Parece mesmo que a tecnologia 5G (quinta geração para redes móveis e de banda larga) só vai chegar ao Brasil quando o sargento Garcia pegar o Zorro. Novamente, foi adiada a votação da versão final do edital da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para o leilão do 5G, devido ao pedido de vistas de um conselheiro, por divergência sobre itens como a construção de uma rede privativa governamental com esta tecnologia.

Sim, porque o governo federal teme arapongagem, e quer uma linha privativa. Paranoias à parte, o consumidor continua sendo privado de uma banda larga melhor, o que afeta negócios, estudos e lazer.

Para os mais jovens, explico a referência acima: o Zorro era um personagem de ficção, um vigilante mascarado que defendia a população mais pobre e indígenas da então Califórnia espanhola. O simpático sargento Garcia tentava prendê-lo sem sucesso. Esta perseguição virou sinônimo de algo que não vai acontecer.

Em junho, estudo apontava que o 5G já havia chegado a 65 países. No Brasil, não. E, pelo andar da carruagem, ainda vai demorar. Mas como, se as operadoras já anunciam e oferecem 5G aqui, você poderia perguntar. Na verdade, há uma modalidade 5G DSS, melhor do que o 4G, mas ainda abaixo da velocidade do 5G real.

Estamos, portanto, nos atrasando em tecnologia, ao mesmo tempo em que o país sofre com a fuga de cérebros, ou seja, de pesquisadores e cientistas. Em 2019, o Brasil estava na posição 45 dentre os países que mais mantinham profissionais qualificados. Em 2020, caiu 25 posições, para 70º lugar. Também descemos 28 lugares dentre as nações que mais atraem talentos.

Isso não aconteceu por acaso. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações vem sofrendo cortes expressivos de verbas nos últimos anos. Sem 5G e com perda expressiva de pesquisadores, vamos mal nos requisitos essenciais para um país se destacar em um mundo cada vez mais tecnológico. Realidade para deixar qualquer astronauta perdido no espaço.