Fazendeiro é novamente apontado como mandante de chacina por réu confesso
A situação do fazendeiro Norberto Mânica, suspeito de ser um dos mandantes da chacina de Unaí, se complicou ainda mais na noite desta quinta-feira (29). O terceiro dia do julgamento do caso contou com o depoimento de um dos acusados matar quatro funcionários do Ministério do Trabalho.
Invocando o benefício da delação premiada para ter redução de pena, Erinaldo de Vasconcelos Silva disse que recebeu entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para matar o auditor Nelson José da Silva. Na hora da ação, disse ele, a ordem era para matar quem estivesse junto do fiscal.
É a segunda vez que um réu acusa o fazendeiro na esperança de se beneficiar de uma delação premiada.
Erinaldo disse que contratou os outros dois réus acusados de terem matado os servidores do governo federal. O homem afirmou no julgamento que matou ao menos duas das vítimas.
Ele disse que foi contratado por um dos três intermediários e que, quando esteve preso em Brasília com Norberto Mânica, recebeu diretamente do fazendeiro a oferta de R$ 100 mil para assumir o crime, valor que subiu depois para R$ 300 mil (dinheiro e uma carreta).
Cerca de um mês depois do crime, ele afirmou que Norberto lhe propôs matar outra pessoa no Paraná. Em depoimento anterior ao Ministério Público Federal, Erinaldo apontou como mandante, além de Norberto, o irmão dele, Anterio Mânica.
Na quarta-feira, segundo dia de julgamento, o intermediário Hugo Pimenta, sob o benefício da delação, também disse que Norberto era o mandante.
O advogado dele, Alaor de Almeida Castro, nega as acusações e diz que vai provar a inocência do seu cliente no julgamento que deverá acontecer no mês que vem. Marcelo Leonardo, advogado de Anterio Mânica, também nega envolvimento do seu cliente.
Os três acusados de terem matado os três fiscais e o motorista do governo estão presos desde 2004. O julgamento deles pode terminar nesta sexta.
Os irmãos Mânica aguardam o julgamento em liberdade. Além deles, vão ainda a julgamento dois intermediários. Um terceiro intermediário já morreu.
Os irmãos Norberto e Anterio Mânica são produtores rurais no noroeste mineiro. Anterio foi prefeito de Unaí por dois mandatos. Segundo a acusação, eles andavam insatisfeitos com a fiscalização trabalhista promovida pelo Ministério do Trabalho nas terras deles e por isso mandaram matar os funcionários do governo.
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