Brasil freou ação imperial dos EUA na América do Sul, diz Carlos Poggio

Professor diz que história do continente não se resume a maquinações de Washington e discute ascensão da China

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Doutor em geografia pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

Para entender como os Estados Unidos exercem seu poder no resto do continente, é preciso se afastar do conceito de América Latina.

Essa ideia é defendida por Carlos Gustavo Poggio em "O Império Ausente: Brasil, Estados Unidos e o Subsistema Sul-americano" (Vozes), resultado da sua tese de doutorado em relações internacionais defendida em 2011 na Universidade Old Dominion, na Virgínia.

Poggio, hoje professor no Berea College, no Kentucky, ressalta que o padrão de intervenção dos Estados Unidos nos últimos dois séculos foi muito diferente na região que abarca o México, a América Central e o Caribe e na América do Sul.

O pesquisador aponta que, na sua vizinhança mais imediata, os Estados Unidos consolidaram uma ação imperial mais nítida —com a desestabilização indireta de governos eleitos ou mesmo a invasão de países por tropas militares. Na América do Sul, por outro lado, o Brasil, pilar da estabilidade regional, afetou a equação de custos e benefícios de intervenções americanas mais severas.

Homem com cabelo escuro, barba grisalha usa camisa listrada preta e paletó preto
Retrato de Carlos Gustavo Poggio, autor de 'O Império Ausente' - Divulgação

Essa análise dá peso à política externa brasileira e refuta a ideia de que o país segue os ditames de Washington como um fantoche. O retrato que emerge, no entanto, pode ser ainda mais desabonador para o país, como no caso do envolvimento da ditadura militar brasileira no golpe contra Salvador Allende no Chile, em 1973, que Poggio discute nesta entrevista.

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Luís Fernando Tófoli, psiquiatra engajado em pesquisas sobre os efeitos da ayahuasca, Pedro Arantes, que defende que esquerda se levante do conformismo, Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, Carlos Fico, historiador que pesquisa a ditadura e a intervenção de militares na política brasileira, Fernando Pinheiro, sociólogo que discutiu como imagens de escritores se mesclam em seus livros, Guilherme Varella, para quem o Carnaval de rua é um direito, Christian Dunker, que se contrapõe à conceituação da psicanálise como pseudociência, Rodrigo Nunes, professor de filosofia que propõe pensar a política como ecologia, Betina Anton, autora de livro sobre os anos do médico nazista Josef Mengele no Brasil, Marcelo Medeiros, que discutiu a concentração de renda no país, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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