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Extrema direita usa gramática religiosa em projeto de radicalização, diz Ronilso Pacheco

Teólogo discute nacionalismo cristão e afirma que relação da esquerda com evangélicos não pode ser extrativista

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Eduardo Sombini

Doutor em geografia pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

A Igreja foi uma peça fundamental do colonialismo europeu e da escravização de africanos, mas a espiritualidade cristã pode se comprometer com um projeto de emancipação.

Esse é o horizonte de "Teologia Negra: o Sopro Antirracista do Espírito" (Zahar), de Ronilso Pacheco, livro publicado em 2019 e relançado neste mês.

Para Pacheco, a teologia não deve continuar a ser vista como uma área de estudo puramente especulativa, sem contato com a realidade social. Em vez disso, ele defende que se considere que a teologia nasceu no deserto, referência à jornada de libertação narrada no Êxodo.

A religiosidade, nessa perspectiva, vem da experiência concreta da opressão e do sofrimento —e a teologia negra, além de ressaltar as raízes africanas de acontecimentos e personagens bíblicos, disputa a própria ideia de uma espiritualidade universal, desvinculada da história dos povos.

Retrato de Ronilso Pacheco, autor de 'Teologia Negra' - Divulgação

Pacheco, convidado deste episódio, é mestre em teologia pela Universidade Columbia, diretor do Iser (Instituto de Estudos da Religião), pastor auxiliar da Comunidade Batista e colunista do UOL. Na entrevista, ele afirma que a representação de Jesus como homem branco contribuiu para legitimar a escravidão e reverbera até hoje, por exemplo, na intolerância contra religiões de matriz africana.

O pesquisador discute os riscos do nacionalismo cristão, movimento de extrema direita que, em sua avaliação, usa uma gramática religiosa para subjugar a sociedade a um cristianismo conservador, e aborda as perspectivas de organização política nesse contexto.

É claro que o partido tem que ter projeto e estratégia, mas não dá para fazer com que isso seja uma relação extrativista da religião, da perspectiva do ser evangélico, mas as contribuições possíveis do ser evangélico para fortalecer a democracia. Acho que é preciso entender que a gente vivencia um processo de radicalização que tem pelo menos 15 anos e explode no contexto de Bolsonaro, o primeiro candidato que expressa publicamente ter um projeto de supremacia cristã no país e, por isso, agrega tanto na eleição de 2018, grande parte da liderança cristã conservadora. A gente vem passando por um processo de radicalização cada vez mais intenso

Ronilso Pacheco

pesquisador e autor de 'Teologia Negra'

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts e Spotify. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Marcelo Viana, diretor-geral do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), Ligia Diniz, autora de obra sobre as representações da masculinidade na ficção, Paolo Demuru, que discutiu o poder de sedução de narrativas conspiratórias, Camilo Rocha, autor de livro que registra a história da música eletrônica de São Paulo, Natalia Viana, que relembrou sua participação no WikiLeaks, Raquel Barreto, pesquisadora do pensamento de Lélia Gonzalez, Carlos Poggio, professor de relações internacionais que analisa como o Brasil moldou a influência dos EUA na América do Sul, Luís Fernando Tófoli, psiquiatra engajado em pesquisas sobre os efeitos da ayahuasca, Pedro Arantes, que defende que a esquerda se levante do conformismo, Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, Carlos Fico, historiador que pesquisa a ditadura e a intervenção de militares na política brasileira, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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