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China estará pronta para invadir Taiwan em 2025, diz governo da ilha

Para ministro da Defesa, prazo garante operação com custo aceitável para a ditadura

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São Paulo

A China terá capacidade de promover uma invasão total de Taiwan até 2025. Foi o que disse nesta quarta-feira (6) o ministro da Defesa da ilha que Pequim classifica como uma província rebelde, Chiu Kuo-cheng.

Ele fez o comentário no Parlamento do país, ao avaliar as megaincursões chinesas contra as defesas aéreas de Taiwan. De sexta (1º) a segunda, 149 aviões militares da ditadura comunista testaram o poder de reação de caças e sistemas da ilha ao se aproximarem de sua Zona de Identificação de Defesa Aérea.

Corveta de desenho furtivo ao radar da classe Tuo Jiang na base de Yilan, em Taiwan - Tyrone Siu 4.jun.2016/Reuters

Ainda que seja algo que ocorra diversas vezes por semana, nunca houve uma onda com tal intensidade, o que fez Taipei decretar alerta militar e levou os EUA a reiterarem seu compromisso de defender a ilha.

Segundo Chiu, os chineses já poderiam fazer um ataque em diversas frentes agora. "Mas eles têm de pensar no custo e na consequência de começar uma guerra", afirmou ele, ponderando que a situação pode ser mais aceitável em termos de riscos para Pequim em quatro anos.

"Nunca quisemos ter uma corrida armamentista [com os chineses], porque não temos condições para isso. É a situação mais dura que vi nos meus 40 anos de vida militar", completou, sobre as incursões.

A escalada militar encerra diversos fatores: simbolismo, já que é o período entre as datas nacionais dos dois países (1º de outubro para Pequim, dia 10 para Taipei), uma série de exercícios militares de aliados dos EUA nas proximidades e os esforços de Washington para montar alianças na região contra a China.

Mesmo a chegada do novo governo japonês entra na conta, e o gabinete de Fumio Kishida já sinalizou de forma inédita que pode tomar medidas concretas contra o cerco a Taiwan.

Enquanto isso, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial o Japão viu pouso e decolagem de aviões, F-35 americanos, de um navio seu, o porta-helicópteros Izumo. Tóquio encomendou 42 caças do modelo.

Além disso, a atividade custa caro aos taiwaneses: em média, segundo o Ministério da Defesa da ilha, cada incursão mobiliza cerca de R$ 5,5 milhões em recursos com a decolagem de caças e o acionamento de defesas. Isso fora o estresse constante de pilotos e operadores de baterias de mísseis.

Taiwan tem buscado se fortalecer, tendo apresentado um orçamento militar de R$ 92 bilhões para 2022, com aumentos expressivos para ações de defesa aérea e compra de sistemas navais.

Em número brutos, é cerca de um décimo do gasto chinês, e as capacidades são incomparáveis: Pequim é a terceira potência nuclear do planeta, para começar, atrás de EUA e Rússia.

Mas as vantagens são relativas. "Apenas 10% da costa de Taiwan possibilita desembarque anfíbio. Não importa quantas tropas, armas e suprimentos a China possa concentrar do outro lado do estreito", disse o analista Philip Orchard, da consultoria americana Geopolitical Futures.

"Para invadir, a China tem de colocar o grosso de suas forças em barcos, fazer uma viagem de oito horas para dentro das defesas bem feitas e bem abastecidas de Taiwan. Mesmo sob uma barragem de mísseis de Fujian [a província chinesa do outro lado do mar], de surpresa, Taiwan pode extrair uma alta taxa de atrito dos chineses."

Por taxa de atrito, leia-se mortos, feridos e perdas materiais. Além disso, há o inevitável: se Pequim tem como política absorver pacificamente Taiwan a seu território, tem de ganhar corações e mentes. Não será com uma guerra devastadora que fará isso se governar a ilha.

O que não significa que não possa acontecer, dada a intensidade de treinos chineses para tal. Analistas especulam que a paciência do líder Xi Jinping pode acabar nos próximos anos, como ocorreu em Hong Kong, e aí o cálculo terá de incluir o grau de comprometimento dos EUA e de aliados com Taipei.

No discurso, é total, como deve ter repetido o assessor de segurança nacional americano, Jake Sullivan, a seu homólogo chinês, Yang Jiechi, em um encontro em Zurique nesta quarta. Ao menos não havia expectativa de ameaças e vozes levantadas, como na reunião passada, em março, no Alasca.

Mas o risco de engajar as duas maiores potências econômicas do mundo, armadas com bombas nucleares e vivendo sua Guerra Fria 2.0, em um conflito aberto torna a empreitada imponderável de ambos os lados. Enquanto isso, Taiwan tem trabalhado para melhorar suas defesas com mísseis antinavio, drones de ataque, baterias de mísseis costeiras e corvetas furtivas ao radar.

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