Música eletrônica combinou contracultura e elitização, diz Camilo Rocha

Para jornalista e DJ, clubes e raves marcaram história de São Paulo e ampliaram visibilidade de drags e pessoas LGBTQIA+

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Doutor em geografia pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

A história de São Paulo é entremeada com a história da cena de música eletrônica da cidade.

Camilo Rocha defende a ideia em "Bate-estaca" (Veneta), livro que registra as transformações da noite e da própria São Paulo desde o fim dos anos 1980, época em que DJs deixaram de ser figuras quase desconhecidas, gêneros como house e techno tomaram as pistas e o movimento clubber ganhou força na cidade.

O autor é, ao mesmo tempo, observador e participante da história que narra na obra: DJ e jornalista, Rocha acompanhou as mudanças dos sons e dos comportamentos na noite paulistana, as marcas da desigualdade de São Paulo nesse universo cultural e a explosão das raves nas proximidades da capital.

Também assistiu à hiperfragmentação e a elitização da música eletrônica que levaram à decadência da cena em São Paulo na metade dos anos 2000.

Homem branco com cabelo grisalho usa camisa branca e preta e tem um refletor ao fundo
Retrato de Camilo Rocha, autor de 'Bate-estaca' - Divulgação

Na entrevista, Rocha fala sobre os clubes underground que ajudaram a projetar drag queens ao mainstream da cultura brasileira e oferecer espaços de socialização a pessoas LGBTQIA+, apesar do conservadorismo e da homofobia, do papel do ecstasy na evolução do cenário eletrônico em São Paulo e das fricções entre utopias filiadas à contracultura e o impulso de sucesso comercial que permeiam essa história.

Essa massa de som, com tanta gente produzindo, acabam sendo mais importante que artistas individuais. Essa noção, especialmente no techno, foi muito forte nos anos 1990, o tecno sem rosto. Você entrar em uma festa e poder passar lá dez horas ouvindo uma música que seria basicamente ritmo, pouca melodia. O que você nota ali não é quem escreveu ou alguma personalidade por trás da música. É o que aquela música está criando naquele momento

Camilo Rocha

DJ e jornalista, autor de 'Bate-estaca'

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Natalia Viana, que relembrou sua participação no WikiLeaks, Raquel Barreto, pesquisadora do pensamento de Lélia Gonzalez, Carlos Poggio, professor de relações internacionais que analisa como o Brasil moldou a influência dos EUA na América do Sul, Luís Fernando Tófoli, psiquiatra engajado em pesquisas sobre os efeitos da ayahuasca, Pedro Arantes, que defende que a esquerda se levante do conformismo, Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, Carlos Fico, historiador que pesquisa a ditadura e a intervenção de militares na política brasileira, Fernando Pinheiro, sociólogo que discutiu como imagens de escritores se mesclam em seus livros, Guilherme Varella, para quem o Carnaval de rua é um direito, Christian Dunker, que se contrapõe à conceituação da psicanálise como pseudociência, Rodrigo Nunes, professor de filosofia que propõe pensar a política como ecologia, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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