As dificuldades enfrentadas pelos migrantes do Nordeste e do norte mineiro não terminam quando deixam a seca para trás e chegam às cidades canavieiras paulistas.
É comum para muitos deles a situação de não encontrarem emprego no campo ou na cidade pela falta de qualificação profissional, afirma o economista Francisco José da Costa Alves, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e pesquisador de migração.
Essa capacitação maior do trabalhador tem sido exigida, por exemplo, na construção civil, afirma o economista.
Há mais demanda para funções como ladrilheiro e carpinteiro, que exigem mais especialização, e menos para ajudante de pedreiro, que é uma atividade para os iniciantes.
"Por conta dessa qualificação e da safra, que já está indo para o seu final, se não encontram emprego, eles sobrecarregam os parentes com quem estão hospedados."
A situação acaba por provocar, afirma Alves, uma segunda exclusão.
"A primeira foi provocada pela seca, e, aqui [no interior paulista], pela incapacidade do mercado de trabalho em absorvê-los", comenta.
Para as cidades que recebem os migrantes, um dos impactos na rede pública é o de sobrecarregar os serviços de saúde, de assistência social e de creches e escolas.
Por outro lado, afirma o docente, um aspecto positivo é que essa população flutuante acaba por movimentar a economia de mercados e de pequenos comércios das redondezas. (JC)