Islamitas destroem sede do governo e delegacias em protesto no Egito
Aliados do presidente deposto do Egito Mohammed Mursi destruíram nesta quinta-feira a sede do governo da Província de Giza, próxima ao Cairo, e atacaram delegacias em todo o país durante protestos contra a operação policial que desmontou acampamentos na capital egípcia que, segundo o governo, já deixou 638 mortos.
Na ofensiva de ontem, houve confrontos violentos em diversas partes do Egito, em especial na capital, onde foram desalojadas as duas ocupações feitas pelos islamitas desde 3 de julho, quando o presidente Mohammed Mursi foi deposto após uma ação militar.
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Até a noite desta quinta, o Ministério da Saúde elevou para 638 o número de mortos e para mais de 4 mil o número de feridos após o massacre durante a ofensiva policial de quarta-feira. Segundo o porta-voz da pasta, Mohamed Fathalah, pelo menos 200 pessoas morreram na praça de Rabia al Adawiya, onde ficava o maior dos acampamentos.
Segundo a televisão estatal, o prédio atacado por manifestantes que faziam um protesto na região com coquetéis molotov, dando início a um incêndio. No centro do Cairo, milhares de islamitas protestam contra as mortes na operação policial.
Em Alexandria, segunda maior cidade do país, os aliados de Mursi começaram a manifestação pela manhã e pararam para a oração do meio-dia. Ao saírem do templo, entraram em confronto com liberais, favoráveis à ação policial, no bairro de Sidi Bishr, onde houve um tiroteio.
Em seguida, os islamitas tentaram atacar a igreja dos Dois Santos, uma das principais da cidade e que foi alvo de um atentado na véspera do Natal de 2011. De acordo com a televisão estatal, pelo menos quatro pessoas morreram.
Ontem, mais de 25 pessoas morreram durante os protestos na cidade. Duas delegacias e o prédio da nova Biblioteca de Alexandria, no mesmo local da construída pelo Império Romano, foram atacados.
Durante a manhã, três policiais morreram durante um ataque a uma delegacia do bairro de Heluan, no sul do Cairo. Outra delegacia foi atacada no bairro de Abu Zaabal, na Província de Al Qaliubiya, ao norte do Cairo, e dois policiais morreram em novas ações contra as forças de segurança na Península do Sinai.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CONVOCAÇÃO
Os confrontos acontecem após a Irmandade Muçulmana convocar novas manifestações para esta quinta-feira. O porta-voz da entidade, Gehad el-Haddad, pediu que os manifestantes participem em massa dos funerais, incluindo o maior deles, na mesquita de Al Iman, no Cairo.
Pelo microblog Twitter, o representante disse que o movimento sofreu "um golpe muito duro" no massacre e que a coordenação central foi perdida após dois líderes serem baleados. Para ele, a raiva de seus militantes "está fora de controle" após a ação policial.
O movimento muçulmano considera que foi vítima de um golpe de Estado e se recusa a aceitar as exigências do governo interino, que é comandado por Adly Mansour e apoiado pelos militares. Desde a deposição, Mursi é mantido em uma instalação militar desconhecida, sem poder se comunicar com aliados e familiares.
A alta comissária da ONU para direitos humanos, Navi Pillay, pediu investigação "independente, imparcial, efetiva e crível" sobre as mais de 500 mortes registradas nos confrontos e a condenação de todos os culpados pela violência em ambos os lados.
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