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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Empresários das famílias de Riachuelo e Giraffas desistem de eleição em recuo do setor privado na política

Clima de renovação que levou empresariado à corrida em 2018 perde fôlego em 2022

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São Paulo

A onda de engajamento dos empresários na política, de que tanto se falou nas eleições de 2018, murchou em 2022.

Grandes nomes como Flávio Rocha, da Riachuelo, que foi pré-candidato à Presidência pelo PRB na eleição passada, não pretendem se envolver diretamente nesta corrida. Ele defendia, anos atrás, que o empresariado precisava "sair da moita" politicamente.

O sobrinho de Flávio Rocha, Gabriel Kanner, que tentou ser deputado federal na época, também se recolhe agora. Kanner chegou a ganhar projeção na liderança de um grupo de empresários chamado Brasil 200 para defender suas posições sobre as reformas da Previdência e tributária no Congresso, mas se afastou da causa recentemente.

O presidente Jair Bolsonaro, ao lado do empresário Flávio Rocha, durante lançamento da Campanha Semana Brasil, de incentivo ao comércio, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/ Folhapress

Na época, o movimento era atribuído pelos próprios empresários a um senso de missão e indignação. O vetor parece ter sido canalizado em outra direção neste ano. Na opinião de Kanner, as dificuldades da pandemia podem ter influenciado a decisão de alguns empresários, que precisaram focar os negócios.

"No meu caso, tem havido muita oportunidade no setor privado de trabalhar com vários projetos de geração de emprego e renda para o desenvolvimento no sertão, no Nordeste, e também nas favelas. Estamos desenvolvendo muitos negócios com potencial", afirma Kanner.

Eduardo Mufarej, fundador do Renova BR, escola de formação política para candidatos, diz que vê um campo menos aberto do que quatro anos atrás.

Outro nome que fez barulho na eleição passada, João Amoêdo desistiu em meio a um racha entre bolsonaristas e anti-bolsonaristas no Partido Novo, que ele mesmo fundou com a simpatia de parte expressiva do empresariado.

Em conversas reservadas, um acionista de grande empresa experiente em eleições atribui o recuo à percepção de que ficou alto demais o custo de oportunidade ao se aproximar da política. O risco de manchar a imagem pessoal e prejudicar os negócios é elevado, diz ele.

A fraqueza da terceira via e a decepção com o avanço do centrão no governo também contribuíram para espantar ambições políticas no setor privado, definhando o clima de renovação de 2018.

Candidato ao governo do Distrito Federal em 2018, Alexandre Guerra, da família dona do Giraffas, diz que não vai se lançar neste ano devido aos projetos internos de seus negócios. Ele afirma que há certo desânimo com questões como o fundo partidário, mas que ainda há empresários colocando seus nomes e que ele próprio segue entusiasmado com seu partido, o Novo.

O empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas, que lá em 2018 ganhou o apelido de "vice dos sonhos" ao receber convites de Lula para ocupar a vaga de vice na chapa do PT e também foi cotado para ser vice de Geraldo Alckmin na corrida, agora quer distância das urnas. Neste ano, ele assumiu a presidência da Fiesp dizendo que não vai adotar na entidade qualquer direcionamento político, e que teve o cuidado de se desfiliar do seu partido, o MDB, no final do ano passado, antes de iniciar o mandato.

O desapontamento não se resume aos cargos eletivos. Salim Mattar, da Localiza, que deixou a secretaria de privatização do governo Bolsonaro, saiu reclamando da dificuldade em vencer o establishment.

Eleito em 2018 na esteira do engajamento empresarial da época, o deputado federal Vinicius Poit (Novo-SP), que neste ano concorre ao governo de SP, diz que faltam representantes dos negócios de pequeno porte na política. "Precisa ter mais empreendedores, pequenos empresários. O cidadão que está na ponta está mal representado", diz.

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