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'Pânico' tira sarro do 'pós-terror', mas demora para engrenar e divertir

Mesmo com duas horas, filme é apressado em meio às autorreferências e à tarefa de inaugurar uma nova sequência

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Pânico

Avaliação: Bom
  • Quando: Estreia nesta quinta (13)
  • Onde: Nos cinemas
  • Classificação: 16 anos
  • Elenco: Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette
  • Produção: EUA, 2022
  • Direção: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett

No cinema, o gênero do terror estava estagnado quando o diretor Wes Craven lançou "Pânico", em 1996. Na década de 1980, o chamado "slasher" —filmes violentos em que um assassino persegue e mata adolescentes libidinosos— havia explodido. Depois de inúmeras sequências e imitações baratas de "Halloween", "Sexta-Feira 13" e "A Hora do Pesadelo", Craven se voltou ao pós-moderno.

Repleto de referências e piadas internas, "Pânico" inovou por ser um filme de terror com consciência de si mesmo. Com roteiro de Kevin Williamson, Craven abordou os tropos narrativos do gênero e de sua obra pregressa —há uma brevíssima participação do diretor vestido com o suéter vermelho e verde de Freddy Krueger, seu próprio bicho-papão.

O sucesso de "Pânico" provocou um nova onda de terror adolescente, com o lançamento de franquias como "Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado", "Lenda Urbana" e "Premonição". Além do original, Craven dirigiu mais três sequências de "Pânico", todas com a atriz Neve Campbell interpretando a "final girl" acossada pelo mascarado Ghostface.

Em pouco mais de 25 anos, o terror já foi reinventado diversas vezes, seja pelo sanguinolento "torture porn", pelo estilo documental do "found footage" ou pela temática racial de Jordan Peele. De volta aos cinemas, mas sem o roteiro afiado de Williamson ou a direção metalinguística de Craven, pode "Pânico" ditar a tendência mais uma vez?

Nesse "Pânico", de 2022 (que também está sendo chamado de "Pânico 5", em continuidade aos títulos originais), dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett —ambos de "Casamento Sangrento" e também conhecidos pelo coletivo "Radio Silence"— um novo assassino se apropria da máscara fantasmagórica. Junto de Courteney Cox como Gale Weathers e David Arquette como Dewey Riley, Campbell retorna ao papel da atormentada Sidney Prescott.

Há também um novo elenco de jovens para aumentar a lista de suspeitos e, ao mesmo tempo, crescer a contagem de corpos. Entre eles, Melissa Barrera, destaque do musical "Em um Bairro de Nova York" e Jack Quaid, da série "The Boys", além de Jenna Ortega, Dylan Minnette, Jasmin Savoy Brown, Sonia Ammar, Mikey Madison e Mason Gooding.

Como não poderia faltar, "Pânico" faz referência ao fenômeno do "terror elevado" ou "pós-terror" já nos primeiros minutos, lembrando títulos como "O Babadook", "Hereditário" e "A Bruxa" —obras em que o gênero serve de veículo para tratar de temas complexos, em vez de simplesmente provocar sustos. Um spoiler –Ghostface não gosta desses filmes.

Numa cena bastante autorreferente, os roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick também abordam o conceito de "requel", uma mistura de "reboot" e "sequel" —isto é, uma sequência que busca retomar elementos do original para dar nova vida à franquia, mas sem constituir uma refilmagem ou uma continuação linear do enredo.

Dessa forma, "Pânico" tem a tarefa ingrata de trazer os "personagens-legado" de volta à trama enquanto apresenta possíveis protagonistas que, caso sobrevivam à provação, podem dar início a toda uma nova sequência de filmes. Se parece um trabalho fácil, veja o desastre que acometeu "Star Wars".

Com quase duas horas de duração, "Pânico" é apressado, sem tempo suficiente para dar personalidade à maioria dos novos personagens ou para resolver os problemas do passado romântico entre Gale e Dewey. Por um breve diálogo, sabemos que Sidney se casou e teve filhos, mas mal temos um vislumbre de sua vida, de quem ela se tornou.

Apesar de a reviravolta ser bastante óbvia —há várias pistas que qualquer um que tenha visto o primeiro filme inúmeras vezes é capaz de desvendar—, a ação engata no final, e "Pânico" se torna, enfim, divertido. Só é uma pena o caminho até lá ser tão corrido e sem uma tensão maior.

Se em 2011, o assassino de "Pânico 4" buscava a celebridade midiática, o novo Ghostface almeja o infame "fan service" —dado que um dos filmes mais medíocres da Marvel segue dominando as bilheterias, o fandom tóxico será um monstro difícil de matar, tanto dentro como fora das telas.

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