem de reintegração de posse da reitoria da Unicamp
A Unicamp conseguiu nesta sexta-feira (4), em menos de três horas, uma ordem judicial de reintegração de posse do prédio da reitoria, ocupado ontem à noite por cerca de 200 estudantes.
A reintegração foi pedida por procuradores da Unicamp por volta das 9h e concedida pelo juiz Wagner Roby Gídaro, da Segunda Vara da Fazenda Pública de Campinas, às 11h40.
É preciso acordo para autorizar PM na Unicamp, diz ministro
Um oficial de Justiça esteve no campus da Unicamp para avisar os estudantes da ordem judicial, mas eles não aceitaram receber o documento sem a presença do advogado que os representa.
Eles vão realizar uma assembleia na tarde desta sexta-feira para definir o que será feito. Caso se recusem a desocupar o prédio, a Polícia Militar será chamada para garantir a reintegração de posse.
Ontem, os estudantes arrombaram uma porta lateral e ocuparam parte do prédio por volta das 20h. Algumas pessoas entraram no prédio por uma janela que teve os vidros quebrados. Uma lixeira foi usada para tentar arrombar as portas internas do prédio que levam à sala do reitor, que são reforçadas, mas a tentativa foi em vão.
Os estudantes picharam "Fora PM" e frases em apoio à invasão da reitoria da USP nas paredes. Eles usam camisetas nos rostos para não serem identificados pelas câmeras de segurança e permaneciam no local na manhã desta sexta.
Os estudantes estão concentrados em um hall de entrada do prédio e têm acesso limitado a apenas algumas salas do térreo. Alguns guardas que faziam a proteção da reitoria na hora da invasão chegaram a ficar isolados nos andares de cima, mas conseguiram deixar o prédio por volta das 23h de ontem.
"Não há razões objetivas para essa invasão. Menos ainda para a truculência com a qual esse ato foi cometido contra uma instituição universitária aberta ao diálogo", afirmou a reitoria, em nota. "Por essa razão, a Unicamp ingressou na Justiça com pedido de reintegração de posse, medida que se justifica pela ausência de diálogo por parte dos invasores."
Segundo os estudantes, a ocupação foi uma reação à decisão da reitoria de autorizar a entrada da PM (Polícia Militar) nos quatro campi da universidade (Campinas, Limeira, Piracicaba e Paulínia) após a morte de Denis Papa Casagrande, 21. Estudantes do campus de Limeira vieram de ônibus para Campinas para participar da ocupação.
MORTE
O estudante do curso de engenharia de controle e automação foi morto com uma facada durante uma festa dentro do campus. Segundo a reitoria, a festa --que tinha cerca de 3.000 pessoas-- não tinha autorização para ser realizada.
Atualmente, a segurança da Unicamp é feita por uma empresa terceirizada, e cerca de 260 vigilantes fazem a proteção apenas no campus principal, em Campinas. Na noite em que Denis foi morto, cinco vigilantes faziam a ronda no campus.
"Essa invasão, sem prévia apresentação de uma pauta de demandas por parte dos invasores, é injustificável sob qualquer ponto de vista", afirmou a reitoria. "Os invasores não representam a comunidade estudantil, que é pacífica e dialoga permanentemente com a administração."
A invasão da reitoria foi definida em assembleia que reuniu cerca de 600 pessoas no começo da noite de ontem. A reunião também aprovou, por unanimidade, a rejeição à proposta da atuação da PM na segurança da universidade e o apoio à invasão da reitoria por estudantes da USP.
PM NO CAMPUS
Sobre a presença da Polícia Militar na universidade, a reitoria afirma que "constituiu um grupo de trabalho para elaborar, com máxima urgência, um pré-plano de segurança a ser apresentado e discutido com toda a comunidade. Após esta discussão, o plano será submetido à aprovação do conselho universitário, órgão máximo de deliberação na universidade", afirmou a administração.
Na sexta-feira da semana passada, quando anunciou que aceitaria o oferta do governador Geraldo Alckmin (PSDB), a pró-reitora de desenvolvimento universitário, Teresa Atvars, disse que "a reitoria da Unicamp aceitou prontamente a oferta do governador para que a polícia pudesse entrar e circular no campus".
"Temos um projeto alternativo de segurança para que não haja mais casos como o de Denis", diz Lígia Carrasco, estudante de ciências sociais e membro da Anel (Assembleia Nacional de Estudantes Livres) que participou da ocupação. "O reitor tem de ouvir a comunidade acadêmica."
"Só vamos sair quando tivermos nossa reivindicação atendida [a não presença da PM na universidade] e com a promessa de que ninguém vai ser punido", afirmou ontem Bruno Modesto, coordenador do DCE (Diretório Central dos Estudantes), durante assembleia realizada pelos estudantes após a invasão.
"A presença da Polícia Militar nos campi da universidade diz respeito a um problema de segurança pública e não a uma tentativa de intimidação ou cerceamento das atividades relacionadas ao contexto acadêmico", afirmou a reitoria. "Importante ressaltar que, apesar do ocorrido, todas as atividades da Unicamp prosseguem dentro da normalidade."
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha