Países islâmicos protestam em apoio a Irmandade Muçulmana do Egito
Milhares de islamitas em três países protestaram nesta sexta-feira contra o massacre durante a operação da polícia que desalojou acampamentos da Irmandade Muçulmana no Cairo, que terminaram em um massacre que deixou mais de 600 mortos.
Os islamitas egípcios protestam contra a queda do presidente deposto Mohammed Mursi, em 3 de julho. O mandatário foi retirado do poder pelos militares, que montaram um governo interino composto por liberais. Nesta sexta, convocaram novos protestos, no chamado "dia da cólera", que deixaram dezenas de mortos.
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Na Tunísia, cerca de 1.500 pessoas fizeram uma manifestação pacífica na principal avenida da capital Túnis, saindo da oração do meio-dia na principal mesquita da cidade. Eles protestavam contra o governo interino, a queda de Mursi e condenavam a ação militar e a postura dos Estados Unidos em relação ao massacre.
A irritação com os militares egípcios e o apoio de países do golfo Pérsico como a Arábia Saudita ao governo interino foram o motivo para centenas de pessoas saírem às ruas de Amã, na Jordânia, também depois da celebração do dia sagrado muçulmano.
O evento foi convocado pela Frente de Ação Islâmica, braço político jordaniano da Irmandade Muçulmana. Na Indonésia, maior país islâmico do mundo, milhares de pessoas em diversas cidades do país se manifestaram contra o governo egípcio.
O presidente do país, Susilo Bambang Yudhoyono, pediu, em seu discurso de estado da nação, que a força excessiva usada nos protestos no Egito é contra os valores democráticos e da humanidade. Ele ainda fez um chamado para que se chegue a uma solução entre os dois partidos.
ARÁBIA SAUDITA
O rei saudita Abdullah pediu aos árabes nesta sexta-feira que fiquem juntos contra "tentativas de desestabilizar" o Egito, em uma mensagem de apoio à liderança militar egícpia e num ataque à Irmandade Muçulmana.
"O reino da Arábia Saudita, seu povo e governo, permaneceu e permanece hoje com seus irmãos no Egito contra o terrorismo", disse o rei em mensagem lida na televisão saudita, em uma aparente referência aos confrontos entre a Irmandade Muçulmana e a polícia.
"Todos aqueles que se intrometem nas questões internas do Egito estão inflamando a agitação", disse ele, acrescentando que o país norte-africano enfrenta "uma conspiração de golpistas" que tentam atacar sua unidade e estabilidade.
O país prometeu US$ 5 bilhões (R$ 12 bilhões) em ajuda ao Egito depois que Mursi foi derrubado. A declaração do rei Abdullah foi o primeiro comentário da Arábia Saudita sobre a crise política no Egito, um país que é visto como um aliado vital contra o xiita Irã e os grupos islâmicos antiocidentais.
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