"EUA não podem resolver todos os problemas do mundo", diz Hillary Clinton
A senadora Hillary Clinton, escolhida pelo presidente eleito Barack Obama para secretária de Estado, afirmou nesta terça-feira que os Estados Unidos não podem resolver todos os problemas do mundo sozinhos e afirmou que vai tentar melhorar a imagem americana no cenário internacional com uma mistura inteligente do poder da diplomacia e da defesa.
"Os EUA não podem resolver sozinhos os problemas mais urgentes do mundo e o mundo não pode resolvê-los sem os EUA", disse Hillary, acrescentando que quer reforçar as alianças dos EUA com outras nações.
Susan Walsh/AP |
Hillary Clinton cumprimenta senadores do Comitê de Relações Exteriores, que deve aprová-la para secretária de Estado |
Em sabatina no Senado para confirmar sua nomeação ao principal cargo da diplomacia americana, a ex-rival de Obama afirmou que os EUA --e o mundo-- enfrentam grandes ameaças.
"A ameaça da mudança climática, das doenças pandêmicas, do risco nuclear, dos ataques em Gaza, da cólera no Zimbábue, os piratas que se moldaram aos tempos modernos na África", listou Hillary, que repetiu diversas vezes durante o discurso inicial a importância de os EUA ajudarem no desenvolvimento mundial. "O nosso poder e o nosso status nos deram uma grande responsabilidade humanitária".
Hillary começou a se preparar para a audiência há vários dias, estudando as respostas que dará a perguntas que podem minar sua confirmação no cargo, como as sobre os negócios de seu marido, Bill Clinton, no Oriente Médio que pode parecer um conflito ético.
Contudo, os democratas estão tão confiantes que Hillary será confirmada ao cargo que só programaram um dia de audiência.
No discurso inicial, Hillary destacou ainda que a nova administração fará "todos os esforços" para alcançar a paz entre israelenses e palestinos e afirmou que o conflito amplia as tensões em todo Oriente Médio.
No 18º dia consecutivo da grande ofensiva militar israelense contra alvos do movimento islâmico radical Hamas na faixa de Gaza, ao menos 900 palestinos foram mortos. Obama preferiu ficar longe das negociações de um cessar-fogo e disse que os EUA tem apenas um presidente por vez.
Renovação
Hillary disse também que vai renovar a potência dos EUA através de uma diplomacia que fortaleça a segurança, faça progredir os interesses americanos e reflita os valores do país.
"Nós precisamos usar o que tem sido chamado de "poder inteligente", [usar] todas as ferramentas disponíveis. Com "poder inteligente", a diplomacia estará na vanguarda da política externa", disse Hillary, se referindo ao termo utilizado pelos americanos para indicar a desmilitarização da política externa dos EUA, uma das principais expectativas de mudança com a saída do presidente George W. Bush e a chegada de Obama.
A ex-primeira-dama afirmou também que as ameaças do século 21 "não podem ser contidas por fronteiras ou grandes distâncias" --um argumento muito utilizado por Obama-- e que a lição dos últimos 20 anos pe de que o mundo deve agir junto contra os problemas e para tal os EUa precisam ter mais amigos e menos inimigos.
"Nós [Hillary e Obama] acreditamos que a política externa deve se basear em fatos e evidências e não em emoções", disse Hillary, em uma crítica indireta à política externa militarista de Bush.
"Política externa precisa se basear no casamento de princípios e pragmatismo, não ideologia rígida", disse Hillary.
Assim, a ex-primeira-dama prometeu aos senadores levar um pensamento mais progressista e uma "diplomacia sustentável" ao Departamento, "pressionando onde necessário, mas fazendo parcerias com ONGs, setor privado e comunidade internacional, usando tecnologia moderna e valorizando os negociadores que podem nos ajudar".
"Diplomacia é trabalho duro, mas quando se trabalha duro podemos alcançar resultados", disse Hillary, que defendeu a ampliação dos recursos federais destinados ao Departamento de Estado e a Agência Americana de Desenvolvimento Internacional.
Com agências internacionais
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