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Fernández não chamará Venezuela de ditadura e deixará Grupo de Lima

Segundo alto funcionário da equipe de transição, presidente eleito seguirá modelo de líder mexicano

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Buenos Aires

Saem de cena as pomposas viagens internacionais, as visitas de grandes líderes mundiais e o afã de sediar cúpulas como as do G20 e a da Organização Mundial do Comércio que marcaram a gestão de Mauricio Macri.

A Argentina do presidente eleito, Alberto Fernández, que assume o cargo no próximo dia 10 de dezembro, vai se preocupar mais com o país das fronteiras para dentro, em um modelo parecido com o do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, segundo um alto funcionário da equipe de transição de Fernández.

O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, discursa em San Miguel de Tucumán - Agustin Marcarian - 29.out.19/Reuters

E é justamente para o México que o próximo mandatário argentino viaja nesta sexta-feira (1º), quando se encontrará com AMLO (como o líder do país é conhecido).

Além do plano de poucas viagens ao exterior, Fernández também imitará o mexicano em outras questões, como a relação com a Venezuela.

A Argentina, de acordo com essa fonte, deixará o Grupo de Lima —reunião de 14 países das Américas para discutir a crise no país caribenho—, não chamará Nicolás Maduro de ditador nem reconhecerá Juan Guaidó como presidente interino do país por ser líder da Assembleia Nacional opositora. 

O novo governo argentino reconhece os abusos de direitos humanos apontados no relatório da ONU realizado pela alta comissária Michelle Bachelet, mas apostará na saída da crise por meio do diálogo e da não-interferência.

No começo da semana, em resposta a uma mensagem de Maduro na qual o ditador parabeniza o peronista pela eleição, Fernández agradeceu escrevendo que a "América Latina deve trabalhar unida para superar a pobreza e a desigualdade de que padece". "A plena vigência da democracia é o caminho para alcançar isso."

Para o presidente eleito, as ações que a Argentina vinha tomando, como incentivar o Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca), acordo da Organização dos Estados Americanos que poderia autorizar uma ação militar na Venezuela, tinham potencial para levar a uma escalada que deixaria o país sem outra alternativa a não ser participar de uma intervenção —a pedido dos EUA ou capitaneada por eles.

Sobre as declarações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que criticou a vitória da chapa kirchnerista e anunciou que não parabenizaria o eleito, o entorno de Fernández diz que o argentino não está preocupado e que o comércio entre os países não será afetado por uma diferença ideológica.

Para a equipe de transição, os presidentes nunca se identificarão um com o outro, mas o discurso é de que a relação que importa não é a de Fernández e Bolsonaro, mas a de Brasil e Argentina. E que, por "inércia econômica", essa ligação sempre será forte.

No entanto, entre as prioridades econômicas do próximo governo argentino está a ideia de ativar travas protecionistas a alguns setores, o que contraria a linha de maior abertura do governo brasileiro.

A ideia de expulsar a Argentina do Mercosul, como chegou a sugerir Bolsonaro, não é levada a sério pela equipe do presidente eleito.

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