Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje

Cotidiano 

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

PM confunde barulho de pneu com tiro e mata jovem

Pai do garoto de 17 anos diz que vai processar o Estado do Rio pelo crime

O sargento PM Márcio Perez de Oliveira, 36, foi preso sob acusação de ser o autor do tiro que matou o adolescente

LUCAS VETTORAZZO

MARCO ANTÔNIO MARTINS

DO RIO

Rafael Costa da Silva, 17, morreu com um tiro de fuzil no pescoço, dado por um policial militar, que confundiu o estouro de um pneu do carro do rapaz com um disparo.

O sargento PM Márcio Perez de Oliveira, 36, foi preso sob acusação de ser o autor do tiro que matou o adolescente, na noite de domingo.

O crime aconteceu no bairro de Cordovil, na zona norte do Rio. Em depoimento, o PM, que estava acompanhado por outros sete policiais, disse ter ouvido um "disparo" -na verdade, o pneu dianteiro do carro dirigido pelo rapaz que estourou quando ele passou por um buraco.

Rafael da Silva seguia com cinco outros jovens no carro -entre eles dois de seus meio-irmãos, Raoni, 16, e Robson, 17. Quatro tiros foram disparados contra o carro.

Além de Rafael, que morreu na hora, um de seus amigos foi atingido de raspão e passa bem.

Valmir Rodrigues da Silva, 53, pai do rapaz, acusou os policiais do 16º BPM (Olaria) de tentarem modificar a cena do crime. Segundo ele, o autor do disparo teria tentado tirar a bala do pescoço de Rafael, mas seu irmão teria conseguido impedi-lo.

"O PM colocou o dedo no buraco do tiro para tentar tirar a bala de fuzil lá de dentro. O irmão dele se jogou em cima e impediu. Quando eu cheguei, eles estavam tentando levar o meu filho, já morto, mas eu não deixei", disse.

Para o pai do garoto, os policiais "estavam tentando fazer com que parecesse que tinha havido confronto".

A PM não se pronunciou sobre essa suspeita. Disse apenas, por meio de nota, que os detalhes do caso estão sendo apurados pela Delegacia de Homicídios.

A Folha não encontrou o advogado do PM suspeito de atirar contra Rafael da Silva.

REVOLTA

O adolescente foi sepultado ontem à tarde no cemitério de Irajá, zona norte da cidade, sob gritos de "justiça".

Revoltados com o crime, amigos de Rafael ameaçaram fechar a rua do cemitério.

"Não deixa ter quebra-quebra de ônibus, não, Raoni", pedia o pai dos rapazes a um de seus filhos.

" Agora vou tentar seguir a minha vida, coisa que meu filho não conseguiu fazer", disse Rodrigues da Silva.

Ele afirmou que vai processar o Estado por homicídio doloso (quando há intenção de matar), além de tentativa de homicídio contra os outros jovens que estavam no carro.

A PM abriu um processo administrativo para apurar a responsabilidade do policial no caso. A Delegacia de Homicídios também investiga.

A única manifestação do Estado foi uma nota da Polícia Militar. Nela, o comandante da corporação, coronel Erir Ribeiro da Costa Filho lamenta o caso.

"Os policiais são instruídos a atirar somente quando há segurança já que a maior missão da corporação é a preservação da vida", afirmou.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página