Putin confirma que delator dos EUA está em aeroporto de Moscou
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou nesta terça-feira que Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento de dados de telefones e internet feito pelos Estados Unidos, está na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.
O delator chegou à cidade no domingo (23), após deixar Hong Kong. A saída aconteceu um dia após a Casa Branca pedir sua extradição por vazar informações sobre os programas de monitoramento da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês).
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Segundo o WikiLeaks, Snowden está a caminho do Equador, país ao qual pediu asilo diplomático. O site diz que ele seguirá uma "rota segura", provavelmente passando por Cuba antes de ir ao país sul-americano. Porém, o informante não embarcou nos dois voos com destino a Havana que saíram de Moscou desde segunda.
Em entrevista durante visita à Finlândia, Putin disse que foi uma "absoluta surpresa" a chegada de Snowden ao aeroporto. No entanto, ele não fez os trâmites da imigração no terminal, pelo que oficialmente não está em território russo.
O mandatário negou que a Rússia vá extraditar o informante, que para ele é um homem livre e tem o direito de escolher ir para o lugar que quiser, assim que for possível. "Ele chegou como passageiro em trânsito e não precisa nem de visto nem de nenhum outro documento. Pode voar para onde der na telha".
Para Putin, são "um disparate" as acusações de que Snowden seria um informante do serviço secreto russo. Mesmo dizendo que não vai extraditar o informante, o presidente russo disse esperar que o incidente não provoque uma ruptura nas relações diplomáticas entre os dois países.
Embora não tenha dado apoio explícito, Putin deu indicações de que apoia as iniciativas do delator, assim como o vazamento de informações feito pelo fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
"Eles se consideram ativistas de direitos humanos e dizem que estão brigando para difundir informação. Perguntem-se isso: deveríamos entregar essas pessoas? Em todo caso, prefiro não lidar com essas questões, porque é como tosquear um porco --muito grito e pouca lã".
EUA
Moscou e Washington não têm tratado de extradição, motivo pelo qual a Rússia pode decidir se envia ou não o delator aos Estados Unidos. Mais cedo, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu que Moscou leve em consideração as leis internacionais para entregar o delator e disse não desejar um conflito com a Rússia.
"Eu gostaria de pedir pela calma e a racionalidade. Esperamos que a Rússia não fique do lado de um fugitivo da Justiça", afirmou nesta terça-feira.
Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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