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Descrição de chapéu Entrevistas históricas

Entrevistas históricas revelam múltiplas visões de mundo

Declarações dadas a repórteres da Folha nos últimos 100 anos abordam crises, denúncias, humor, gafes e reflexões

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São Paulo

Situada a meio caminho entre a arte de conversar e a técnica de pesquisa, apuração e cruzamento de informações, a entrevista é uma das principais matérias-primas do jornalismo profissional.

Diária e rotineiramente, repórteres da Folha, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, contactam centenas de fontes, de variados perfis, em busca de depoimentos, explicações, contextos, pontos de vista e também denúncias que ajudem a lançar luz sobre o funcionamento de vacinas, os bastidores de Brasília, os movimentos do mercado financeiro e as novidades do mundo do entretenimento, entre tantas outras.

Seja pela importância do próprio entrevistado, caso de John Kennedy (1960, logo após eleição), seja pelo valor da informação que vem à tona no diálogo entre fonte e repórter –caso da denúncia do mensalão feita por Roberto Jefferson em 2005–, algumas dessas entrevistas se tornam históricas.

A seguir, confira uma seleção de declarações colhidas em 20 entrevistas de destaque na história do jornal, com personalidades que vão de Albert Camus a Elis Regina, e de Darcy Ribeiro a Mikhail Gorbatchov. ​

Para vacinar toda uma população numerosa como a de São Paulo, por meio de injeções repetidas, seria necessário um esforço formidável da parte das autoridades sanitárias e isso seria realizável no decorrer de longo tempo

Vital Brazil, médico sanitarista e primeiro diretor do Instituto Butantan, em 1925

sobre as dificuldades da campanha vacinal contra o tifo em São Paulo na época

Vital Brazil examina paciente - Acervo Histórico Instituto Butantan

Leia entrevista completa com Vital Brazil.


Não poderemos nos quedar alheios e distraídos. Nem o momento comporta atitudes de indiferença. Não durmamos, pois, que a paz será uma realidade, ela que, agora, não passa de uma promessa

Albert Camus, escritor franco-argelino, vencedor do Nobel de Literatura, em 1949

sobre o mundo pós-Segunda Guerra Mundial

Albert Camus depois de ganhar prêmio pelo romance "A Peste" - AFP - 13.jun.1947

Leia entrevista completa com Albert Camus.


Precisamos aumentar muito nosso esforço científico em todas as direções, melhorar o nosso sistema de educação, estabilizar a nossa economia e, ao mesmo tempo, promover o seu crescimento

John F. Kennedy, 35º presidente dos Estados Unidos, em 1960

em entrevista ao enviado especial Louis Wisnitzer dias após sua eleição, ao comentar a vantagem que a União Soviética abrira, na corrida espacial que marcou o período, com o programa Sputnik; JFK seria assassinado em 1963, antes de completar o mandato

O presidente dos EUA, John F. Kennedy, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, em 1963 - Reuters/JFK Presidential Library/The White House

Leia entrevista completa com John Kennedy.


Anistia, por definição, é total, é absoluta. Mas eles dizem que é perigoso… Ora, ora, perigo… Existe perigo maior do que a idolatria da segurança nacional?

Dom Hélder Câmara, arcebispo emérito de Recife e Olinda, em 1978

em entrevista a Sérgio Pinto de Almeida, um ano antes de a Lei da Anistia ser sancionada no Brasil

Dom Hélder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda e fundador da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) - Folhapress

Leia entrevista completa com Dom Hélder Câmara.


Eu não vou dar uma entrevista a vocês. O que nós vamos ter aqui é uma conversa

João Baptista de Oliveira Figueiredo, último presidente da ditadura militar, em 1978

momentos antes de começar uma entrevista que duraria 1h30 aos repórteres Getúlio Bittencourt e Haroldo Cerqueira Lima, impedidos de gravar ou tomar notas; a entrevista foi toda reproduzida de memória no jornal, enfurecendo o general, que pensou ter sido gravado sem saber

Vejam se em muitos lugares no Nordeste o brasileiro pode votar bem, se ele não conhece noções de higiene?

em série de perguntas sobre democracia e direito ao voto

Talvez essas análises estejam até corretas e meu governo venha a ser politicamente fraco e militarmente fraco. Mas eu quero pagar para ver

quando Figueiredo era chefe do SNI (Sistema Nacional de Informações), antes de se tornar o último presidente da ditadura militar

O ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, em São Paulo - Hélcio Toth/Folhapress

Leia entrevista completa com Figueiredo.


Temo que o represamento, tão demorado, da participação política das novas gerações venha a provocar o acirramento do radicalismo, logo no início da vida política nacional sem o AI-5. Temos que reunir uma poderosa aliança democrática

Tancredo Neves, político mineiro e primeiro presidente civil após a ditadura militar, morto antes de assumir o cargo

em entrevista a Mauro Santayana, em 1978; recém-eleito senador por Minas Gerais, Tancredo começava a se desenhar como fiador da transição para a democracia

Se eu fosse presidente da República, decretaria, em primeiro lugar, a anistia

O regime implantado em 1964 ignorou todos os anseios nacionais de renovação

O presidente eleito Tancredo Neves durante entrevista em Brasília - Moreira Mariz - 11.fev.1985/Folhapress

Leia entrevista completa com Tancredo Neves.


Fiquei com crise de supermulher, Mulher Maravilha, durante algum tempo. Eu rodopiava, falava 'Shazam' e estava tudo certo. Quer dizer, não precisava nem rodopiar. Eu cantava e o mundo desabava

Elis Regina, cantora, em 1979

sobre os primeiros anos após a explosão da fama, em entrevista a Helô Machado, Luis Fernando Rodrigues e Osvaldo Mendes

Não tem gravadora brasileira, sabe? Eu preciso vender meu peixe, eu vivo disso. O dia que tiver uma gravadora brasileira periga todo mundo ir pra lá, mas ela não pintou ainda

sobre a dependência de gravadoras internacionais na música brasileira

Elis Regina em entrevista - Gil Passarelli - 13.jul.1981/Folhapress

Leia entrevista completa com Elis Regina.


O meu teatro não seria o que é nem eu seria como sou se eu não tivesse sofrido na carne e na alma, se eu não tivesse chorado até a última lágrima de paixão o assassinato do Roberto

Nelson Rodrigues, dramaturgo, escritor e jornalista, em 1979

em entrevista a Lourenço Diaféria, sobre o impacto do assassinato de seu irmão em sua vida e obra

Nelson Rodrigues durante entrevista, em 1974 - Folhapress

Leia entrevista completa com Nelson Rodrigues.


Não sou crítico de coisa nenhuma, sou é brasileiro

Paulo Freire, pedagogo e educador popular, em 1979

na sua primeira entrevista no Brasil após 15 anos de exílio, à jornalista e amiga Ione Cirilo

O educador Paulo Freire - Bel Pedrosa/Folhapress

Leia entrevista completa com Paulo Freire.


Os trabalhadores, e mesmo Lula, são oprimidos; agora ele necessita da consciência de que tal independência é necessária aos oprimidos por razões raciais

Abdias do Nascimento, dramaturgo, político, professor e artista plástico, em 1981

em entrevista a Hamilton Cardoso, sobre sua opção de adesão ao PDT em detrimento ao PT, que não teria dado “o espaço necessário” para o movimento negro se desenvolver

Abdias do Nascimento, aos 96, em entrevista à Folha no Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, fundado por ele - Fernando Rabelo/Folhapress

Leia entrevista completa com Abdias do Nascimento.


Não há ‘Nova República’ nenhuma. Está tudo igual como antes. Os jornais diziam: reconquistamos a democracia, acabou o militarismo e temos uma República nova. São três mentiras

Luís Carlos Prestes, ex-senador e líder comunista, em 1986

em entrevista a João Batista Natali, após o fim da ditadura militar no Brasil

O poder militar continua intacto. As Forças Armadas, em qualquer democracia burguesa, são um instrumento do Estado. Aqui no Brasil é ao contrário. Elas tutelam os poderes do Estado. O poder militar é a única força organizada no Brasil

sobre o poder dos militares na transição da ditadura para o poder civil após 1985

Luís Carlos Prestes, em entrevista à Folha, em 1986 - Folhapress

Leia entrevista completa com Luís Carlos Prestes.


Voltei de Moscou correndo porque estava certo que tinha um tumor no cérebro. E aí vi que não era nada disso. Vi que era a União Soviética, o Muro de Berlim, aquilo tudo caindo na minha cabeça

Jorge Amado, escritor, em 1991

em entrevista a Alcino Leite Neto e Marilene Felinto

Jorge Amado, escritor, em 1991 na cidade de São Paulo - Niels Andreas - 3.jul.1991/Folhapress

Leia entrevista completa com Jorge Amado.


Assim como não funcionou antes, não funciona agora. É preciso, antes de mais nada, garantir a democracia

Gorbatchov, último presidente da União Soviética, em 1992

sobre o embate entre stalinistas, de um lado, e o movimento de privatizações desenfreadas na Rússia após o fim do bloco soviético, em entrevista a José Arbex Jr.

Ninguém tem a resposta pronta. O principal é que cada indivíduo tenha o direito de optar, o direito de se organizar como quiser e de expressar suas opiniões. Esse é o ponto básico. O resto se discute

sobre democracia e as propostas de condução da economia russa

Gorbatchov em entrevista no Rio de Janeiro, em 1992 - Luciana Whitaker - 6.dez.1992/Folhapress

Leia entrevista completa com Gorbatchov.


O que estava ali era sabido: que o Brasil não era explicável, por faltar uma teoria para explicar o Brasil. Os EUA não precisam disso, eles podem tomar as teorias europeias para explicar o passado deles. Mas aqui a coisa foi diferente

Darcy Ribeiro, antropólogo, em 1995

em entrevista a Marcos Augusto Gonçalves, sobre o seu livro “Os Brasileiros”, escrito em 1968 e não publicado

Como não fui domesticado e não domestiquei ninguém, fiquei com um espaço de liberdade que poucos têm

sobre ter ficado órfão de pai aos 3 anos e não ter tido filhos

Todas as cidades do mundo amam os seus rios: Londres, Paris, Nova York. São Paulo é a única que não ama. O Pinheiros e o Tietê foram convertidos num fosso sanitário para carregar bosta de paulista

O antropólogo Darcy Ribeiro durante entrevista em São Paulo - Luzia Ferreira - 25.mai.1995/Folhapress

Leia entrevista completa com Darcy Ribeiro.


Lutei contra o velho colonialismo, contra o neocolonialismo, e acho que devemos estar vigilantes contra o surgimento deste novo neocolonialismo, baseado no poder econômico e no poder da tecnologia. A dominação ainda existe, mas numa forma diferente

Vo Nguyen Giap, general vietnamita que venceu os EUA na Guerra do Vietnã

em entrevista a Jaime Spitzcovsky, em 1995

A nação estava absolutamente determinada a lutar por sua independência nacional e liberdade. Costumo dizer que o poder militar e econômico tem seus limites. O poder maior está no homem, na nação

General vietnamita Vo Nguyen Giap, aos 92, em sua casa em Hanoi em 2004 - Reuters/Kham

Leia entrevista completa com Vo Nguyen Giap.


Um pouco antes de o Martinez [José Carlos Martinez, presidente do PTB morto naquele ano] morrer, ele me procurou e disse: Roberto, o Delúbio [Soares, tesoureiro do PT] está fazendo um esquema de mesada, um mensalão, para os parlamentares da base

Roberto Jefferson, político, em 2005

na entrevista a Renata Lo Prete em que revelou o esquema do mensalão durante o governo Lula

O Zé [José Dirceu] deu um soco na mesa: ‘O Delúbio está errado. Isso não pode acontecer. Eu falei para não fazer’. Eu pensei: vai acabar. Mas continuou

O presidente Lula chorou. Falou: ‘Não é possível isso’. E chorou

Eu sempre disse aos meus companheiros, e eles são testemunhas desde o início, [que] o PT não tem coração, só tem cabeça. Ele nos usa como uma amante e tem vergonha de aparecer conosco à luz do dia

Roberto Jefferson em São Paulo, em 2005 - Tuca Vieira - 20.jun.2005/Folhapress

Leia entrevista completa com Roberto Jefferson.


O projeto norte-americano está falindo. A única certeza que podemos ter sobre a atual superioridade norte-americana é que ela será, para a história, apenas um fenômeno temporário, como foram todos os impérios

Eric Hobsbawm, historiador inglês, em 2007

em entrevista a Sylvia Colombo

O historiador marxista britânico, Eric Hobsbawm em sua casa, em Hampstead, em Londres - Eduardo Martino - 26.set.2007

Leia entrevista completa com Eric Hobsbawm.


Somos uma raça em extinção. Nós, humoristas, éramos as pessoas que denunciavam situações que nem todo mundo se dava conta. Você desenhava algo e ia preso. Agora, nada importa

Quino, cartunista argentino criador da personagem Mafalda

em entrevista à Folha em 2010

O desenhista argentino Joaquín Salvador Lavado, o Quino, criador da personagem de história em quadrinhos "Mafalda", no edifício Itália, em São Paulo - Ormuzd Alves/Folhapress

Leia entrevista completa com Quino.


Não abro. Não abro. Se eu fizer isso, minha filha, eu tô dando o fato como consumado. Eu vou brigar até ganhar. Se eu acreditar que o jogo está definido, o que eu estou fazendo nesse país?

Lula, ex-presidente do Brasil, em 2018

sobre abrir espaço para uma candidatura alternativa à sua própria para as eleições daquele ano, em entrevista a Mônica Bergamo

Eu não tenho essa perspectiva nem de me matar nem de fugir do Brasil. E vou ficar aqui

sobre possibilidade de destino parecido com o de Getúlio Vargas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante entrevista exclusiva à Folha, realizado no Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo - Marlene Bergamo - 28.jan.2018/Folhapress

Leia entrevista completa com Lula.

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