Vinte anos depois, Fittipaldi diz que teve sorte nas 500 Milhas e revela erro
A primeira vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianápolis, que completou exatos 20 anos nesta quinta-feira (28), feito então inédito para um sul-americano na tradicional corrida norte-americana, foi marcada por dois elementos fundamentais, segundo o próprio piloto: sorte e um erro de sua equipe, a Patrick.
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O bicampeão da F-1, que ganharia no final daquele ano seu único título na Indy, dominou a maior parte dos 804 km, divididos em 200 voltas, em quase três horas de corrida, para conseguir sua primeira vitória em Indianápolis, triunfo que repetiu em 1993.
Reuters |
Emerson Fittipaldi beija o troféu das 500 Milhas após sua vitória em 1989 |
Em entrevista por telefone à Folha Online, o ex-piloto contou o desespero que sofreu ao perceber que tinha mais gasolina (e peso) do que o necessário no final da prova, o que quase arruinou uma vitória que parecia garantida. Erro causado pelo nervosismo de seu chefe, Pat Patrick, segundo seu relato.
"Na última parada de boxes, o Pat Patrick estava muito nervoso e colocou muito mais combustível do que precisava até o final da corrida. Só um ano depois foram me contar. Ele estava muito ansioso e pediu para pôr quase o dobro de combustível do que eu precisava."
No fim, uma disputa feroz com o vice-líder Al Unser Jr. acabou com o norte-americano no muro e com uma sensação de alívio para Emerson, ao perceber que o rival não tinha se machucado e que o triunfo estava assegurado. O azar, então, se transformou em sorte.
Emerson se disse surpreso quando percebeu a perda de rendimento em relação ao piloto da Galles. "Até então, eu estava longe dele. E quando olhei no espelho, pensei 'vou abrir'' e não consegui. Eu olhava para o conta-giros e via que o carro estava andando bem menos do que antes", contou.
"Voltei que nem um pesadelo. Eu liderando a corrida inteira e de repente aquele cara que não era uma ameaça de performance estava andando igual ou até um pouco mais rápido. Eu fiquei super ansioso e aflito no cockpit pensando 'o que aconteceu?'."
Emerson, então, encontrou um retardatário e acabou sendo ultrapassado por Al Unser Jr. a cinco voltas do final. "Eu falei 'é muita injustiça, não posso perder essas 500 Milhas depois de liderar o tempo todo. Eu não sei o que aconteceu [com o carro], mas não posso perder'. Estava com muita convicção."
O norte-americano, no entanto, sofreu do mesmo problema que o brasileiro quando encontrou um retardatário a apenas dois giros do fim. Emerson, na época com 42 anos, e Al Jr., que tinha apenas 27, ficaram lado a lado e entraram juntos na curva 3.
"Eu olhei pra ele e ele estava com a cabeça para a frente, querendo 'dar embalo físico'. Vim por dentro da pista e ele foi me apertando muito, sem me deixar com tomada. Pensei 'é impossível tomar essa curva pé embaixo na trajetória que eu venho'. Mas aí era agora ou nunca", lembra.
"Não tirei o pé, o carro saiu de traseira. Só que como o Al Jr. não tirou o pé, meu carro atolou no dele, e foi a sorte. A partir daí eu estava na mão de Deus, e aconteceu tudo da maneira certa para mim", conta o piloto, rindo ao relembrar o episódio.
O alívio final só veio quando Emerson descobriu pelo rádio que Al Unser Jr. havia saído do carro e estava bem fisicamente. "Aí já comecei a gritar no rádio 'ganhamos a corrida, ganhamos a corrida'."
Apenas no último domingo Hélio Castro Neves conseguiu superar Emerson e se tornar o primeiro brasileiro a vencer três vezes a prova --já havia vencido em 2001 e 2002. Além dos dois, apenas um outro piloto do país ganhou em Indianápolis: Gil de Ferran, em 2003.
28.mai.09-Divulgação | ||
Emerson Fittipaldi cruza a linha para vencer as 500 Milhas de Indianápolis, feito inédito para um sul-americano |
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