Júlio Delgado será relator de processo por quebra de decoro contra Vargas
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) será o relator do processo por quebra de decoro parlamentar contra o vice-presidente da Câmara, o deputado licenciado André Vargas (PT-PR), que foi aberto na tarde desta quarta-feira (9) pelo Conselho de Ética da Casa.
Esta não é a primeira vez que o deputado mineiro tem em mãos um caso polêmico para analisar. Em 2005, ele foi o relator do processo contra o ex-ministro José Dirceu, que na época era deputado e acabou sendo cassado pelo plenário da Casa.
Delgado foi escolhido pelo presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), a partir de uma lista tríplice. De acordo com Izar, a escolha se deu pela experiência do deputado mineiro.
Delgado afirmou que irá apresentar na semana que vem o parecer pela admissibilidade do processo. "Neste caso em questão nós temos muitas provas públicas e notórias e nós vamos trabalhar neste prazo garantindo o amplo direito de defesa ao deputado André Vargas", afirmou.
Somente após a votação e aprovação deste relatório, é que o Conselho de Ética inicia o processo de investigação. "A cada dia surgem novas denúncias sobre o envolvimento dele com o doleiro. O fato de ele ter vindo à tribuna na semana passada e disse que não tinha nada mais profundo na relação dele com o doleiro, e depois a gente fica sabendo que há relações mais profundas já demonstra claramente que ele admitiu no próprio plenário", afirmou.
O processo por quebra de decoro parlamentar foi aberto na tarde desta quarta pelo Conselho de Ética da Casa. O colegiado investigará as denúncias do envolvimento do petista com o doleiro preso Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O petista está sob intensa pressão desde que a Folha revelou que uma viagem sua de jatinho, de Londrina a João Pessoa, com familiares, foi paga pelo doleiro. Eles também conversaram sobre a negociação de um laboratório com o Ministério da Saúde.
A defesa de Vargas terá dez dias para apresentar sua defesa prévia e indicar até cinco testemunhas de defesa. Ao longo do processo, ele poderá ir pessoalmente ao colegiado.
Durante a reunião, o PT tentou uma manobra para remeter o processo à Corregedoria da Casa, o que atrasaria uma investigação que possa levar à perda do mandato. "Eu acho que todas as medidas protelatórias vão ocorrer mas eu já antecipo que o prazo de 90 dias é suficiente para que a gente possa ter a conclusão do processo", disse deputado Zé Geraldo (PT-PA). Ele apresentou uma questão de ordem para remeter o processo à Corregedoria da Casa, que analisaria as denúncias e aprofundaria uma investigação antes de iniciar um processo disciplinar.
Para o petista, a representação apresentada pelos partidos da oposição PSDB, DEM e PPS não apresenta provas concretas suficientes para embasar o procedimento. "Não há nenhuma prova concreta trazida aos atos que condene o deputado André Vargas. Torna-se claro que tais matérias não podem se constituir em prova legítima para se abrir um processo contra qualquer cidadão. Poderemos de forma açodada e precipitada condenar um inocente", afirmou.
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