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Brasil pode levar 2.188 anos para titular terras quilombolas com processos no Incra, diz levantamento

Terra de Direito alerta para o fato de que poucos processos abertos no órgão chegam à etapa final

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Se o Estado brasileiro mantiver o atual ritmo de regularização dos territórios quilombolas, serão necessários 2.188 anos para titular integralmente os 1.802 processos abertos no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mostra um levantamento da entidade Terra de Direitos. O estudo foi realizado a partir de dados do órgão federal e leva em consideração registros feitos até abril deste ano.

Desde 1988, quando o direito ao território quilombola foi reconhecido pela Constituição, 53 áreas foram tituladas (parcial ou totalmente) pelo Incra. A soma não considera processos de atribuição de estados e municípios ou de comunidades que não tiveram certificação da Fundação Palmares.

Placa na entrada dos quilombos Kaonge e Dendê, na região do Vale do Iguape, na Bahia - Rafaela Araújo - 18.mar.2023/Folhapress

Do total de títulos emitidos pelo Incra, 25 são parciais, ou seja, compreendem apenas parte da área reivindicada. Dentro desse grupo, em oito deles o título abrange menos de 15% da área total requerida pelos povos tradicionais.

O território Brejo dos Negros, localizado em Brejo Grande (SE), por exemplo, detém o título de apenas 0,24% do território apontado no processo administrativo.

Ainda de acordo com o levantamento, caso seja considerado o avanço de titulações parciais dos territórios quilombolas com processos na autarquia federal, o tempo necessário para a titulação é de 1.156 anos.

A Terra de Direito também chama atenção para o fato de que poucos processos abertos no Incra chegam à etapa final —ao todo, apenas seis foram concluídos. De acordo com dados do órgão, 2.849 comunidades foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares, que é o primeiro passo do processo.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o Incra emitiu seis títulos, todos parciais. O primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi o período em que mais terras foram concedidas, com 14 títulos.

"Diante da redução completa do orçamento para titulação quilombola, da fragilização da política territorial e omissão do Estado nos últimos anos, as comunidades tiveram como única alternativa o acionamento da Justiça para avanço da regularização fundiária", diz a assessora jurídica da Terra de Direitos, Kathleen Tiê.

"Só houve seis títulos emitidos no último quadriênio porque as comunidades acionaram a Justiça, que exigiu a titulação pelo governo."

BALANÇO

A presidente do STF (Supremo Tribunal Fed eral), Rosa Weber, participou e discursou durante o lançamento do Anuário da Justiça Brasil 2023, editado pela Conjur. O evento foi realizado na sede da mais alta corte do país, em Brasília, na quarta-feira (10). Os ministros do STF Gilmar Mendes, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e André Mendonça também estiveram lá, assim como a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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