Coleção Folha traz "Os Doze Condenados"
Responsável por filmes tão diferentes quanto "A Morte num Beijo" (1955), marco do cinema "noir", e o cultuado "O que Aconteceu a Baby Jane?" (1962), com Bette Davis e Joan Crawford, Robert Aldrich pertence à "geração perdida" do cinema americano.
Tal grupo reuniu diretores como Samuel Fuller, Budd Boetticher e Don Siegel, que começaram sua carreira depois do auge do "studio system", encontraram grandes dificuldades para se estabelecer em Hollywood, mas ainda assim construíram uma obra sólida.
"Os Doze Condenados" é o próximo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, nas bancas no domingo (24). Com Lee Marvin e Charles Bronson no elenco, o longa que Aldrich realizou em 1967 foi um de seus grandes sucessos de público, mas também um de seus filmes mais atacados.
Passado o calor do momento histórico, no entanto, vários críticos saíram em defesa do diretor norte-americano.
O cineasta francês Claude Chabrol, por exemplo, afirmou que "o filme era tão benfeito e tão violento que foi considerado uma apologia da brutalidade, quando na verdade era o contrário: uma virulenta propaganda antimilitarista (assassinos se convertem nos melhores soldados e vice-versa). Dialética e astúcia: o novo Aldrich havia chegado".
Precursor de gênero
Hoje, "Os Doze Condenados" é visto como o precursor de um gênero: o filme de "homens em uma missão", em que um grupo de renegados incorrigíveis, em plena Segunda Guerra, recebe uma tarefa praticamente impossível de ser cumprida.
O mais recente exemplar do gênero é novo filme de Quentin Tarantino, "Bastardos Inglórios", que deve estrear no Brasil em outubro e foi apresentado no Festival de Cannes.
O volume traz ainda um texto do crítico da Folha Cássio Starling Carlos, que contextualiza a violência na filmografia do diretor.
"O cinema americano havia feito parte do esforço de guerra no envolvimento do país no conflito de 39-45, convertendo-se em poderosa arma de propaganda durante a fase de combates, mas o envolvimento norte-americano a partir de 1950 na Coreia, e de 1965 em diante no Vietnã, acabou por despertar também no cinema outras reações, nem só positivas, ao belicismo", destaca ele.
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