Anitta, sertanejos, Pabllo e Caetano brilham na música em ano de guerra cultural
No Brasil, debate político afetou do pop de massa ao rap, enquanto nos EUA o racismo inspirou canções e clipes
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Lá se vai 2018, um ano de fortes emoções na música no Brasil e no mundo.
Nome forte do pop tupiniquim, Anitta lançou cinco vídeos e mirou o exterior. Também fez duetos: de Wesley Safadão ao colombiano J Balvin, passando por Matheus e Kauan e pelo bossanovístico Silva.
A cantora foi indicada pela primeira vez ao Grammy Latino e pode iniciar 2019 em badalada parceria com Madonna.
O funk mostrou força com nomes como MC Kevinho, mas quem imperou foi o sertanejo, da dupla Zé Neto e Cristiano e dos cantores Gusttavo Lima e Marília Mendonça.
O top 20 viu subirem o sambista Ferrugem e estrangeiros como J Balvin, Ariana Grande, Dua Lipa e o rapper Drake.
Também brilharam Iza e Pabllo Vittar —a drag queen foi alvo de ataques em um ano em que a música, como tudo, foi tomada pela política.
Falando nela, este foi o ano em que expoentes do sertanejo assumiram relação com o conservadorismo, em oposição a um rechaço dos MPBistas ao então candidato Jair Bolsonaro sob o mote EleNão.
Anitta e Marília Mendonça aderiram a preço alto: campanhas de ódio e boicote virtual.
Roger Waters também apanhou. O músico inglês fez um dos shows mais falados no país, o impactante “The Wall”, mas irritou seus fãs conservadores ao criticar Bolsonaro.
A memesfera retrucou: eles já deviam saber que o disco homônimo de 1979 nunca foi sobre construção civil.
A nova música brasileira comeu pelas beiradas. Sua produção mais interessante se deu no rap, de onde surgiram Baco Exu do Blues e Edgar.
No campo brasilianista —tentativa de nomear a nova geração entre o rock e a MPB—, cantoras como Maria Beraldo, Ava Rocha, Ana Cañas, Karol Conka e a jovem dupla Anavitória entoaram o feminismo.
Em geral, letras tornaram-se mais politizadas, em contraste com o tilelê “paz e amor” que vigorou nos governos petistas.
A velha guarda deu seus pulos. Erasmo Carlos e Gilberto Gil lançaram ótimos discos, enquanto Caetano Veloso saiu em turnê com os filhos —da empreitada adveio um sucesso do ano, “Todo Homem”.
Entre uma e outra, Elza Soares lançou mais um disco com jovens vanguardistas; “Deus É Mulher” é mais instigante que boa parte da nova geração.
Nos EUA, o racismo foi o tema quente —mais até que o assédio sexual mirado pelo MeToo, que não arrasou a música como a TV e o cinema.
O debate racial pautou Childish Gambino, Janelle Monáe e Beyoncé e Jay-Z, de um já histórico videoclipe no Louvre.
Enquanto isso, Kanye West foi da associação entre escravidão e escolha das vítimas ao fim da amizade com Donald Trump. No meio tempo, lançou o ótimo “Ye”.
Como o Brasil, Kanye não é pra amadores.
Melhores do ano
MPB
Erasmo Carlos
Gilberto Gil
Elza Soares
Sertanejo
Gusttavo Lima
Marília Mendonça
Zé Neto e Cristiano
Naiara Azevedo
Nova música brasileira
Maria Beraldo
Bixiga 70
Luiza Lian
Ava Rocha
Criolo
Baco Exu do Blues
Edgar
Nova onda latina
J Balvin
Maluma
Camila Cabello
Rosalía
Funk
MC Kevinho
MC Loma e as Gêmeas Lacração
MC GW
MC Kekel
Pop gringo
Beyoncé e Jay-Z
Childish Gambino
Janelle Monáe
Ariana Grande
Principais embates
#EleNão x #EleSim
Capitaneada por nomes como Daniela Mercury, a artistosfera de esquerda fez campanha contra Jair Bolsonaro sob o mote EleNão. Marília Mendonça e Anitta aderiram e foram criticadas por apoiadores do presidente eleito
Rouanet, ter ou não ter
A discussão sobre o financiamento da cultura ganhou tons de guerra, com profusão de fake news nas redes sociais e no WhatsApp sobre que artistas usaram recursos captados via lei Rouanet e quanto eles obtiveram
O rap é a verdadeira música popular brasileira?
Com popularidade e relevância minguantes, a MPB tentou recuperar o tempo perdido: artistas como Maria Beraldo e Ana Cañas abraçaram elementos da estética do rap, no qual ascenderam novos nomes, como Baco Exu do Blues e Edgar
Liberdade de expressão x incitação à violência
O choque entre a defesa da liberdade de expressão e acusações de incitação à violência gerou debate no funk. As músicas “Só Surubinha de Leve”, de Mc Diguinho, “Oh Novinha”, de Mc Don Juan, e “Que Tiro Foi Esse?”, de Jojo Maronttinni, foram acusadas de estimular estupro, pedofilia e violência
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