Grupos do movimento sem teto invadiram simultaneamente 11 imóveis em São Paulo na madrugada de ontem -nove prédios na região central, uma escola desocupada na zona norte e um terreno na zona sul.
As invasões ocorreram pouco depois da 0h e foram articuladas pela FLM (Frente de Luta por Moradia). Segundo a entidade, as invasões após eleições se tornaram uma tradição do movimento para chamar a atenção do novo prefeito para a habitação.
Osmar Borges, coordenador-geral da FLM, diz que pretende conversar com Fernando Haddad (PT), que assumirá a cidade a partir de janeiro. "Quando muda o governo, quebram tudo que foi negociado antes", diz.
No programa de governo de Haddad consta a construção de 55 mil moradias -o deficit habitacional da cidade, segundo a Secretaria Municipal de Habitação, é de 226 mil casas populares. A assessoria do prefeito eleito informou que ele não foi procurado pelos sem-teto.
Entre os prédios invadidos ontem está o do antigo hotel Lord Palace, em Santa Cecília (leia texto ao lado).
Na região da Sé, os sem-teto entraram em um prédio de 15 andares na rua José Bonifácio e em um casarão de três andares na rua Quintino Bocaiúva. Outros três grupos invadiram dois prédios comerciais na avenida São João e outro na avenida Ipiranga.
Ainda foram alvo de invasão prédios na alameda Cleveland, na rua Helvétia e na avenida Prestes Maia.
"Representantes nos procuraram e perguntaram se queríamos uma reunião com o secretário de Habitação [Ricardo Pereira Leite], mas acho difícil que resolvam agora algo que não fizeram em oito anos. Então vamos ficar e esperar uma reunião com o novo prefeito para saber quem vai ser o responsável", afirmou Borges.
ESCOLA
Na zona norte, os sem-teto invadiram o prédio onde funcionou a escola municipal Clóvis Graciano, na Vila Nova Cachoeirinha. O colégio foi fechado em 2009, após recomendação da Cetesb, pois foi construído em cima de um lixão e tinha presença de gás.
Na zona sul, famílias ocuparam um terreno de cerca de 20 mil m² na estrada de Itapecerica. Elas chegaram a montar barracas, mas deixaram o local à tarde, após reintegração de posse determinada pela Justiça a pedido do proprietário.
Em nota, a prefeitura afirmou que desenvolve o maior programa de reforma de prédios habitacionais do país.