Islamitas usam perfumes para disfarçar cheiro dos mortos no Cairo
Um dia depois do massacre que deixou ao menos 638 mortos no Egito, islamitas velam nesta quinta-feira seus mortos em meio ao agravo da crise política no país.
Dezenas de corpos têm sido carregados para a mesquita de Imam, no Cairo, onde familiares lamentam as perdas e legistas identificam os cadáveres.
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Os corpos são mantidos enrolados em panos brancos, manchados pelo sangue das feridas. No ar carregado, o cheiro da putrefação se mistura com o dos perfumes usados para disfarçar a podridão.
Abdallah Muhsein, 21, chorava pelo pai, morto durante a repressão das forças de segurança durante o desmonte do acampamento islamita ao redor da mesquita de Rabia al-Adawiya.
"Nós estávamos nas ruas pela legitimidade", diz. "Meu pai levou um tiro no ombro e o outro nas costas."
Membros da Irmandade Muçulmana e simpatizantes da organização, da qual faz parte o presidente deposto Mohammed Mursi, afirmavam à Folha que vão permanecer nas ruas até retomar o governo --hoje liderado temporariamente por Adly Mansur, após o golpe de Estado de 3 de julho.
"Vamos protestar todos os dias", diz o professor de inglês Muhammad Gamal, 31. "Toda gota de sangue derramada faz mais pessoas virem às ruas."
Após o massacre de quarta (14), as ruas do Cairo estavam ontem excepcionalmente vazias, com negócios fechados. Mas, com a abertura de vias bloqueadas por semanas por islamitas, a cidade tentava voltar a seu ritmo habitual.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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